Estudante expõe prótese sensorial para deficientes visuais
Usado como cinturão em volta do corpo do usuário, equipamento reconhece obstáculos e ajuda a impedir acidentes causados por esbarrões
Um projeto que traz mais independência para a vida de deficientes visuais faz parte dos trabalhos expostos na Campus Party, feira de tecnologia, inovação e empreendedorismo, que ocorre até domingo (31) no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na capital paulista. A prótese sensorial, usada como um cinturão em volta do corpo do usuário, reconhece obstáculos e ajuda a impedir acidentes causados por esbarrões.
O protótipo usado em volta da cintura tem um sensor infravermelho acoplado que captura o espaço ao redor, permitindo que o deficiente possa reconhecer o mundo à sua volta. Essa função criada para o aparelho está em formato open source, ou seja, desenvolvido em código aberto para receber contribuições.
O objetivo principal é evitar esbarrões que possam levar a acidentes mais graves. “Com a bengala, os deficientes não conseguem identificar obstáculos acima da cintura, isso é um problema muito sério, eles sofrem constantemente com lesões, podem se machucar”, disse Thiago Brito de Melo, estudante do último ano de engenharia mecatrônica no colégio Mackenzie, autor do projeto.
Vibração
Segundo Thiago, o cinturão alerta sobre obstáculos por meio de vibração, preservando a audição, um sentido muito importante e usado de forma mais apurada pelos deficientes.
Ele explicou que a prótese pode ir ainda mais além do reconhecimento de obstáculos, com o uso de softwares e aplicativos diferentes, servido de reconhecimento facial para identificar pessoas ao redor, ajudar na identificação de cores ou servir como GPS (localizador).
A ideia é adicionar um “ponto” no ouvido do usuário para essas outras funções. O sensor capturaria, por exemplo, o rosto de pessoas ao redor e comunicaria seus nomes por meio de áudio ao deficiente visual. “Você consegue oferecer a ele a habilidade de ter a iniciativa de conversa, de conseguir abordar seus amigos”, disse o autor do projeto.
Outra ideia é inserir uma câmera no cinturão para ajudar a detectar cores predominantes de uma roupa, função útil na hora de se vestir. “E se ele for comprar uma roupa sem orientação, pode sair da loja com uma calça amarela e uma blusa rosa. A não ser que ele tenha um gosto específico, ele pode comprar a roupa errada”, brincou o futuro engenheiro.
O reconhecimento de cor poderia ser usado ainda para identificar as notas de dinheiro, pois cada uma tem uma cor diferente.
Valor
O custo da prótese varia de R$1 mil a R$ 2 mil. O cinturão pesa aproximadamente 1,5 quilo (Kg), mas pode ser aprimorado se vier a ser comercializado. Segundo Thiago, o projeto é simples e tem baixo custo para ser implementado. “Essa ideia surgiu pela indignação. Eu vi que já existe a tecnologia, que é barata, e ninguém faz nada para usá-la."