Script = https://s1.trrsf.com/update-1723493285/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

7 falácias lógicas que ajudam a detectar argumento infundado em uma discussão

Quando alguém tenta te persuadir em discussão, pode estar usando um truque para fortalecer o argumento. Conheça 7 deles.

20 jul 2024 - 16h58
(atualizado em 30/7/2024 às 09h29)
Compartilhar
Exibir comentários
Uma vez que você as conhece, você as verá em todas as discussões
Uma vez que você as conhece, você as verá em todas as discussões
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Se você navega pelas redes sociais, sintoniza nos canais de notícias ou simplesmente levanta um tema polêmico sobre alguém conhecido, é provável que, em questão de minutos, você se encontre em uma armadilha.

Essas armadilhas são tão antigas que remontam à Grécia Antiga. São as chamadas "falácias lógicas".

Em poucas palavras, uma falácia lógica é uma falha no raciocínio que, apesar de não ter peso no mérito de uma afirmação, pode - contraditoriamente - fazer com que essa afirmação pareça mais convincente.

Usar uma falácia lógica não significa necessariamente que alguém está errado.

No entanto, pode indicar um pensamento e uma lógica imprecisos se usada sem intenção, ou uma tentativa de manipular a verdade para torná-la mais persuasiva se usada deliberadamente.

De qualquer forma, é um sinal de alerta que deveria gerar mais perguntas e debate. Isso inclui, primordialmente, questionar o seu próprio modo de pensar e os argumentos com os quais você tende a concordar.

Uma vez que você conhece as falácias lógicas, você as verá em todos os lugares.

Por que isso é importante? Porque quanto mais treinado você estiver para detectá-las, mais facilmente poderá identificar falhas no pensamento dos outros e redirecionar o diálogo para o que realmente importa na discussão.

Também melhorará sua capacidade de pensar criticamente.

Aqui estão sete falácias a serem observadas.

Algumas são erros de lógica (conhecidas como falácias "formais"), enquanto outras têm a ver com o uso incorreto da linguagem e da evidência (falácias "informais"), mas a consequência é sempre um argumento falho.

1. Apelar à ignorância

Isso ocorre quando a falta de provas ou evidências em contrário é interpretada como um argumento que sustenta a afirmação em vez de colocar, sobre o ombro de quem a fez, o ônus da prova.

Em outras palavras, é a tentativa de justificar uma crença pela falta de evidências em contrário.

É uma falácia que comumente fundamenta argumentos a favor das teorias da conspiração.

Estima-se que mais de 10 milhões de pessoas acreditem que "lagartos" governam o mundo
Estima-se que mais de 10 milhões de pessoas acreditem que "lagartos" governam o mundo
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Por exemplo, estima-se que mais de 10 milhões de pessoas acreditem que "lagartos" governam o mundo.

Pergunte a uma delas sobre as evidências que sustentam essa afirmação. Elas podem responder: "Bem, esses lagartos são inteligentes demais para deixar provas. É isso que torna a situação tão perigosa! Como você pode ter certeza de que não é verdade?"

Você pode acabar coçando a cabeça, mas, com sorte, não será porque você foi convencido: é porque você caiu na armadilha da falácia do "apelo à ignorância".

2. Ad hominem

Trata-se de uma falácia em que um argumento é rejeitado não pelo seu conteúdo, mas por causa de um aspecto da pessoa que fez a afirmação - ligado ao caráter, à identidade, às motivações ou até mesmo às relações que a pessoa tem com os outros.

Ad hominem é uma abreviação da expressão em latim argumentum ad hominem, que pode ser traduzida como "argumento contra a pessoa".

Pense no profissional de saúde "acusado" de só recomendar vacinas porque "deve ser um cúmplice das grandes farmacêuticas". Ou nas pesquisas de cientistas do clima que são descartadas com base na suposição de que estes "devem ter motivações ideológicas".

O tipo mais óbvio (e absurdo) de ad hominem, no entanto, é aquele que não apenas ataca a pessoa em vez de abordar seu argumento, mas o que foca em algo completamente irrelevante para o tema em questão.

Por exemplo, quando um candidato político em um debate televisivo diz que a escolha de roupas, a habilidade no golfe ou o penteado de seu oponente significam que ele não pode ser um bom líder.

3. Ladeira escorregadia

Este é o argumento de que dar um passo em uma direção ou implementar uma determinada medida levará inevitavelmente a medidas cada vez mais drásticas - como um objeto que desliza por uma ladeira escorregadia.

Este é um raciocínio muito utilizado para se opor ao casamento entre pessoas do mesmo sexo
Este é um raciocínio muito utilizado para se opor ao casamento entre pessoas do mesmo sexo
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Isso é particularmente comum em debates sobre política. Pense no argumento que alguns opositores ao casamento entre pessoas do mesmo sexo usaram contra sua legalização em lugares como os Estados Unidos ou a Europa.

Em 2016, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles descobriram que muitas das pessoas que eram contra a medida tinham sido persuadidas pelo argumento de que ela levaria, aos poucos, a uma maior promiscuidade sexual em toda a sociedade e ameaçaria seu próprio modo de vida.

Esse argumento, em particular, é falacioso porque, em vez de debater a mudança de política em si (se o casamento entre pessoas do mesmo sexo deveria ser legalizado), ele leva ao descarte da política por medo de um resultado previsto (o colapso da sociedade tradicional).

4. Espantalho

Isso é bem comum, especialmente nas redes sociais. É quando alguém distorce o argumento de um ponto de vista oposto, fazendo uma versão ridicularizada ou exagerada deste, para, assim, fortalecer o próprio argumento.

Pense em alguém que apresenta o argumento de que o consumo excessivo de açúcar pode aumentar o risco de problemas de saúde, como doenças cardíacas.

Uma resposta usando a falácia do espantalho seria: "Sim, e daí? O açúcar está matando todo mundo e deveria ser proibido? Isso é absurdo!"

A resposta distorceu o argumento original, tornando-o mais fácil de refutar.

Uma maneira de combater essa falácia, assim como de aprimorar seu próprio pensamento, é usar o método conhecido como "homem de aço": apresente o argumento do seu oponente da melhor maneira possível (talvez até melhor do que ele mesmo) antes de expressar por que você não concorda.

5. Apelar à autoridade

Este argumento nocivo sustenta que as credenciais, a fama ou a reputação de alguém por si só provam que ele deve estar certo.

Se as pessoas percebem alguém como uma autoridade, elas têm um viés cognitivo inato que as faz assumir que essa pessoa tem experiência em todas as áreas (mesmo em assuntos nos quais ela não tem experiência).

Muitas pessoas acreditam nos conselhos e recomendações de saúde dados por Gwyneth Paltrow, porque ela é uma atriz famosa.
Muitas pessoas acreditam nos conselhos e recomendações de saúde dados por Gwyneth Paltrow, porque ela é uma atriz famosa.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Como muitas falácias lógicas, isso parece ser ou deveria ser relevante: se alguém tem credenciais e experiência em uma área específica, não deveria sua opinião ser mais confiável nessa área?

Para ser claro, deveria ser. O que torna isso uma falácia é quando alguém aceita um argumento unicamente por quem é a pessoa, em vez de considerar a evidência ou o raciocínio por trás do argumento.

Mais problemática ainda é a versão conhecida como "apelo a uma autoridade irrelevante".

Nossa tendência de acreditar em algo porque é dito por, digamos, uma celebridade, mesmo que ela não tenha nenhuma experiência no tema em questão, é uma tendência clássica no mundo atual obcecado por influenciadores.

Mas as "autoridades irrelevantes" nem sempre são tão óbvias. Tomemos como exemplo os argumentos sobre as mudanças climáticas, quando os céticos citam alguém como um físico teórico como especialista, apesar de a física teórica geralmente ter muito pouco a ver com a ciência do clima.

6. Falsa dicotomia

Falsa dicotomia é apresentar um cenário complexo como se houvesse apenas duas opções, muitas vezes opostas, em vez de várias opções.

Pense naquela famosa frase usada pelo então presidente dos EUA George W. Bush pouco depois do 11 de Setembro: "Ou você está conosco ou contra nós".

Isso implicava para a comunidade internacional que havia apenas duas opções: apoiar completamente os Estados Unidos, inclusive em sua invasão do Afeganistão, ou se considerar inimigos dos americanos.

Na realidade, é claro, havia um espectro de outras opções que as nações poderiam adotar, e tipos de aliados (ou inimigos) que poderiam ser.

7. Whataboutismo (também conhecido como 'e-aquilismo')

Às vezes visto como uma espécie de pista falsa (uma falácia lógica que utiliza informações não relacionadas ao tema para desviar a atenção das falhas do argumento), o whataboutismo (uma palavra derivada do inglês "what about..", ou "e quanto a...") tem como objetivo distrair a atenção.

É quando, normalmente em resposta a uma acusação ou uma pergunta, alguém responde com uma acusação não relacionada como uma espécie de equivalência moral.

Por exemplo, quando, em uma discussão, alguém diz 'Você feriu meus sentimentos quando fez tal coisa', e a outra pessoa responde "Ah, mas você nunca lembra do meu aniversário".

Quando se acusa a Rússia de violações de direitos humanos, muitos de seus líderes respondem: "Bem, mas e o tratamento que vocês dão aos negros?"
Quando se acusa a Rússia de violações de direitos humanos, muitos de seus líderes respondem: "Bem, mas e o tratamento que vocês dão aos negros?"
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Na política, um dos exemplos mais notórios é de quando os Estados Unidos acusavam a União Soviética de violações de direitos humanos e Moscou respondia: "Ah, mas e o tratamento que vocês dão aos negros?"

Embora essa falácia possa servir para fazer uma equivalência, ela desvia do argumento original. Dois erros não fazem algo estar certo, mas um whataboutismo pode fazer parecer que está.

Compreender e detectar falácias lógicas como esta pode ser uma forma realmente útil de pensar criticamente sobre o que você lê ou ouve, e de evitar que as conversas se desviem do tema da discussão.

No entanto, como começamos este texto falando sobre nuances, sublinhemos: se alguém usa uma falácia lógica, isso não significa necessariamente que sua conclusão esteja incorreta.

Aliás, fazer isso seria um tipo de falácia favorita minha conhecida como falácia da falácia. Ela ocorre quando alguém assume que a conclusão de um argumento é falsa só porque ele continha uma falácia.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade