As novidades (e críticas) do iPhone X, aposta da Apple para o futuro dos celulares
Aparelho eliminou o botão "home" e usa tecnologia de reconhecimento facial para ser desbloqueado; pré-vendas começam no final de outubro nos EUA, e modelo mais barato vai custar US$ 999.
O novo iPhone X eliminou o botão "home". Para desbloqueá-lo, a câmera frontal do aparelho vai mapear o rosto do usuário identificando 30 mil pontos, que serão transformados num código matemático. Você pode mudar o penteado, colocar óculos e até envelhecer. Ainda assim, garantem os criadores, o sistema de reconhecimento facial vai funcionar.
Aposta da Apple para o futuro, o IPhone X foi apresentado nesta terça-feira na Califórnia. O aparelho exibe, de ponta a ponta, uma tela sem botões e que conta com a tecnologia OLED (sigla em inglês de Organic Light-Emitting Diodes, ou diodo emissor de luz orgânico). Feito em aço e cristal, vai ser vendido nas cores cinza e prata e é resistente a respingos, água e poeira, segundo o fabricante.
A pré-venda do X, que se pronuncia "dez" assim como o algarismo romano e o número de anos desde que foi lançado o primeiro iPhone, começa em 27 de outubro, e a previsão de lançamento é para 3 de novembro - porém apenas nos EUA e alguns outros países, grupo que não inclui o Brasil.
Além do reconhecimento facial, que representa uma evolução do ID Touch, o display do X não tem bordas, mas traz uma câmara frontal de 7 megapixels, com estabilização automática e modo retrato para selfies.
O iPhone X roubou a cena na apresentação desta terça da Apple. Além dele, foram mostrados o novo relógio Apple Watch Series 3, a Apple TV 4k e os celulares iPhone 8 e iPhone 8 Plus, estes dois últimos também resistentes a água e pó, de acordo com a empresa.
Mais caro
O modelo mais básico do iPhone X, de 64 GB, vai custar US$ 999 (cerca de R$ 3,1 mil) nos EUA. O modelo de 256 GB, por sua vez, US$ 1.149 (R$ 3,5 mil).
O X vai custar mais caro que, por exemplo, um modelo similar de 64 GB do Note 8, da Samsung, que custa US$ 930.
O especialista Neil Mawston, da consultoria Strategy Analytics, classifica como "lendária" a habilidade que a Apple tem de fazer com que os consumidores gastem mais com seus aparelhos.
Segundo ele, a companhia sempre quis vender um aparelho por US$ 1 mil. "Temos visto como os preços estão subindo ano após ano, e existe muita pressão dos acionistas", observa.
"Pode haver um elemento de alta de preços para controlar a demanda e gerar um equilíbrio em relação à quantidade de celulares que podem produzir", avalia Mawston.
A tela do iPhone X exibe tecnologia OLED Super Retina, que promete contraste e saturação de cores e tons escuros mais reais, além de economizar bateria se comparada com os displays das telas de retina das gerações anteriores.
A LG e a Samsung já usam tecnologia similar em seus aparelhos.
"O iPhone X é um investimento de longa data da Apple que estabelece um padrão para as próximas gerações do aparelho", observa Geoff Blaber, da consultoria em tecnologia CCS Insight. Para ele, o desafio é garantir peças suficientes para o novo produto.
Receio
A Apple reconhece que os usuários podem estar apreensivos sobre como usar o reconhecimento facial para desbloquear o aparelho e conferir compras feitas pelo telefone.
Para driblar uma possível resistência, a empresa diz que o reconhecimento facial é mais seguro que o uso da digital. Argumenta que a possibilidade de outra pessoa "roubar" a identidade do usuário é uma em um milhão.
A tecnologia de identificação será feita por meio de uma câmara de profundidade e de um chip biônico. A Apple garante, por exemplo, que o sistema foi projetado para evitar o uso de fotos ou máscaras para ativar o aparelho.
Ainda não se sabe, contudo, se a tecnologia vai funcionar de forma eficiente.
Durante a apresentação na Califórnia, por exemplo, o sistema não funcionou de primeira para Craig Federigh, chefe de software da Apple que mostrava o novo modelo. Apareceu para ele aquela tela na qual é preciso digitar o código de acesso para desbloquear o aparelho.
Críticas
Alguns especialistas criticaram o fato de o telefone não ter mantido o uso da digital como segunda opção.
"Esse é o maior obstáculo que se tem agora", observa Carolina Milanesi, da Creative Strategies. "Muita gente vai ficar receosa de usar esse reconhecimento facial se não ficar provado que é seguro", complementa.
Para o especialista em tecnologia da BBC, Dave Lee, o X é o grande salto que os seguidores de iPhone e o mercado financeiro queriam, apesar de o novo produto trazer características já esperadas como o reconhecimento facial e os emojis animados, mais divertidos para interagir.
As novidades fazem o modelo ser o mais caro a história, observa o especialista.
Segundo Lee, a Apple era criticada por demorar a incorporar novas tecnologias em seus produtos. "Creio que essa visão vai continuar", observa.
Ele salienta que o novo produto incorpora a função de carregar o celular sem a necessidade de usar fios anos depois de a Samsung ter adotado a tecnologia.
"O visual - que não inclui mais o icônico o botão 'home' - surpreendentemente se parece com o da versão mais recente do Galaxy Note", avalia.
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