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O surpreendente caso da orca que carregou o filhote morto por 17 dias

Mamíferos marinhos são conhecidos por carregarem carcaça de filhotes por até uma semana; essa bateu um recorde

13 ago 2018 - 13h40
(atualizado às 17h54)
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Foto: Ken Balcomb/Centro de Pesquisa de Baleias

Ela não queria deixá-lo para trás.

Uma orca, cujo filhote morreu no final de julho, pouco depois de nascer, só parou de carregar o corpo do recém-nascido após pelo menos 17 dias - período no qual percorreu cerca de 1,6 mil km.

As orcas notoriamente transportam e carregam seus filhotes mortos por até uma semana, mas cientistas acreditam que essa mãe bateu um recorde.

De acordo com o Center for Whale Research do Canadá (Centro de Pesquisas de Baleias do Canadá, ou CWR, da sigla em inglês), o animal foi visto "perseguindo vigorosamente um cardume de salmões com seus companheiros (em busca de comida) no estreito de Haro", perto da ilha canadense de Vancouver.

"Sua viagem de luto agora acabou e seu comportamento é extremamente brincalhão", informou o Centro.

Mãe orca

Conhecida como J35, a mãe orca - chamou a atenção do mundo nos últimos dias.

"Imagens digitais com telefoto - lente que permite tirar fotos a longa distância - foram feitas a partir da costa e mostram que ela parece estar em boa condição física", disse a CWR em um comunicado no sábado.

"A carcaça provavelmente afundou nas águas do Mar de Salish (entre a costa oeste do Canadá e dos Estados Unidos) e os pesquisadores podem não ter a chance de examiná-la para necropsia (autópsia de um animal)."

A orca foi vista pela primeira vez carregando seu filhote morto em 24 de julho, na costa da ilha de Vancouver, no Canadá.

Acredita-se que o filhote tenha morrido no mesmo dia. A causa da morte, porém, é desconhecida.

Ao longo da viagem nas águas da costa oeste americana e canadense, sua carcaça estava afundando e sendo repetidamente resgatada pela mãe, de acordo com o CWR, que trabalha pela preservação das orcas que vivem na parte sul do nordeste do Oceano Pacífico - e são chamadas de orcas residentes do sul.

Foto: Ken Balcomb/Centro de Pesquisa de Baleias

Um membro da equipe do centro de pesquisas chegou a ver o filhote nadando ao lado da mãe. Mas ele morreu meia hora depois de a equipe chegar, segundo o centro de pesquisas.

A mãe foi vista carregando o recém-nascido com sua cabeça e o empurrando em direção à ilha San Juan, perto do Estado de Washington, nos EUA.

Orcas podem viajar em média 120 km por dia.

Em determinado momento nesse percurso, um morador da ilha, citado no relatório do centro de pesquisas, disse ter visto um grupo de cinco ou seis orcas no pôr do sol com o filhote morto.

"Eles se reuniram em um círculo fechado, próximo da superfície em um movimento circular harmônico por quase duas horas", ele disse.

A comunidade dessa orca, que tem 75 animais, é frequentemente observada perto da ilha de Vancouver, no Canadá, e nas águas marítimas do Estado de Washington, nos EUA.

Foto: Ken Balcomb/Centro de Pesquisa de Baleias

Pesquisas indicam que só cerca de um terço das orcas nascidas nessa comunidade nos últimos 20 anos sobreviveram. Segundo o centro, nenhuma gravidez nos últimos três anos produziu um filhote que tivesse sobrevivido.

Apesar de serem conhecidas popularmente como "baleias assassinas", as orcas de fato pertencem à família dos golfinhos, sendo o maior exemplar da espécie.

Golfinhos e baleias são animais mamíferos e as duas espécies possuem várias caraterísticas comuns o que facilita a confusão, mas biologicamente pertencem a duas famílias distintas.

Tanto o Canadá quanto os EUA listam as orcas residentes do sul como ameaçadas de extinção. Para se alimentar, elas dependem do salmão rei - que tem declinado dramaticamente nos últimos anos.

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