Câmeras policiais dependem de certas condições para filmar, diz fabricante
Empresa de tecnologia responsável pelos equipamentos quer expandir atuação na segurança pública dentro dos próximos cinco anos
A Axon, empresa responsável pelas câmeras usadas nos uniformes da Polícia Militar do Estado de São Paulo, acredita que o Brasil deve adotar cada vez mais tecnologia no ramo da segurança pública nos próximos anos.
Em evento com jornalistas nesta segunda-feira (12), o gerente de contas sênior da empresa, Arthur Bernardes do Amaral, afirmou que a câmera corporal, carro chefe da companhia, vai deixar de ser novidade e se tornar rotina no futuro próximo. "É o novo rádio”, diz.
O estado de São Paulo começou a usar, em junho de 2021, um conjunto de câmeras de monitoramento em uniformes de policiais militares. Desde então, o estado também passou a contar com tasers inteligentes e um sistema responsável por integrar ambas as tecnologias.
A cidade de São Paulo só está atrás de Nova York e Londres no emprego das câmeras corporais nos policiais, contabilizando mais de 10 mil aparelhos em uso. No Brasil, a administração pública do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e a equipe de segurança do Senado Federal também usam tecnologias da mesma empresa.
Como funcionam as câmeras nas fardas policiais
Um dos principais questionamentos levantados sobre esta política pública é de que uma câmera filmando todos os momentos do dia poderia invadir a privacidade dos policiais e até acabar dificultando seu trabalho. Mas em vez de uma filmagem ininterrupta, o sistema é operado a partir de rotinas e gatilhos que iniciam e cessam as filmagens.
Os policiais devem ligar o aparelho e colocá-lo em modo “stand by” assim que começam o deslocamento para atender alguma ocorrência. Ele pode ser desligado pelo PM em determinados momentos se julgarem o seu uso desnecessário. Mas, para isso, devem registrar uma justificativa no sistema.
No modo stand by, a câmera filma sem registrar áudio, mas, no momento em que o policial aciona o botão de gravação, a captura do áudio recolhe informações de até 1 minuto e 30 segundos antes.
Quando o taser usado pelos policiais (desenvolvido pela mesma companhia) é sacado, por exemplo, a câmera acoplada em sua farda automaticamente começa a transmitir imagens em tempo real para uma central de monitoramento. O movimento pressupõe que alguma situação de interesse policial esteja acontecendo naquele momento.
Por meio da tecnologia 4G, as imagens vão para um sistema que, além de receber os registros, armazena dados sobre o uso e acionamento de ambos os equipamentos. Ele documenta frequência, localização, responsáveis e até mesmo quem acessa os arquivos após o ocorrido.
Para que as imagens tenham validade jurídica, a Axon emprega uma série de protocolos legais, sendo um deles uma cadeia de custódia que protege os arquivos contra acessos indevidos e violações de conteúdo. Quem define os detalhes finais nas políticas de funcionamento da tecnologia, entretanto, é o próprio cliente. Portanto, a companhia diz não interferir em processos relacionados ao uso das imagens captadas.
Outras tecnologias de segurança
Além do taser inteligente e da câmera corporal, a Axon conta com algumas tecnologias que pretende emplacar no Brasil no futuro próximo.Uma delas é a câmera de monitoramento instalada dentro de viaturas, que permite reconhecer e integrar placas ao sistema da empresa de maneira automática.
A empresa também já tem no portfólio um sensor de coldre que detecta quando os policiais sacam suas armas e drones. Estes últimos são considerados a aposta da empresa no curto prazo, pois permitem monotoramento em lugares de difícil acesso para viaturas e motos.
A Axon também conta com um kit de realidade virtual que simula diversos tipos de abordagens, podendo ser usado durante treinamentos.