Como formigas criam 'balsas' para sobreviver às inundações causadas pela tempestade Harvey
Insetos formam rede para proteger rainha do formigueiro e evitar afogamento em região afetada por passagem de fenômeno climático no Estado americano do Texas.
Entre as imagens das enchentes provocadas pela passagem da tempestade Harvey pelo Texas, chamou a atenção uma foto que mostra as águas barrentas de um rio.
Isso porque se trata de uma ilusão de ótica: a "lama" nada mais é que uma crosta de formigas-de-fogo, que encontraram na união de esforços uma forma de evitar o afogamento.
Usando seus próprios corpos, os insetos se empilham para criar uma espécie de balsa e flutuam pelas áreas inundadas. E embora entomologistas digam que se trata de um comportamento comum da espécie, as imagens da "mancha" logo se espalharam pelas redes sociais.
Segundo Jim Hardie, especialista da Royal Entomological Society, em Londres, explica à BBC que as balsas podem ser formadas por até 100 mil formigas.
Com a gordura de seus corpos, elas criam uma rede resistente à água que protege a rainha do grupo. E, assim, viajam em busca de um novo local para cavar seus formigueiros.
Mas não há sacrifícios fatais dos súditos: as formigas criam um sistema de bolsas de ar, que aquelas que ficam na parte de baixo usam para respirar.
"As formigas da parte de baixo estão bem", assegura Hardie.
Membrana
Para manter a integridade da rede, as formigas produzem uma espécie de membrana que já chamou a atenção de cientistas por causa do potencial aproveitamento na engenharia.
"Elas são duras na queda. Têm contingências para tudo, até para furacões", diz Hardie.
Para sobreviver enquanto flutuam, as formigas praticam um certo tipo de canibalismo - se alimentam de suas próprias larvas. Em terra firme, porém, voltam à dieta ornívora normal, que vai inclui ovos de outros insetos, carne, sementes e até lixo humano.
Cuidado!
As formigas-de-fogo (solenopsis invicta) receberam esse apelido por causa da dor causada por suas picadas. Originária da América do Sul, a espécie chegou acidentalmente aos EUA no início do século 20, e ocorre também por Austrália e China, entre outros países.
Se incomodadas, são agressivas e podem atacar animais domésticos e mesmo o gado. E, quando picam uma vítima, emitem sinais para que outras formigas também a ataquem.