CEO da Kaspersky diz que antivírus também copiou arquivos de clientes
Eugene Kaspersky, presidente-executivo da Kaspersky Lab, disse que o software antivírus da empresa copiou arquivos que não ameaçavam os computadores pessoais dos clientes, uma prática incomum na indústria que poderia aumentar as suspeitas de que a empresa de Moscou ajuda espiões russos.
O reconhecimento, feito em uma entrevista nesta sexta-feira como parte da Reuters Cyber Security Summit, acontece dias após a empresa afirmar que seu software copiou um arquivo contendo ferramentas de hacking da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) do computador doméstico de um funcionário de agência em 2014.
A Kaspersky enfrenta há anos suspeitas de ligações com inteligência russa e hackers patrocinados pelo país. A empresa nega qualquer cooperação com as autoridades russas além do combate ao crime cibernético.
Em setembro, o Departamento de Segurança Interna dos EUA proibiu o uso do software da Kaspersky em escritórios federais, citando os laços da empresa com a inteligência russa. A empresa é alvo de investigação do FBI, disseram fontes à Reuters.
O antivírus é projetado para mergulhar profundamente em sistemas de computador e ter amplo acesso a conteúdos, mas normalmente procura e destrói apenas arquivos que contêm vírus ou que ameaçam os computadores de um cliente, deixando todos os outros arquivos intactos.
Na entrevista à Reuters, realizada nos escritórios da Kaspersky Lab em Moscou, Eugene Kaspersky disse que as ferramentas da NSA foram copiadas porque faziam parte de um arquivo maior que havia sido automaticamente sinalizado como malicioso.
Ele disse que o software removido do computador do empregado da agência incluiu uma ferramenta que os pesquisadores chamam de GrayFish, que a empresa definiu como o software mais complexo que já viu por corromper o processo de inicialização do sistema operacional Windows, da Microsoft.
A Kaspersky disse que ordenou que o arquivo fosse excluído "em dias" porque continha segredos do governo norte-americano.
Mas o executivo defendeu uma prática mais ampla de remover arquivos de máquinas de pessoas que a empresa acredita serem hackers como parte do combate ao crime cibernético.