Pesquisadores datam esqueleto de australopitecos contemporâneo de "Lucy"
Um avançado método de datação permitiu determinar que o fóssil do australopitecos batizado como "Little Foot" ("Pé Pequeno") são de uma época similar aos da famosa "Lucy", publicou nesta quarta-feira a revista "Nature".
O esqueleto quase completo de "Little Foot", encontrado há 21 anos na caverna de Sterkfontein, na África do Sul, viveu há cerca de 3,67 milhões de anos, enquanto "Lucy", cujos fósseis comprovaram pela primeira vez que os ascendentes do homem podiam andar eretos, viveu há cerca de 3,2 milhões de anos.
A nova datação do fóssil aconteceu graças à análise dos minerais da caverna onde o hominídeo foi encontrado.
A equipe internacional de pesquisadores responsável pelo estudo ressaltou que apesar de "Lucy" e "Little Foot" terem vivido na mesma época, apresentam características diferentes.
O esqueleto de Sterkfontein pertence à espécie Australopithecus Prometeo, que se diferencia da Australopithecus Africanus, à qual pertence "Lucy", que tem maior tamanho corporal, um crânio mais plano e dentes mais protuberantes.
O antropólogo Ronald J. Clarke batizou o esqueleto como "Little Foot" já que os primeiros fósseis encontrados correspondiam aos pés.
Segundo a nova datação, este hominídeo viveu na mesma época em que os primeiros Australopithecus Africanus de Tanzânia e Etiópia.
O esqueleto de "Lucy" foi descoberto em 24 de novembro de 1974 durante uma missão antropológica dirigida por Donald Johanson na Etiópia.
A descoberta permitiu provar, pela primeira vez, que os ancestrais do homem podiam andar eretos há mais de 3 milhões de anos.
O fóssil foi chamado de "Lucy" por causa de uma canção dos Beatles, "Lucy In The Sky With Diamonds", que tocava no momento em que os paleontólogos descobriram o esqueleto.
As escavações para obter mais informações sobre "Little Foot" continuam na caverna sul-africana onde o esqueleto foi achado.
Datar os fósseis foi um grande desafio, de acordo com os cientistas, já que a caverna passou por muitos episódios de sedimentação e erosão em mais de 3 milhões de anos.
Darryl Granger, da Universidade de Purdue, em Indiana, nos Estados Unidos, e seus colegas, calcularam a nova data medindo os níveis de isótopos radiogênicos de alumínio e berílio no quartzo que rodeava o esqueleto quando este foi encontrado.
Os isótopos são utilizados no estudo de rochas e minerais e funcionam como relógios para determinar o tempo ao qual se remontam.
Os cientistas concluíram que, dadas as grandes diferenças morfológicas entre os dois australopitecos, "Lucy" e "Little Foot", este achado traz novas perguntas sobre a diversidade, sobre a distribuição geográfica e as relações entre as espécies de hominídeos na África.