30 anos do 'Pálido Ponto Azul': a icônica foto que mudou a forma como vemos nosso planeta
Nasa usou técnicas e programas modernos para aprimorar o registro feito pela sonda Voyager, que nos permite ter uma real noção do lugar que ocupamos no Universo.
É inquestionavelmente uma das melhores imagens espaciais de todos os tempos.
A foto "Pálido Ponto Azul" foi feita há 30 anos pela sonda Voyager 1, a uma distância de cerca de 6 bilhões de quilômetros da Terra. Ela mostra nosso planeta como um ponto azul brilhante na vastidão do espaço, "preso" dentro de um raio de luz solar.
Para marcar o aniversário da imagem, a agência espacial americana, a Nasa, reprocessou esse registro icônico usando técnicas e softwares modernos. Agora, a imagem parece "mais limpa".
Ela fez parte de uma sequência final de fotos tiradas pela Voyager antes de seu sistema de câmeras ser desligado para economizar energia.
A sonda havia completado sua passagem pelos planetas, e tinha uma última missão antes de rumar para o espaço interestelar.
Carl Sagan e Carolyn Porco, dois cientistas da missão, convenceram os diretores da Nasa de que a sonda fizesse um "retrato em família do Sistema Solar" antes de ser desligada.
Os 60 quadros que a Voyager enviou de volta mostram o Sol e seis dos principais planetas — Vênus, Terra, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Mercúrio e Marte, além de Plutão, não aparecem por várias razões. O Planeta Vermelho, por exemplo, não podia ser distinguido em meio aos raios de sol que refletiam dentro do sistema óptico da câmera.
'Este é o nosso lar'
Uma das razões pelas quais a foto ficou tão famosa é a popularidade dos escritos de Sagan.
Em seu livro de 1994, Pálido Ponto Azul: Uma Visão do Futuro do Homem no Espaço, ele disse: "Olhe novamente para esse ponto. É aqui. Este é nosso lar. Somos nós". E passou a descrever a Terra como "uma partícula de poeira suspensa em um raio de sol".
Carolyn Porco disse à BBC, em 2013, que a foto proporciona uma "visão cristalina e sem distorções de nosso lugar no cosmos que corrói toda ilusão e nos confronta com um poderoso reconhecimento de nós mesmos — um reconhecimento que nunca deixa de nos emocionar".
O britânico Garry Hunt, que fez parte da equipe de imagens da Voyager, diz que a foto é mais relevante hoje do que nunca.
"Toda vez que dou uma palestra sobre clima e questiono o que alguém está fazendo agora em prol de uma mudança, mostro esta imagem, porque fica claro que a Terra é um pontinho isolado. Esse pequeno ponto azul é o único lugar em que podemos viver, e estamos estragando isso", disse ele ao programa Today, da BBC Radio 4.
Carolyn Porco fez uma nova versão da foto icônica com a sonda Cassini em 2013, ao direcionar sua câmera para a Terra e registrar novamente o pálido ponto azul com os anéis de Saturno em primeiro plano.
Espera-se que a sonda New Horizons, que sobrevoou Plutão em 2015 e agora está a pouco mais de 7 bilhões de quilômetros da Terra, tente em algum momento tentar repetir o feito fotográfico.
Mas direcionar as câmeras para o centro do Sistema Solar — e diretamente no Sol — traz alguns riscos para os seus delicados sensores. Portanto, nenhum esforço neste sentido será feito até que os principais objetivos da New Horizons sejam alcançados.