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Califórnia propõe regulamentação para bots nas redes sociais

Atacado por contas automáticas nas redes sociais, deputado propõe legislação que pede que robôs se identifiquem; para especialistas, ideia é boa, mas execução é falha

16 jul 2018 - 13h44
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O ódio de Robert M. Hertzberg por bots usados em redes sociais é pessoal.

Senador do Estado da Califórnia, no ano passado o democrata Hertzberg se viu vítima de ataques de contas "automáticas" no Twitter e no Facebook, depois que propôs uma mudança na regulação sobre como fianças funcionam no Estado. Hoje, ele está disputando a reeleição e seu principal rival é justamente um agente responsável por fianças.

"Eles têm centenas de bots trabalhando ativamente para criar a falsa impressão de que o povo está contra mim", disse o político numa entrevista recente. Logo após dizer isso, diversos tuítes apareceram em resposta a ele, dizendo que "uma reforma inconstitucional da fiança não funciona e é racista."

Isso fez com que ele tentasse resolver o problema com uma nova lei - a primeira de seu tipo nos Estados Unidos: a proposta de que contas automáticas identifiquem-se nas redes sociais como "bots". Em outras palavras, uma divisão que mostre que pessoas são pessoas e robôs são, bem, robôs. É uma boa ideia: eles só são efetivos porque parecem convincentes o suficientes como seres humanos.

Dependendo de como você os define, os bots estão na internet desde que ela existe. Sua presença online quase sempre foi considerada benéfica, até 2016. Há dois anos, eles se tornaram um fator complicado na opinião pública online, sendo constantemente usados para explicar como Donald Trump se elegeu à Casa Branca. De lá para cá, os bots se tornaram uma arma viral que pode influenciar opiniões políticas, enganar anunciantes ou conseguir que hashtags se tornem virais. Além disso, são o sangue vital de muitos influenciadores digitais.

Há duas semanas, o Twitter anunciou que removeria 70 milhões de contas suspeitas para desinflar o número de seguidores de usuários que contratavam bots para mostrarem que são influentes nas redes. A empresa disse ainda que estava "trancando" 10 milhões de contas suspeitas por semana, além de remover várias por violações de políticas anti-spam.

Apesar disso, bots são fáceis de fazer e usados em larga escala. As redes sociais não têm obrigação de se livrar deles. Uma lei que desencoraje seu uso pode ajudar, mas especialistas dizem que não necessariamente a proposta de Hertzberg funcionará. Para começar, como os bots deveriam se identificar? Em cada post no Facebook? Na sua descrição do Instagram? Ou nos seus nomes de usuário no Twitter?

A proposta, que já passou pelo Senado estadual e agora vai para a Assembléia local, também não obriga as empresas a seguir a legislação. Além disso, é difícil dizer se uma lei estadual pode se aplicar a uma internet global.

Oren Etzioni, diretor executivo do Allen Institute for Artificial Intelligence, aplaudiu o espírito por trás da lei. "É uma legislação disruptiva", disse. "Estamos em um momento onde o tecido da realidade pode ser alterado rapidamente. No entanto, é preciso ter cuidado: não podemos escrever uma lei errada e ter consequências inesperadas."

Para Jeremy Gillula, especialista da Electronic Frontier Foundation, organização dedicada a defender os direitos civis na internet, a lei é exagerada. "É como tentar curar a gripe com quimioterapia. Não só não vai resolver o problema, como causar uma série de efeitos colaterais."

Segundo legisladores de ambos os partidos americanos ouvidos para esta matéria, há um consenso de que é difícil criar leis efetivas para lidar com problemas online. Como a tecnologia anda mais rápido que a política, é difícil acompanhar o ritmo.

Além disso, há que se considerar o entendimento, nem sempre claro, dos congressistas sobre tecnologia e inovação. Para completar, como demonstra o Twitter, as empresas de tecnologia têm o poder para mudar as dinâmicas de suas plataformas, na escala necessária. Fazer isso por uma lei pode levar tempo. E a lei sempre corre o risco de ser inexata.

Estadão
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