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Astrônomo do Vaticano: 'Não é para evangelizar alienígenas'

Igreja tem dez astrofísicos empregados que trabalham na Universidade do Arizona, nos EUA, buscando planetas habitáveis

4 fev 2015 - 14h29
(atualizado às 15h20)
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<p>O primeiro registro sobre um observat&oacute;rio do Vaticano &eacute; de 1582</p>
O primeiro registro sobre um observatório do Vaticano é de 1582
Foto: BBC News Brasil

No topo de uma montanha no sudoeste dos Estados Unidos, no Observatório do Vaticano, padres católicos estudam planetas habitáveis - o que pode parecer estranho para muita gente, dado as grandes diferenças, algumas incompatíveis, entre ciência e religião. Para os próprios padres, no entanto, a pesquisa no observatório representa uma forma de "se conectar com o criador".

"Não, nós não estamos fazendo nada estranho", disse o vice-diretor do observatório do Vaticano, padre Paul Gabor. "Nós estamos realmente fazendo ciência, não estamos atrás de alienígenas para evangelizá-los’".

Os dez astrofísicos empregados pela igreja dizem que estão tentando conquistar avanços sobre o conhecimento que temos atualmente sobre o universo.

"O Observatório do Vaticano é uma operação muito pequena por causa da maneira curiosa como recrutamos nossos funcionários. Em outras palavras, para trabalharmos aqui, precisamos ser padres", explicou o padre Gabor.

Cientistas, entretanto, dizem que há razões para não se confiar em pesquisas patrocinadas por religiões. "Levando em consideração a natureza sobre o que é requisitado para trabalhar no Observatório do Vaticano, você não iria esperar que os melhores cientistas fossem querer fazer parte disso, porque os melhores cientistas, em geral, são ateus", disse o físico, também ateu, Lawrence Krauss. "Até pelo senso intelectual, claro que ciência e a doutrina das religiões mundiais são completamente incompatíveis. E isso tem sido assim por séculos e séculos".

Ciência e religião

Essa crítica, porém, é rechaçada pelos astrônomos do Vaticano. Para eles, especialmente na astrofísica, os limites entre ciência e religião não existem.

O Observatório do Vaticano foi transferido para Tucson, no Arizona, em 1981, quando a qualidade ruim do ar da Itália tornou impossível a continuidade das pesquisas por lá. Desde então, os trabalhos dos astrônomos católicos têm sido feitos da Universidade do Arizona.

<p>F&iacute;sico ateu Lawrence Krauss acredita que a boa ci&ecirc;ncia e a religi&atilde;o s&atilde;o incompat&iacute;veis</p>
Físico ateu Lawrence Krauss acredita que a boa ciência e a religião são incompatíveis
Foto: BBC News Brasil

"Acho que pessoas que são destinadas para as grandes questões sobre fé também estão destinadas à astronomia, porque nela você também faz grandes questionamentos", comentou Buell Jannuzi, chefe do observatório da Universidade do Arizona.

A primeira menção a um observatório do Vaticano de que se tem registro é de 1582, mas sua existência só foi confirmada oficialmente em 1891, pelo papa Leão 13.

À época, ele disse que seu objetivo era deixar claro que a Igreja Católica Romana "não se opunha à verdadeira e sólida ciência".

O padre jesuíta Paul Gabor acredita que, se há outros planetas habitáveis no universo, provavelmente deve haver vida neles. Ele diz também que consegue, cada vez mais, entender a grande conexão entre astrofísica e religião. "Quem tenta entender isso consegue ver que o universo, de fato, quer ser compreendido".

<p>Padre Paul Gabor diz que, como um astrofisico, ele cada vez mais compreende que o universo &#39;quer ser entendido&#39;</p>
Padre Paul Gabor diz que, como um astrofisico, ele cada vez mais compreende que o universo 'quer ser entendido'
Foto: BBC News Brasil
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