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Chinesa DeepSeek revoluciona IA com chatbot acessível e desafia Google e OpenAI

Startup superou big techs em downloads na Apple e criou temor no mercado sobre fim do domínio global das empresas americanas de tecnologia

27 jan 2025 - 12h04
(atualizado às 13h58)
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Os mercados acionários dos EUA amanheceram, nesta segunda-feira, assustados por um nome até então pouco conhecido: DeepSeek. A empresa chinesa desenvolveu um chatbot de inteligência artificial (IA) que rivaliza com o ChatGPT, apesar das restrições ao acesso de chips americanos. O sucesso da startup desafia o modelo de negócios das gigantes ocidentais, com custos na casa dos milhões, e deflagra uma liquidação em Wall Street que impõe perdas de mais de US$ 1 trilhão aos papéis de techs.

Os números dão a dimensão do desafio: a companhia precisou de menos de US$ 6 milhões para treinar o modelo R1, que ajudou a DeepSeek a alcançar o topo dos aplicativos mais baixados na Apple Store dos EUA. Para efeito de comparação, a Meta avisou, na semana passada, que investirá mais de US$ 65 bilhões para avançar com IA este ano. É um "dos mais incríveis e impressionantes" avanços já vistos no segmento, nas palavras do megainvestidor de techs Marc Andreessen.

O salto impressiona ainda mais quando se considera as pesadas restrições que empresas chinesas enfrentam para a obtenção de tecnologia americana. O governo do ex-presidente Joe Biden adotou uma série de sanções para travar a concorrência chinesa. A notícia de hoje indica que as medidas podem não ter sido suficientes.

Tudo isso "deixou o mundo da IA em choque", segundo o desenvolvedor de IA da Dropbox, Morgan Brown. "OpenAI e outras gastam mais de US$ 100 milhões (R$ 593 milhões) apenas em computação. Chega a DeepSeek e diz: 'e se fizéssemos isso por US$ 5 milhões (R$ 33 milhões)?'", escreveu, em publicação no X na qual lista uma série de inovações do novo modelo. Na semana passada, a OpenAI e a Oracle também se comprometeram a investir bilhões de dólares na iniciativa Stargate para impulsionar o setor de IA nos EUA.

Nas mesas de operações, o episódio põe em xeque a vertiginosa escalada que catapultou os principais players do Vale do Silício desde o ano passado. Os paralelos com a bolha da internet já eram frequentemente citados pelos mais pessimistas, diante das crescentes valuations (valor) de ações ligadas à IA. Ainda é cedo para saber se o cenário atual será tão dramático quanto o do começo do século, mas analistas veem espaço para correção.

"A retração subsequente no mercado de ações ilustra até que ponto a angústia dos investidores está agora focada na questão - também conversa com a ideia de que os valores das ações foram esticados e o desempenho bom do mercado de ações já deveria ter sofrido uma retração, se não uma correção total", resume o estrategista Ian Lyngen, do BMO Capital Markets.

A Nvidia, a "queridinha" de investidores nesta era de IA, simboliza a situação. Conforme define o estrategista Jim Reid, do Deutsche Bank, a empresa foi promovida da "relativa obscuridade" para uma das mais lucrativas do mundo em apenas quatro anos - com lucro de cerca de US$ 4 bilhões em 2021 para US$ 63 bilhões no terceiro trimestre do ano passado, em base anual.

O problema, diz Reid, é que a indústria da inteligência artificial está em estágios embrionários. Por isso, é praticamente impossível saber como o panorama de concorrência se desenhará, nem quais serão as eventuais campeãs na corrida pela tecnologia. "A ascensão estratosférica do DeepSeek é um lembrete disso", avalia.

Não à toa, a ação da Nvidia é uma das mais punidas nesta segunda-feira, 27, com perdas na casa dos dois dígitos. A DeepSeek disse ter usado apenas cerca de 2 mil chips especializados da Nvidia para desenvolver o chatbot, comparado com os 16 mil necessários para a criação dos rivais, segundo o The New York Times.

O CEO da Tesla, Elon Musk, questiona esses números. De qualquer forma, o contraponto levanta questões desconfortáveis para as maiores empresas americanas, afirma o estrategista-chefe de mercados da Corpay, Karl Schamotta.

Seria exagerado garantir que o caso abre um período de significativa correção dos mercados acionários. Em agosto do ano passado, as bolsas de Nova York chegaram a amargar um tombo semelhante ao desta segunda-feira, 27, antes de se recuperarem para recordes pouco tempo depois.

"Indicador buffet"

Mesmo assim, Schamotta destaca que a proporção valor de mercado para Produto Interno Bruto (PIB), conhecida como "indicador buffet", está em níveis superiores aos da crise financeira global de 2008 e até da depressão de 1929. "Isso sugere que os investidores podem estar excessivamente inclinados a apostar no excepcionalismo contínuo dos EUA na inteligência artificial", ressalta o estrategista.

Para o Jefferies, o caso é até mais preocupante que o noticiário sobre protecionismo comercial dos EUA. No final de semana, ameaças recíprocas de imposição de tarifas entre Estados Unidos e Colômbia alimentaram as incertezas, mas ambos recuaram. A questão da DeepSeek, por outro lado, é mais séria porque ameaça o modelo de IA baseado em computação avançada e uso de extensivo de energia, segundo o banco de investimentos.

Na contramão, o analistas Dan Ives, da Wedbush Securities, avalia que a liquidação representa uma nova oportunidade de compra de techs. No entendimento dele, as empresas chinesas ainda estão bem atrás das americanas no que diz respeito a tecnologias-chave para a IA. "(A DeepSeek) é ameaça mínima para a revolução da IA", avalia.

IA de Trump

A movimentação ocorre num momento em que gigantes da tecnologia, como Meta, Microsoft e outros, se preparam para apresentar seus últimos lucros trimestrais esta semana e depois de Donald Trump prometer acelerar a produção de IA feita nos Estados Unidos para competir com a China pela liderança global na tecnologia.

Na quinta-feira, 23, ele assinou uma ordem executiva com o objetivo de "remover barreiras" ao desenvolvimento da inteligência artificial. Enquanto o governo dos EUA trabalha para manter a liderança do país na corrida da IA, ele está tentando limitar o número de chips poderosos, como os feitos pela Nvidia, que podem ser vendidos para a China e outros rivais.

Adesão

A Aurora Mobile Limited, maior provedora de tecnologia big data da China, aderiu ao DeepSeek R1, em anúncio divulgado nesta segunda-feira, 27. De acordo com o documento da empresa, a adição aprimora ainda mais o ecossistema robusto de recursos de inteligência artificial (IA) do GPTBots.ai, que já inclui OpenAI, Azure, Meta Llama, Mistral AI, Anthropic Claude, Google Gemini, Ali Qwen e Zhipu GLM.

"A integração do DeepSeek R1 ressalta o comprometimento do GPTBots.ai em fornecer às empresas soluções de IA de ponta, adaptadas às necessidades empresariais", escreve a companhia. Segundo a Aurora Mobile, o chatbot chinês é conhecido por seu "desempenho excepcional em tarefas complexas de raciocínio", além de trazer um novo nível de eficiência, adaptabilidade e custo-benefício para a plataforma.

O vice-presidente do GPTBots.ai, Jerry Yin, afirmou que a integração do novo sistema se alinha com a missão de capacitar empresas com soluções avançadas de IA. A Aurora Mobile, que fornece serviços abrangentes para desenvolvedores móveis, já atendeu mais de 600 mil aplicativos móveis e cobre mais de 11 bilhões de dispositivos móveis, com uma base de dispositivos ativos mensais excedendo 800 milhões, o que é mais de 90% dos dispositivos móveis na China.

Estadão
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