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A 'epidemia' de miopia que atinge 1 em 3 crianças no mundo (mas ainda não é tão comum no Brasil)

Trabalho revela um aumento notável de miopia depois da pandemia de covid-19, período em que as crianças passaram menos tempo ao ar livre.

25 set 2024 - 12h12
(atualizado em 27/9/2024 às 17h41)
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Menina fazendo um teste de visão
Menina fazendo um teste de visão
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A visão das crianças parece ter piorado nos últimos anos. Uma em cada três tem miopia ou é incapaz de ver claramente coisas à distância, sugere um levantamento global.

Os autores do trabalho avaliam que o isolamento relacionado à pandemia de covid-19 teve um impacto negativo na visão, pois as crianças passaram mais tempo em telas — e menos tempo ao ar livre.

A miopia é uma preocupação global crescente de saúde, e deve afetar milhões de crianças até 2050, alerta o estudo.

As taxas mais altas da condição estão concentradas na Ásia — 85% das crianças no Japão e 73% na Coreia do Sul são míopes, com mais de 40% afetadas na China.

O que revela o estudo

Paraguai e Uganda, com cerca de 1% de miopia entre o público infantil, tiveram alguns dos níveis mais baixos encontrados na pesquisa.

O Brasil também apresenta uma baixa frequência do quadro: 3% das crianças do país são míopes.

Vale ponderar que esse dado brasileiro vem de um único estudo, feito em 2013 na Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, que avaliou 1.590 indivíduos de 10 a 15 anos na cidade de Gurupi, no Tocantins.

O levantamento internacional, publicado no British Journal of Ophthalmology, analisou pesquisas que envolveram mais de 5 milhões de crianças e adolescentes de 50 países em todos os continentes.

Os cálculos revelaram que os casos de miopia triplicaram entre 1990 e 2023.

E o aumento foi "particularmente notável" após a pandemia de covid-19, segundo os autores.

A miopia geralmente começa durante os anos do Ensino Fundamental e tende a piorar até que o olho pare de crescer, por volta dos 20 anos de idade.

Existem fatores que aumentam o risco de desenvolver a condição — viver no Leste Asiático é um deles.

O quadro também está relacionado à genética e certas mutações que as crianças herdam de seus pais, mas há outros fatores que podem influenciar, como a idade muito jovem, por volta dos dois anos, em que as crianças vão para a escola em países como Singapura e Hong Kong.

Isso significa que esses jovens focam os olhos por mais tempo em livros e telas durante os primeiros anos de vida, o que tensiona os músculos oculares e pode levar à miopia, sugere a pesquisa.

Na África, onde a educação formal começa na idade de seis a oito anos, a incidência de miopia é cerca de um sétimo do que a verificada na Ásia.

Pesquisa sugere que meninas têm mais probabilidade de ter miopia do que meninos
Pesquisa sugere que meninas têm mais probabilidade de ter miopia do que meninos
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Durante os momentos de lockdowns e isolamento da pandemia de covid-19, quando milhões de pessoas tiveram que ficar em ambientes fechados por longos períodos, a visão de crianças e adolescentes foi prejudicada.

"Evidências recentes sugerem uma associação potencial entre a pandemia e a deterioração acelerada da visão entre jovens adultos", escrevem os pesquisadores.

Até 2050, a miopia pode afetar mais da metade dos adolescentes em todo o mundo, preveem os autores.

Ainda de acordo com o trabalho recém-publicado, meninas e mulheres jovens provavelmente terão taxas mais altas da condição do que indivíduos do sexo masculino porque tendem a passar menos tempo em atividades ao ar livre na escola e em casa à medida que crescem.

Além disso, o desenvolvimento das meninas, incluindo o período da puberdade, se inicia mais cedo, o que significa que elas tendem a ter miopia em uma idade mais precoce.

Embora a Ásia deva ter os índices mais altos da condição em comparação com todos os outros continentes até 2050, os países em desenvolvimento também podem chegar a 40% da população afetada pela miopia no futuro, estimam os pesquisadores.

Como posso proteger a visão do meu filho?

Para reduzir o risco de miopia, as crianças — especialmente aquelas que têm entre sete e nove anos — devem passar pelo menos duas horas ao ar livre todos os dias, sugerem especialistas em oftalmologia do Reino Unido.

A ciência ainda não descobriu se o fator mais preponderante aqui é a presença de luz solar natural, o exercício feito ao ar livre ou fato de os olhos das crianças precisarem focar em objetos mais distantes durante essas atividades.

"Há algo em estar ao ar livre que traz um benefício real para as crianças", pontua o médico Daniel Hardiman-McCartney, consultor clínico do Colégio de Optometristas do Reino Unido.

Ele também recomenda que os pais levem os filhos para um exame oftalmológco entre os sete e os 10 anos, mesmo que a visão da criança tenha sido verificada em anos anteriores.

Os pais também devem ser avaliados, uma vez que a miopia é hereditária. Caso um dos progenitores seja míope, os filhos têm três vezes mais probabilidade de também desenvolver o quadro.

A miopia não tem cura, mas pode ser corrigida com óculos ou lentes de contato.

Além disso, lentes especiais podem retardar o desenvolvimento da miopia em crianças pequenas, ao estimular o olho a crescer de forma adequada. No entanto, elas costumam ser caras.

Na Ásia, onde essas lentes especiais já são muito populares, salas de aula feitas de vidro, que mimetizam o aprendizado ao ar livre, também viraram uma das soluções para o problema.

Quais são os sinais de miopia?

  • Dificuldade em ler palavras à distância, como o que está escrito na lousa da escola;
  • Sentar-se muito perto da TV e do computador;
  • Segurar o celular e o tablet perto do rosto;
  • Ter dores de cabeça frequentes;
  • Esfregar muito os olhos.
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