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Câmera em coleira mostra luta de ursos polares para achar comida no Ártico

Estudo revelou que, em meio aos impactos das mudanças climáticas, maioria dos animais observados não conseguiu presas suficientes para atender sua necessidade calórica e que sua atividade metabólica é mais intensa do que se pensava.

2 fev 2018 - 16h23
(atualizado às 17h27)
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A equipe acompanhou nove fêmeas | Foto: Anthony Pagano/USGS
A equipe acompanhou nove fêmeas | Foto: Anthony Pagano/USGS
Foto: BBC News Brasil

Coleiras com câmeras, sensores e GPS colocados por cientistas em ursos polares revelaram a dificuldade crescente destes animais para conseguir se alimentar em meio ao degelo do Ártico.

Os aparelhos gravaram vídeos a partir do ponto de vista dos ursos e registraram seus deslocamentos, níveis de atividade, variação de metabolismo e gasto de energia.

Isso revelou que a maioria dos ursos polares observados não conseguiu apanhar presas suficientes para atender suas necessidades calóricas. A equipe por trás do experimento também afirma que a atividade metabólica destes animais é mais intensa do que se pensava.

Além disso, as mudanças climáticas parecem estar afetando dramaticamente o gelo no mar do Ártico, forçando ursos a percorrer distâncias cada vez maiores para caçar e tornando essa empreitada ainda mais difícil.

Urso magro

A cena em que um urso polar captura uma foca vulnerável sobre um bloco de gelo flutuante é comum em documentários sobre vida selvagem.

Mas, no início deste inverno no Ártico, no entanto, outra imagem, em que um urso aparece muito magro, viralizou, com muitas pessoas questionando se isso seria um indicador de como será o futuro em meio às alterações em curso no meio ambiente.

Os autores deste estudo, publicado na revista Science, destacam que estes animais precisam atualmente ir cada vez mais longe para encontrar focas, e que isso é provavelmente "um fator importante por trás da piora na sua condição corporal e de sobrevivência".

Os cientistas liderados por Anthony Pagano, pesquisador da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, acompanharam ursos polares nas primaveras de 2014 a 2016.

Nove fêmeas tiveram seus níveis metabólicos medidos por meio de amostras de sangue e urina, e foram colocadas nelas coleiras com câmeras e GPS para registrar sua atividade. "Descobrimos que ursos polares têm uma demanda por energia bem superior ao que se previa. Eles precisam apanhar muitas focas", explicou Pagano.

Ursos polares usam o gelo que flutua sobre o mar para caçar e, à medida que ele diminui, eles têm maior dificuldade para se alimentar | Foto: Anthony Pagano/USGS
Ursos polares usam o gelo que flutua sobre o mar para caçar e, à medida que ele diminui, eles têm maior dificuldade para se alimentar | Foto: Anthony Pagano/USGS
Foto: BBC News Brasil

Mudanças de estratégia

Mas a extensão do gelo no mar do Ártico, medida em setembro - período em que está em seu mínimo -, vem diminuindo a uma taxa de 14% por década, o que provavelmente dificulta o acesso dos ursos às presas. E isso pode ser agravado pela sua necessidade de adotar diferentes estratégias de caça com a mudança de estação.

Na primavera, os ursos polares caçam principalmente focas jovens. Mas, no fim do ano, depois de um jejum dos ursos por todo o verão, essas focas estão mais velhas e experientes, o que significa que eles não conseguem apanhar tantas quanto antes.

"Acredita-se que um urso apanhe umas duas focas por mês no outono, em comparação com cinco a dez por mês na primavera e início do verão", disse Pagano.

"Agora, temos a tecnologia para entender como eles se movimentam pelo gelo, seus padrões de atividade e necessidades calóricas. Assim, poderemos compreender melhor as implicações nas mudanças no gelo do mar."

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