Ciclone extratropical e subtropical: o que são e quais as diferenças?
Ciclones são fenômenos meteorológicos que acontecem com frequência no sul do Brasil. Entenda mais sobre eles!
Os recentes ciclones que têm atingido o Rio Grande do Sul chamaram a atenção pela sua violência e potencial de destruição. Até o dia 13 de setembro de 2023, a passagem do ciclone pelo estado tinha vitimado 47 pessoas, além de ter deixado mais de 4 mil desabrigadas e mais de 20 mil desalojadas.
Os estragos causados pelas chuvas intensas em cidades como Lajeado, Roca Sales, Muçum, Arroio do Meio e Encantado ainda estão sendo contabilizados. Enquanto isso, muitos brasileiros têm tentado entender como funcionam esses fenômenos naturais.
Entender o que são ciclones e como eles se formam pode ajudar na hora de identificar quando um acontece, facilitando a proteção das pessoas e salvando vidas.
O que é um ciclone?
O ciclone é uma tempestade que se forma em uma área de baixa pressão atmosférica — como os oceanos.
Nessas áreas, o ar quente sobe para as camadas altas da atmosfera, enquanto o ar frio desce para a superfície, já que é seco e denso e não pode ocupar o mesmo espaço do ar quente, que é úmido.
Esse processo aquece a massa de ar, criando uma área de instabilidade com menor pressão em seu centro, que tem circulação fechada.
Por ter essa menor pressão, a diferença entre a movimentação de ar no local e no seu exterior se torna intensa, formando um sistema de nuvens e tempestades que se tornam ciclones.
Ao serem formados, os ciclones podem durar vários dias sem perder sua intensidade. Essas tempestades também se movem, podendo atingir áreas terrestres — como o acontecido no Rio Grande do Sul em 2023.
Quais são os tipos de ciclone?
Existem três tipos de ciclone: o tropical, o subtropical e o extratropical.
Ciclone Tropical
O ciclone tropical é caracterizado por uma massa de nuvem arredondada, que não causa frente fria, mas causa ventos e tempestades intensas. Formado no entorno dos trópicos, esse ciclone pode ter tamanhos variados.
Um dos exemplos de ciclone tropical foi o ciclone Freddy, originado no Oceano Índico Sul em fevereiro de 2023. O ciclone atingiu Moçambique, Madagáscar e Malawi, afetando milhares de pessoas antes de se dissipar em 14 de março de 2023 — quase 5 semanas depois de ter se formado.
Ciclone Subtropical
O ciclone subtropical compartilha algumas características com o tropical: também é formado por uma massa de nuvens arredondadas e não causa frente fria antes de sua chegada.
Porém, esse tipo de ciclone se forma nos trópicos, provocando grandes volumes de chuva e ventos intensos. Um dos ciclones subtropicais mais recentes é a Tempestade subtropical Ana, que aconteceu em maio de 2021, no fim da temporada de furacões no Atlântico, e atingiu as Ilhas Bermudas.
Ciclone Extratropical
Os ciclones extratropicais — como o que tem atingido o Rio Grande do Sul — se formam em locais de média e alta latitude, fora dos trópicos.
Sua formação traz frentes frias, causando ventos fortes, mas chuvas moderadas. Até agosto de 2023, cinco ciclones extratropicais tinham atingido o sul e o sudeste brasileiro, derrubando temperaturas em seus estados.
Qual a diferença entre um ciclone, um tufão e um furacão?
Quando uma tempestade do tipo acontece no Oceano Atlântico ou no norte do Oceano Pacífico — perto de países da América do Norte, como Estados Unidos e Canadá — ele recebe o nome de furacão.
Já quando o fenômeno acontece no noroeste do Oceano Pacífico, perto de países da Ásia e do oeste Europeu, ele é chamado de tufão; quando acontecem no sudeste do Oceano Índico e no sudoeste do Pacífico, perto da Oceania, as tempestades recebem o nome de ciclone tropical severo.
O nome "ciclone" se repete quando as tempestades acontecem no sudoeste do Oceano Índico, perto do continente africano. Se ocorre no norte do Índico, elas são chamadas de "tempestades ciclônicas severas".
Ou seja, apesar de terem nomes diferentes, furacões e tufões são o mesmo fenômeno meteorológico: ciclones tropicais, só mudando de nome de acordo com o lugar onde eles ocorrem.
Além disso, ciclones tropicais mais fracos, com ventos abaixo de 62,6 km/h, são chamados de depressão tropical; já ciclones que atingem velocidades acima de 62,7 km/h são chamados de tempestades tropicais. Geralmente, o nome furacão só é dado em casos onde os ventos atingem 119 km/h.
Existe uma escala de furacões, a Escala de furacões de Saffir-Simpson, que classifica os possíveis danos causados por furacões de acordo com a velocidade de seus ventos.
Qual a velocidade que os ventos têm que atingir para caracterizar um ciclone?
De acordo com a Escala de Furacões de Saffir-Simpson, todos os furacões têm potencial de dano, mas apenas os fenômenos classificados na categoria 3 em diante são considerados grandes furacões.
Ainda assim, furacões de todas as categorias podem causar ventos intensos, causar inundações e vitimar pessoas.
Segundo a Escala de furacões de Saffir-Simpson, os furacões podem ser classificados de acordo com as seguintes categorias:
Categoria 1: São ventos entre 119 e 153 km/h, que são perigosos e produzirão danos, causando inclusive cortes de energia que podem durar muitos dias;
Categoria 2: São ventos extremamente perigosos, de 154 a 177 km/h, que causarão grandes danos, arrancando árvores de suas raízes e prejudicando a estrutura de casas;
Categoria 3: Os furacões de categoria 3 tem ventos de 178 a 208 km/h e são descritos como furacões que causam danos devastadores, danificando casas e causando cortes de energia e água que demorarão semanas para se restabelecer;
Categoria 4: São os furacões que tem ventos entre 209 e 251 km/h, causando danos catastróficos que tornarão a área atingida inabitável por semanas ou meses. Vale dizer que furacões acima de 240 km/h são considerados "supertufões" no oeste do Pacífico Norte;
Categoria 5: São furacões que atingem 252 km/h ou superior, destruindo casas, isolando áreas residenciais e interrompendo o envio de suprimentos e energia para esses lugares.
É importante dizer que essa escala é adaptada para a realidade dos Estados Unidos. No Brasil, os danos causados por ventos de menor intensidade podem ser maiores do que os definidos por essa escala.
Por exemplo, os ventos do ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul ultrapassaram 100 km/h. Junto com a chuva forte, acabou causando a destruição de casas, corte de energia e inundações em cidades como Fronteira Oeste, Uruguaiana, São Gabriel, Alegrete e Bagé.
Já aconteceram ciclones no Brasil?
Além do ciclone extratropical que atinge o Rio Grande do Sul no momento, trazendo ventos e excesso de chuvas, é comum que esse fenômeno aconteça no sul do Brasil, ainda mais a partir do mês de julho — durante o inverno brasileiro.
Mas, devido às mudanças climáticas, esses fenômenos têm acontecido mais vezes e com maior intensidade, causando chuvas e tempestades mais frequentes e violentas, assim como ondas de frio, prejudicando a população.
Porém, um dos ciclones mais lembrados quando se fala sobre o assunto no Brasil aconteceu há quase 20 anos: foi o Furacão Catarina, que atingiu Santa Catarina em 2004.
O Catarina trouxe fortes inundações para o estado, danificando cerca de 40 mil casas e deixando cerca de 2 mil pessoas desabrigadas. O furacão também vitimou 3 pessoas, além de ferir outras 75.
Como identificar a aproximação de um ciclone?
Segundo a Defesa Civil de Santa Catarina, você deve se atentar aos seguintes sinais para identificar a aproximação de um ciclone:
- Céu escuro ou esverdeado;
- Nuvens baixas;
- Queda de granizo intensa, com pedras grandes;
- Sons altos de trovão.
Como agir em caso de ciclones?
Ainda segundo a Defesa Civil de Santa Catarina, em caso de ciclones, é possível se proteger tanto dentro quanto fora de casa.
- Se você estiver fora de casa, é necessário se manter longe de árvores ou fiações elétricas e proteger a cabeça para evitar a queda de granizo;
- Se estiver dentro de casa, mantenha-se longe de janelas ou portas de vidro, que podem explodir devido à pressão feita pela tempestade. Busque se proteger debaixo de mesas ou objetos resistentes.
- Se morar ou estiver em um prédio, se refugie nos andares mais baixos.