Avança em Brasília aprovação de áreas marinhas protegidas na Antártica
Uma reunião de alto nível do Tratado Antártico, que terminou nesta quarta-feira, em Brasília, abriu o caminho para a aprovação futura de áreas marinhas protegidas no Oceano Antártico, uma iniciativa que estava bloqueada desde 2012, informaram observadores de ONGs.
"Os membros do Tratado Antártico enviaram uma mensagem forte de apoio para a definição de Áreas Marinhas protegidas" no Oceano Antártico, afirmou à AFP Mark Epstein, diretor da Antarctic and Southern Ocean Coalition, uma organização com status de observadora nas reuniões.
A decisão de definir áreas marinhas protegidas corresponde à Convenção sobre a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCAMLR, na sigla em inglês), cuja próxima reunião está prevista para outubro em Hobart (Austrália) e na qual estão depositadas agora as esperanças das ONGs.
Desde 2012, a CCAMLR concluiu três reuniões sem acordo sobre o tema, com a oposição de Rússia e Ucrânia.
A Reunião do Tratado Antártico (encontro anual que inclui 50 países-membros), concluída em Brasília, "deu vida nova ao processo de Áreas Marinhas Protegidas após dois anos de desafios e decepções", expressou em um comunicado Steve Campbell, diretor de campanhas da Aliança Oceano Antártico, que reúne várias ONGs, como WWF e Greenpeace.
As águas do oceano austral que rodeiam o Antártico têm ecossistemas excepcionais, com milhares de espécies animais protegidas até agora da atividade humana, mas que estão começando a ser afetadas pela pesca.
O ex-primeiro-ministro francês e atual embaixador da França para negociações internacionais sobre regiões polares, Michel Rocard, tinha feito um apelo nesse sentido na abertura da reunião em Brasília.
"Pela terceira vez consecutiva desde 2012, o projeto de áreas marinhas protegidas no leste antártico e no mar de Ross não pôde ser adotado", afirmou.
Cinquenta países integram o Tratado Antártico, que entrou em vigor em 1961. Deles, 25 são membros do CCAMLR.
O Tratado Antártico estabelece a não militarização desse continente e garante a liberdade de pesquisa científica, a proteção do meio ambiente e a suspensão de qualquer reivindicação territorial.