Baterias sustentáveis super-potentes poderão ser feitas de algodão no futuro
O uso de baterias representa um desafio para o desenvolvimento de tecnologias mais sustentáveis, dada a elevada poluição gerada. Além disso, a crescente demanda por veículos elétricos tende a pressionar a busca por fontes capazes de armazenar grandes quantidades de energia.
O problema envolvendo o lítio, comumente usado nas pilhas e baterias, começa no próprio processo de obtenção, que ocorre por meio da mineração. A sua extração, além de contribuir com alterações permanentes na paisagem, exige a utilização de uma elevada quantidade de energia, sem falar no uso da própria água, um recurso natural cada vez mais escasso.
O descarte inapropriado de pilhas e baterias, por sua vez, potencializa os danos ambientais: o lítio, assim como outros metais utilizados com propósitos semelhantes, prejudica o solo e o lençol freático, causando danos permanentes ao contaminar plantações e a água dos rios. Diretamente ou não, já somos afetados por esse ciclo nocivo. Mas, então, qual é a melhor alternativa?
Enfrentando desafios: a busca por baterias sustentáveis
Para quem está em busca de soluções, o cenário ainda se mostra delicado, já que utilizar uma bateria sustentável muitas vezes significa obter menor eficiência energética. Da mesma forma, ter que depender das versões mais eficazes significa aumentar a pegada de carbono e adiar a transição energética.
Mas como prova de que as baterias sustentáveis podem ganhar um maior espaço, a PJP Eye, empresa com sede no Japão, está investindo na produção de baterias que resolvam esses dois problemas.
A ideia é fornecer, a partir do carbono obtido do algodão, uma bateria mais eficiente que seja capaz de carregar em pelo menos dez vezes menos tempo que modelos convencionais utilizados atualmente.
Dentre as possíveis aplicações, destaca-se o uso em bicicletas elétricas. Uma outra vantagem é que, livres de níquel, manganês e cobalto, essas baterias serão capazes de durar por mais de 30 anos. Ainda há outra versão que poderá ser usada em aviões elétricos e táxis voadores que estará disponível a partir de 2025.
Rastreando as baterias
Pesquisadores do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro), ligada à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estão trabalhando num projeto inovador para o rastreamento de baterias, independente da fabricante e da finalidade.
A plataforma que está sendo projetada contará com a tecnologia blockchain, e permitirá o monitoramento a partir de dados compartilhados pelas fabricantes de uma forma segura. Em suma, o rastreamento inclui a disponibilização de dados acerca do processo de produção das baterias, passando pelo descarte, e mesmo por outros aspectos que dizem respeito sobre o próprio período de vida útil delas.
Com a coleta de todas essas informações, seria possível investir até mesmo na formulação de métodos para aperfeiçoá-las mais adiante. O objetivo ainda é oferecer um caminho para que elas sejam regulamentadas, assim como já está ocorrendo na União Europeia. O trabalho está sendo financiado pela TotalEnergies, uma multinacional francesa.
Ou seja, o futuro até pode envolver o emprego massivo de novas tecnologias, mas isso não significa que um uso mais consciente dos recursos naturais existentes e o incentivo à sustentabilidade fiquem de fora.