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Arqueólogos dizem ter solucionado mistério sobre 'múmia que grita' encontrada há mais de 100 anos

Pesquisadores fizeram exame de DNA na múmia de Ramsés 3º e disseram que o material encontrado indica que restos mortais são de Pentaur, filho do faraó que fez um complô para matá-lo.

28 fev 2018 - 10h58
(atualizado às 11h42)
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A chamada 'múmia que grita' foi encontrada em 1881 e identificada como 'homem desconhecido E'; cientistas dizem se tratar do príncipe Pentaur
A chamada 'múmia que grita' foi encontrada em 1881 e identificada como 'homem desconhecido E'; cientistas dizem se tratar do príncipe Pentaur
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Sua expressão de espanto e dor tem sido a fascinação dos arqueólogos, que há mais de um século tentam resolver o enigma da chamada "múmia que grita": quem era este homem e por que seu corpo foi embalsamado com o rosto assim?

Nos últimos dias, um grupo de arqueólogos egípcios, liderados por Zahi Hawass, disse que a múmia, encontrada em 1881 e tecnicamente conhecida desde então como "homem desconhecido E", era realmente Pentaur, o filho que conspirou contra o pai, o faraó Ramsés 3º, para ficar com o trono.

"Extraímos o DNA da múmia de Ramsés 3º, descoberta em 1886, e comparamos com o do 'homem desconhecido E', e os resultados revelaram que o primeiro era pai do segundo", disse Hawass em um documento enviado à BBC.

"Isso faz parte de uma investigação que estamos fazendo há muitos anos, chamada Projeto de Múmias Egípcias, e que revelou não só a identidade, mas também as razões de seu estado."

A múmia foi colocada em exibição neste ano no Museu Egípcio do Cairo
A múmia foi colocada em exibição neste ano no Museu Egípcio do Cairo
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Até agora, nenhuma outra autoridade científica confirmou as descobertas de Hawass e de sua equipe.

Na semana passada, a "múmia que grita" começou a ser exibida no Museu Egípcio, no Cairo.

O complô

Além de revelar o parentesco da múmia com Ramsés 3º, os pesquisadores, com a ajuda de papiros do Museu Egípcio de Turim, na Itália, asseguram ter desvendado a trama de traição e conspiração que ocorrida cerca de 3 mil anos atrás nas altas esferas de poder do império egípcio.

"Estava claro que Ramsés 3º havia sido vítima de um complô por parte seu filho Pentaur e sua mulher, mas não se essa era a causa de sua morte", disse Hawass.

O pesquisador relata que quando a "múmia que grita" foi encontrada, em 1881, houve outros detalhes que chamaram a atenção dos arqueólogos - além, é claro, do espanto apresentado por sua expressão.

E ficaram no ar várias perguntas: por que esse homem havia sido enterrado no lugar exclusivo para reis, mas ao mesmo tempo foi vestido com roupas que os egípcios consideram impuras?

Os pesquisadores buscaram papiros no Museu Egípcio de Turim para descobrir mais detalhes do complô de Pentaur contra o pai, Ramsés 3º
Os pesquisadores buscaram papiros no Museu Egípcio de Turim para descobrir mais detalhes do complô de Pentaur contra o pai, Ramsés 3º
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Os membros da realeza eram sepultados depois de um requintado processo de mumificação, e ficavam enrolados em uma delicada manta de linho. Mas a 'múmia que grita' foi enterrada sem esse processo e envolta em pele de ovelha", explica ele.

O Projeto de Múmias Egípcias se dedicou a escanear ambas as múmias e estabeleceu duas coisas. Uma, que Ramsés 3º havia sofrido um sério ataque com faca que destroçou sua coluna cervical. E a outra, que a "múmia que grita" apresentava sinais de ter sido enforcada.

"Nos papiros que relatavam a conspiração, chamada conspiração do harém, se assinalava que Pentaur havia sido condenado à forca e foi surpreendido quando ia executar o complô", diz Hawass.

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