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Banho frio é mesmo bom para a saúde?

Há várias evidências de que o hábito faz bem para o corpo e a mente — apesar das razões ainda não serem muito claras.

30 out 2021 - 20h12
(atualizado em 2/11/2021 às 13h28)
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Mulher com frio no banho
Mulher com frio no banho
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Tomar um banho frio de manhã é uma maneira bem desagradável de começar o dia.

Ainda assim, muita gente fica tentada a adquirir o hábito porque a imersão em água fria oferece supostamente vários benefícios para a saúde, tanto físicos quanto mentais.

Os banhos frios foram usados pela primeira vez por razões de saúde no início do século 19, quando os médicos passaram a adotá-los em hospícios e presídios para "esfriar cérebros quentes e inflamados e incutir medo para domar vontades impetuosas".

Em meados do século 19, os vitorianos perceberam que o chuveiro tinha outros usos, mais especificamente, lavar as pessoas — e seria melhor se a água fosse quente.

Assim, o chuveiro passou de um dispositivo usado para causar desconforto por uma hora e meia a algo bastante agradável que durava cerca de cinco minutos.

No entanto, a prática de tomar banho frio com o intuito de beneficiar a saúde nunca foi embora e, na verdade, parece estar vivendo um ressurgimento. Especialmente no Vale do Silício. (Jack Dorsey, CEO do Twitter, já revelou em entrevista que tem o hábito de mergulhar em uma banheira de gelo).

Mas o que as evidências mostram?

Um amplo estudo realizado na Holanda mostrou que as pessoas que tomavam banho frio tinham menos probabilidade de se ausentar do trabalho devido a doenças do que aquelas que tomavam banho quente.

A água fria oferece supostamente vários benefícios para a saúde física e mental
A água fria oferece supostamente vários benefícios para a saúde física e mental
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Um grupo de mais de 3 mil pessoas foi dividido em quatro e orientado a tomar banho quente todos os dias.

A um dos grupos, contudo, os pesquisadores pediram que encerrassem o banho com 30 segundos de água fria, outro com 60 segundos de água fria, e um terceiro com 90 segundos de água fria.

O grupo de controle poderia simplesmente desfrutar do banho quente.

Os participantes foram convidados a seguir este protocolo por um mês. (Embora 64% tenham continuado com o esquema da água fria porque gostaram muito.)

Após um período de acompanhamento de três meses, eles constataram que os grupos que tomaram a chuveirada gelada apresentaram uma redução de 29% nas licenças médicas autodeclaradas do trabalho.

Curiosamente, a duração da água fria não afetou as faltas por doença.

A razão pela qual um jato de água fria pode impedir as pessoas de ficarem doentes não está clara, mas algumas pesquisas sugerem que pode ter algo a ver com o fortalecimento do sistema imunológico.

Um estudo da República Tcheca mostrou que quando "homens jovens atléticos" foram imersos em água fria três vezes por semana durante seis semanas, isso ofereceu um leve estímulo ao seu sistema imunológico.

No entanto, mais estudos (e mais amplos) são necessários para confirmar estas descobertas.

A água fria também parece ativar o sistema nervoso simpático, a parte do sistema nervoso que é responsável pelas respostas de luta ou fuga (reação fisiológica automática a um evento percebido como perigoso, estressante ou assustador).

Quando ele é ativado, durante um banho frio, por exemplo, há um aumento nos níveis do hormônio conhecido como noradrenalina.

Isso é o que provavelmente causa o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial observados quando as pessoas são imersas em água fria — e está relacionado às melhorias sugeridas para a saúde.

A imersão em água fria também demonstrou melhorar a circulação.

Quando estamos expostos à água fria, há uma diminuição do fluxo sanguíneo para a pele.

E quando a água fria para, o corpo precisa se aquecer, então há um aumento do fluxo sanguíneo para a superfície da pele.

Alguns cientistas acreditam que isso pode melhorar a circulação.

Acredita-se que a água fria esteja ligada ao fortalecimento do sistema imunológico
Acredita-se que a água fria esteja ligada ao fortalecimento do sistema imunológico
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Um estudo que analisou a imersão em água fria após o exercício descobriu que, depois de quatro semanas, o vai e vem do fluxo sanguíneo para os músculos havia melhorado.

Há também algumas evidências de que o banho frio pode ajudar você a perder peso.

Um estudo mostrou que a imersão em água fria a 14℃ aumentava o metabolismo em 350%.

Metabolismo é o processo pelo qual seu corpo converte o que você come e bebe em energia, então um metabolismo mais alto equivale a mais energia queimada.

Além dos benefícios físicos, os banhos frios também podem oferecer benefícios para a saúde mental.

Há uma corrente de pensamento que acredita que a imersão em água fria gera um alerta mental maior devido ao estímulo da resposta de luta ou fuga mencionada anteriormente.

Em adultos mais velhos, a aplicação de água fria no rosto e no pescoço demonstrou melhorar a função cerebral.

O banho frio pode ajudar a aliviar ainda os sintomas de depressão.

Um mecanismo proposto é que, devido à alta densidade de receptores de frio na pele, o banho frio envie uma quantidade avassaladora de impulsos elétricos das terminações nervosas periféricas para o cérebro, que podem ter um efeito antidepressivo.

Há uma boa quantidade de evidências de que a imersão em água fria ou tomar um banho frio é bom para a saúde — mesmo que as razões ainda não sejam muito claras.

Mas antes de começar a abrir a torneira de água fria no final do banho, você deve saber que existem alguns riscos relacionados ao banho gelado.

Como um jato repentino de água fria bate no corpo, pode ser perigoso para pessoas com doenças cardíacas — isso poderia precipitar um ataque do coração ou irregularidades no ritmo cardíaco.

* Lindsay Bottoms é professora de Fisiologia do Exercício e da Saúde na Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

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