A bem-sucedida cirurgia de separação de gêmeas siamesas na Austrália
Com pouco mais de um ano, Nima e Dawa, do Butão, enfrentaram operação de seis horas e se recuperam bem.
Nascidas unidas pelo torso e dividindo o fígado, duas gêmeas siamesas do Butão foram separadas com sucesso em uma cirurgia feita na Austrália.
As meninas, de 15 meses, têm amplas chances de ter uma recuperação completa, segundo a equipe médica.
O cirurgião-chefe da operação, Joe Crameri, disse a repórteres que as meninas passaram "muito bem" pelo procedimento, que durou seis horas.
Crameri disse ter sido uma "alegria" informar à mãe, Bhumchu Zangmo, sobre o sucesso da cirurgia.
"Não há nada melhor em qualquer operação do que poder dizer aos pais que fomos capazes de cuidar bem de seus filhos", comemorou.
Uma equipe com mais de dez profissionais
Nima e Dawa nasceram viradas uma para a outra e não podiam se sentar juntas. Elas só conseguiam ficar em pé ao mesmo tempo.
Elas foram levadas para Melbourne com a mãe no mês passado, mas os médicos haviam adiado a cirurgia até a última sexta-feira para melhorar o preparo nutricional das crianças.
Cerca de 18 especialistas, divididos em duas equipes - uma para cada menina -, participaram do procedimento no Hospital Royal Children's de Melbourne.
Os médicos conseguiram dividir com sucesso o fígado das meninas. Já o fato de elas não compartilharem um intestino foi uma surpresa descoberta na operação.
"Sempre nos sentimos confiantes de que poderíamos conquistar isso (o sucesso da cirurgia)", disse Crameri. "Mas simplesmente não sabíamos o que encontraríamos."
Segundo ele, porém, "não havia nada dentro das barrigas das meninas para o qual não estivéssemos realmente preparados".
"Haverá desafios nas próximas 24 a 48 horas, como em qualquer cirurgia. Nos sentimos confiantes de que teremos um bom resultado", disse o médico.
Um em cada 200 mil nascimentos
Gêmeos siameses são um fenômeno raro: estima-se que haja um caso para cada 200 mil nascimentos. Em 40% a 60% destes casos, os bebês chegam natimortos.
Por ano, apenas algumas separações são realizadas, a nível mundial.
A família butanesa fez parte deste pequeno grupo por meio da organização de caridade Children First Foundation.
Elizabeth Lodge, representante da Children First Foundation, contou que a mãe das meninas ficou "um pouco assustada" durante o processo, mas estava "extraordinariamente calma" antes do procedimento.
Ainda segundo a organização, as meninas estão respirando sozinhas, sem o auxílio de aparelhos.
"Bhumchu viu suas meninas e deu um beijo em cada uma... Cada uma dormindo de forma separada pela primeira vez", informou um comunicado da instituição.
O Estado de Victoria, do qual Melbourne é a capital, ofereceu cobertura do custo a operação, no valor de 350 mil dólares australianos (cerca de R$ 940 mil).
A família deve retornar ao Butão, uma das nações mais pobres do mundo, depois que as gêmeas se recuperarem.
Em 2009, o mesmo hospital realizou uma operação bem-sucedida para separar siamesas de Bangladesh.
As meninas, Trishna e Krishna, que eram unidas pela cabeça, passaram por uma operação de 32 horas que salvou suas vidas.