Caso Ypê: Como detergente pode ficar "contaminado"
A empresa informa que não há riscos à saúde ou segurança dos consumidores
A Anvisa suspendeu a venda e distribuição de determinados lotes do detergente Ypê por conta de risco de contaminação biológica. A Química Amparo, a fabricante do produto, informou que os produtos não apresentam ameaça à saúde.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a venda e distribuição de determinados lotes do detergente Ypê, por conta de risco de contaminação biológica. A medida foi divulgada no Diário Oficial da União, publicado na última terça-feira (7).
A Química Amparo, a fabricante do detergente, informou que os produtos dos lotes indicados para o recolhimento não apresentam ameaças à saúde. A Anvisa revelou que o recolhimento do produto foi feito de forma voluntária, sem especificar a data.
Em nota, a empresa explica que houve uma mudança no odor tradicional dos produtos, e que apesar de não apresentar riscos à saúde ou segurança do consumidor, há casos perceptíveis ao olfato.
O motivo foi um "desvio" durante a análise de monitoramento da produção, apontando um potencial risco de contaminação microbiológica.
De acordo com a Rebeca Bacani, pesquisadora e doutora em Física pela Universidade de São Paulo (USP), todos os produtos químicos têm uma receita para torná-los estáveis, para que não haja separação de ingredientes, que esteja sempre na mesma textura e com mesmo cheiro.
Baseado no que a Química Amparo informou, Rebeca pontua que alguma coisa deve ter desbalanceado esse lote de produtos, os tornando inadequados para comercialização. Não há como saber ao certo o que foi, pois a companhia não divulgou o problema específico.
"Por exemplo, a água [na receita do produto] não passou pelo controle de qualidade ou alguma coisa deve ter desbalanceado a receita para que possa aparecer a contaminação microbiológica. Aconteceu alguma coisa na receita desses lotes que abriu essa possibilidade", disse.
Fora um possível desbalanceamento dos ingredientes, Rebeca ressalta que outras formas de contaminação podem vir diretamente da matéria-prima utilizada nos produtos, e por algum motivo, passar pelo controle de qualidade da fabricante.
Os produtos recolhidos foram fabricados entre julho, agosto, setembro, novembro e dezembro de 2022, com lote final 1 e 3. Os números específicos dos produtos estão na publicação do Diário Oficial da União.
Confira a nota completa da Química Amparo:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Química Amparo informa que os lotes de lava louças, objeto da ação voluntária de recolhimento informada pela Anvisa, haviam sido rastreados pelo controle de qualidade da empresa, que iniciou o recolhimento dos itens há mais de um mês, conforme plano previamente submetido à agência reguladora.
Após uma rigorosa análise interna identificou-se, em alguns lotes específicos, a possibilidade de descaracterização em seu odor tradicional, sem risco à saúde ou segurança do consumidor, porém, em alguns casos perceptível ao olfato.
Importante destacar que não há proibição de comercialização do produto e sim o bloqueio e recolhimento exclusivamente dos lotes específicos indicados na ação voluntária proposta pela própria empresa.
Além disso, a empresa reforça que a segurança, a qualidade de seus produtos e a atenção aos clientes e consumidores são prioridades desde sua fundação, há mais de 70 anos.