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Asteroide que dizimou dinossauros determinou sucesso das cobras, aponta estudo

Enquanto a maioria das plantas e animais desapareceram em colisão há 66 milhões de anos, que levou à extinção dos dinossauros, as cobras tiveram vantagem evolutiva

15 set 2021 - 11h59
(atualizado às 12h13)
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As cobras conseguiram se adaptar à vida em todos os continentes, com exceção da Antártida; na foto, uma jiboia-vermelha
As cobras conseguiram se adaptar à vida em todos os continentes, com exceção da Antártida; na foto, uma jiboia-vermelha
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

As cobras devem seu sucesso na Terra, em parte, ao asteroide que atingiu o planeta há 66 milhões de anos e levou à extinção dos dinossauros, de acordo com um estudo publicado nesta terça-feira (14) na revista científica Nature Communications.

O impacto desta colisão provocou terremotos, tsunamis e incêndios florestais, além de uma década de escuridão por conta de nuvens de cinzas que bloquearam o sol. Tudo isso levou ao fim estimado de 76% dos animais e plantas.

Mas, segundo os autores da pesquisa recém-publicada, algumas cobras sobreviventes foram capazes de prosperar em um mundo pós-apocalíptico, se abrigando no subsolo e passando longos períodos sem comida.

Estes répteis resilientes conseguiram então se espalhar por todo o globo, e sua evolução nos trouxe às 3 mil ou mais espécies conhecidas hoje.

Alguns mamíferos, pássaros, sapos e peixes também foram capazes de sobreviver aos tempos pós-asteroide.

"Neste ambiente de colapso das cadeias alimentares, as cobras conseguem sobreviver e prosperar, e são capazes de colonizar novos continentes e interagir com o ambiente de novas maneiras", explicou a líder da pesquisa, Catherine Klein, da Universidade de Bath, na Inglaterra.

"É provável que, sem o impacto do asteroide, elas não estivessem onde estão hoje."

Quando o asteroide atingiu o que hoje é o território do México, as cobras eram muito parecidas com as que conhecemos hoje: sem pernas e com mandíbulas alongadas para engolir presas.

Com poucos alimentos à disposição, elas conseguiam sobreviver sem comida por até um ano e caçar em meio à escuridão. As espécies de cobras que sobreviveram foram principalmente aquelas que viviam no ambiente subterrâneo, no solo das florestas ou em água doce.

Sem muitos animais para competir, elas tiveram um caminho aberto para evoluir com diversas ramificações e alcançar novos habitats e tipos de presas. Isso permitiu que se espalhassem por todo o mundo, chegando à Ásia pela primeira vez, e que sua diversidade aumentasse.

Uma sucuri-amarela; depois do asteroide, cobras se diversificaram em habitats e presas
Uma sucuri-amarela; depois do asteroide, cobras se diversificaram em habitats e presas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Eventos determinantes para a eliminação de espécies em um curto espaço de tempo, como a queda do asteroide, ocorreram poucas vezes na história do planeta.

Nick Longrich, também da Universidade de Bath, diz que, nos períodos logo após as grandes extinções, a evolução chega à "sua forma mais selvagem, experimental e inovadora".

O estudo também encontrou evidências de um segundo pico na evolução das cobras, quando o planeta deixou de ser como uma quente estufa e passou a ter um clima mais frio, levando à formação de calotas polares e o início da era do gelo.

O sucesso das cobras é importante para a saúde dos ecossistemas como um todo, já que elas controlam as populações de presas e ajudam os humanos no controle de pragas. Depois de tanto prosperar na Terra, porém, a convivência com o homem está deixando muitas espécies de cobras sob risco de extinção.

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