Meu celular pode explodir a qualquer momento? Conheça principais causas e saiba como prevenir
Acidentes recentes preocuparam, e diversos fatores podem influenciar no problema
Esta semana, dois casos de explosões de celulares ganharam repercussão em todo o País. Em Anápolis (GO), um aparelho explodiu no bolso da calça de uma mulher enquanto ela fazia compras. Em Guarapari (ES), o caso aconteceu com uma passageira dentro de um ônibus.
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Esses episódios, apesar de isolados, preocupam e trazem questionamentos. Afinal, pode acontecer comigo a qualquer momento? Por que os celulares explodem? O Terra conversou com um especialista para saber.
O engenheiro eletricista Clebson Sabino Luz, formado pelo Centro Universitário FEI, em São Paulo, explica que a principal causa de explosões é o superaquecimento da bateria, que pode ser provocado por defeitos de fabricação, fatores externos, como exposição a altas temperaturas, e má utilização do aparelho.
"Mexer no celular durante o carregamento, deixá-lo em locais fechados e submetê-lo a quedas podem aumentar os riscos", alerta.
As baterias de íon de lítio, embora amplamente utilizadas, têm riscos inerentes, como curto-circuito, superaquecimento, incêndios e explosões. No entanto, elas contam com sistemas de segurança, como o Battery Management System (BMS), que ajudam a prevenir esses problemas.
"Os fabricantes realizam testes rígidos para garantir a segurança das baterias, incluindo exposição a temperaturas extremas e testes de descarga elétrica", explica Luz.
Sinais de alerta e prevenção
Usuários podem identificar possíveis problemas na bateria observando alguns sinais. "Se o celular está muito quente durante o carregamento, apresenta odor de queimado ou está 'inchado', é um indício de que algo pode estar errado", afirma o engenheiro.
Para evitar riscos, ele recomenda adquirir aparelhos originais e de qualidade, não expor o dispositivo a altas temperaturas, evitar usá-lo enquanto carrega e não deixá-lo conectado à tomada por longos períodos.
Perigos dos carregadores falsificados
Um dos erros comuns cometidos pelos consumidores é o uso de carregadores e cabos não originais. Segundo Luz, esses produtos não passam pelos mesmos testes de segurança e podem aumentar significativamente o risco de superaquecimento e explosão. "Não é possível garantir que carregadores falsificados cumpram os requisitos de segurança, tornando-se uma ameaça para o usuário", ressalta.
Normas internacionais e falhas de design
As baterias de celulares são regulamentadas por normas internacionais, como as da International Electrotechnical Commission (IEC) e da Underwriters Laboratories (UL), que estabelecem padrões de segurança.
Mesmo assim, modelos específicos já registraram explosões devido a falhas de design. "Casos recentes mostraram que problemas de projeto podem ser responsáveis por essas ocorrências, conforme admitido pelas próprias fabricantes", comenta Luz.
Anatel comenta
Em nota, a Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações, órgão que regula e fiscaliza os serviços de telecomunicações no Brasil, afirmou:
Aparelhos celulares, carregadores e baterias certificados passam por uma série de testes de segurança antes de chegarem às mãos do consumidor para que o produto seja o mais confiável possível. A certificação dos aparelhos e seus acessórios, como baterias e carregadores, é realizada após a comprovação de cumprimento de uma série de requisitos técnicos.
São verificados aspectos relacionados:
- À proteção à saúde, como o limite da emissão de radiação não ionizante
- À segurança, como a resistência contra superaquecimento e vazamentos tóxicos, e
- À compatibilidade com a rede de telecomunicações do País.
Ou seja, tais equipamentos e acessórios são submetidos pelo fabricante a uma entidade designada pela Anatel para a realização de testes e recebem um selo de certificação que permite o seu uso na rede de telefonia móvel no Brasil. Esses testes garantem a compatibilidade dos aparelhos com as redes de telefonia celular brasileiras, a qualidade dos serviços e a segurança do usuário, segundo os requisitos estabelecidos pela Anatel, além de condições de garantia e assistência técnica.
Quando o certificado de qualidade é homologado pela Agência, o produto pode receber o “Selo Anatel”.
É especialmente importante estar atento a carregadores de celular, que são amplamente falsificados e vendidos sem certificação. Carregadores piratas, ao contrário dos homologados, muitas vezes não possuem os mecanismos básicos de segurança contra aquecimento excessivo, sobrecarga e proteção contra curto-circuito. Isso pode resultar em superaquecimento do aparelho, riscos de explosão, choques elétricos ou até mesmo incêndio, colocando em perigo a segurança do usuário e de quem está ao redor, podendo ser fatais.
A certificação e homologação garantem ao consumidor a aquisição e o uso de produtos para telecomunicações que respeitam padrões de qualidade, de segurança e de funcionalidades técnicas regulamentadas que visam o uso eficiente e racional do espectro radioelétrico, da compatibilidade eletromagnética e da não agressão ao meio ambiente.
O Regulamento de Avaliação da Conformidade e de Homologação de Produtos para Telecomunicações, aprovado pela Resolução nº 715, de 23 de outubro de 2019, estabelece que a emissão do documento de homologação é pré-requisito obrigatório para fins de comercialização e utilização de produtos para telecomunicações no Brasil.
A Anatel realiza um intenso trabalho de combate à comercialização de equipamentos não homologados por meio da cooperação com diversos órgãos da estrutura governamental. Uma das ações é o Despacho Decisório nº 5657/2024/ORCN/SOR, que trata da cautelar para o combate ao comércio de telefones celulares não homologados nos marketplaces. Neste despacho, a Anatel estabeleceu medidas aos sites de comércio eletrônico (marketplaces) para evitar a publicação de anúncios de telefones celulares sem a devida certificação. O descumprimento dessas medidas pode resultar ao site, multas diárias que podem chegar ao valor de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais).
A Anatel também disponibiliza diversas informações sobre as suas ações de combate à pirataria por meio do site do Plano de Ação de Combate à Pirataria (disponível em Plano de Ação de Combate à Pirataria — Agência Nacional de Telecomunicações (www.gov.br). Todas essas ações são resultados dos trabalhos conjuntos realizados com diversos órgãos do governo como, por exemplo, a Receita Federal do Brasil e a Polícia Rodoviária Federal.