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Cancún também é alvo de ameaça ambiental

9 dez 2010 - 08h12
(atualizado às 08h44)
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Cancún é um dos destinos turísticos mais populares do mundo, mas estudos recentes indicam que a mudança do clima reserva maus tempos para o futuro do balneário, que neste ano sedia a conferência das Nações Unidas sobre mudança climática.

Com uma gigantesca infra-estrutura hoteleira que cresceu rapidamente desde fins da década de 1970, chegando hoje a cerca de 30 mil quartos, muitos prédios de Cancún ficam a alguns passos do mar azul turquesa do Caribe.

E é exatamente isso que, segundo cientistas, ameaça o futuro da região. A existência dos prédios próximos do mar impedem a evolução da flora costeira colaborando para o aumento da erosão das praias.

Fatores como elevação do nível do mar, intensificação e maior frequência de tempestades e furacões e maior precipitação - possíveis consequências da mudança do clima nesta região - podem agravar problemas já existentes.

A erosão das praias a cada ano se torna mais preocupante. Só em 2009, custou ao governo US$ 100 milhões em trabalhos de transporte de areia de um banco de areia no balneário vizinho Cozumel.

"Eu atribuo este problema à forma com que se utiliza a costa", afirmou à BBC Brasil o oceanógrafo físico mexicano Ismael Mariño, do Centro de Investigação e Estudos Avançados (Cinvestad), em Mérida.

Demolição

Para ele, em vários casos, a melhor solução seria a demolição dos prédios atuais e a reconstrução mais distante do mar, de forma a permitir o crescimento da vegetação costeira.

"Daria a Cancún mais chances de sobreviver ao futuro". Para Mariño, as enormes e pesadas construções próximas do mar mudam o sistema natural da costa, o que pode ser ainda mais agravado com a subida.

Com a possível elevação do nível do mar, milhares de dólares teriam de ser investidos todo ano não só para reconstruir as praias como para proteger os hoteis.

Furacões

O prognóstico sombrio marca também a tese de doutorado do pesquisador Arnoldo Matus Kramer, da universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, que investigou o impacto das mudanças climáticas no estado mexicano de Quintana Roo como um todo.

Ele inclui o perigo de furacões cada vez mais fortes e mais frequentes entre os fatores que ameaçam Cancún.

Em 1998, o furacão Gilbert causou prejuízos a 24% do setor hoteleiro do balneário. No entanto, foi o Wilma que causou os maiores prejuízos da história mexicana, quase US$ 1,5 bilhão.

O perigo de altas construções localizadas diretamente à beira do mar diante de furacões cada vez mais intensos é evidente. Mas as altas ondas provocadas por tempestades também podem agravar o problema de erosão das praias.

Para Matus, o mais preocupante é que o modelo de crescimento rápido e pouco ordenado está sendo repetido em outras praias do estado, por causa da saturação da infra-estrutura em Cancún.

'Caso perdido'

Ele alerta para a importância de adaptar os novos empreendimentos enquanto ainda há tempo.

"Para muitos, Cancún já é um caso perdido", afirmou. "As metas de crescimento urbano não foram seguidas, mas economicamente, este lugar é um sucesso".

Para Mariño, a adaptação para enfrentar as mudanças climáticas em Cancún pode passar por comportas no estilo holandês para manter o mar a uma distância segura.

Por enquanto, de acordo com o pesquisador Arnoldo Matus Kramer, quem vem garantindo o futuro do balneário são seguradoras e governo.

"Criou-se uma indústria para salvar Cancún", ironizou.

A faixa foi assinada por Greenpeace, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Observatório do Clima e Grupo de Trabalho Amazônico
A faixa foi assinada por Greenpeace, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Observatório do Clima e Grupo de Trabalho Amazônico
Foto: Greenpeace / Divulgação
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