Ciclone bate recorde no Ártico e derrete quantidade absurda de gelo marinho
A tempestade que atingiu o Ártico no início de 2022 causou uma perda de 50 cm de espessura no gelo marinho da região, o dobro do esperado por cientistas
A passagem do maior ciclone já registrado no Ártico no início deste ano ainda está mostrando suas consequências. A tempestade que atingiu a região nos extremos ao Norte do planeta surpreendeu especialistas pela quantidade de gelo marinho que foi perdida em decorrência do evento.
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Diferentemente dos icebergs e das plataformas de gelo presentes nos pólos, formados por água doce, o gelo marinho se origina da água salgada. No Ártico, esse gelo chega a sua quantidade máxima por volta do mês de março. Este ano, porém, o seu acúmulo sofreu um grande impacto do ciclone que se desenvolveu na Groenlândia e migrou para o Mar de Barents, que banha o norte da Noruega e da Rússia.
Ao longo de sua duração, ondas de até 8 metros de altura abalaram o gelo marinho em formação, resultando em uma perda de até 50 centímetros de espessura. Embora cientistas tenham acertado as previsões em relação à intensidade e trajetória da tempestade, a perda de gelo atingiu o dobro do esperado.
A maior perda de gelo marinho já registrada
"A perda de gelo em seis dias foi a maior que pudemos encontrar nos registros históricos desde 1979, e a área em que o gelo foi perdido é 30% maior do que a do recorde anterior," declara Ed Blanchard-Wrigglesworth, cientista atmosférico que encabeçou os estudos do evento.
A pergunta que não quer calar é: o que causou uma perda de gelo tão grande? A resposta não está clara para os pesquisadores. Entre as possibilidades estão erros na estimativa inicial da espessura do gelo ou um impacto das ondas maior do que o esperado. Outra hipótese é que o derretimento aconteceu de baixo para cima, com o emergir de águas mais quentes do fundo do oceano causado pela agitação das grandes ondas.
A importância do gelo marinho
O gelo marinho ajuda na regulação da temperatura da Terra e de diversos parâmetros do oceano nas regiões polares, afetando diretamente a vida de toda a fauna e flora contida nele. Ele também serve de habitat para espécies como focas e ursos polares. No Ártico, o gelo marinho ainda é uma extensão da terra para populações nativas do local, como os Yup'ik e Iñupiat, no Alasca.
A espessura deste tipo de gelo é especialmente difícil de se estudar. A forma com que ela se relaciona com outras variáveis do oceano e da atmosfera ainda não é totalmente compreendida pelos cientistas. Imagens de satélites também podem enganar os especialistas e seus modelos. "Piscinas" de gelo derretido sobre as plataformas têm o potencial de serem confundidas com o próprio oceano, atrapalhando as previsões.
Com as mudanças climáticas elevando a frequência de eventos extremos como esse, Ed se preocupa com o que pode acontecer nos próximos anos. "Temos que manter em mente que, no futuro, eventos extremos como esse podem causar perdas de gelo marinho gigantes."
Fonte: JGR Atmospheres, Via: Space
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