Cientista e religioso, Blaise Pascal nasceu na França há 390 anos
Pascal criou a primeira máquina de calcular mecânica, fundou a teoria matemática da probabilidade e desenvolveu o Princípio de Pascal
Filósofo, físico, geômetra, matemático, teólogo; inventor da machina arithmetica (a primeira calculadora), em 1642, e consagrado nos estudos de diversas áreas das ciências exatas, Blaise Pascal pertenceu aos primórdios do movimento racionalista europeu no século 17, contemporâneo dos esforços de nomes como Francis Bacon e René Descartes para encontrar um novo método científico. Opostos à herança medieval, que ainda persistia, os pensadores daquele século acreditavam que a verdade poderia ser obtida por meio de um método e seria a verdadeira ferramenta do cientista. Nascido há exatos 390 anos, o francês defendia que cada verdade tinha seu próprio método.
Pascal e os perigos da imaginação
Muito religioso, Pascal reprovava nos cientistas e livres-pensadores do seu tempo o crescente agnosticismo e ateísmo. Os libertinos, como eram denominados muitos dos homens-de-letras, mais e mais afastavam de Deus: no máximo, recorriam ao Todo-Poderoso "como um piparote para pôr o mundo em movimento", uma força mecânica sem alma, lamentou o francês, chegando a acusar Descartes de fazer parte dessa tendência. Enquanto outros cientistas daquela época afirmavam a razão, Pascal era partidário da piedade.
Ele foi uma das exceções entre os sábios da sua época, mais inclinados ao ceticismo e ao descompromisso com a religião. Como narrou sua irmã Gilberte Périer na biografia Pensamentos (1670), Pascal era um homem profundamente comprometido com a fé - quase um beato. Inicialmente cristão, se converteu ao jansenismo em 1647, e depois teve sua segunda "conversão" em 1654, quando abandonou as ciências exatas para se dedicar exclusivamente à filosofia e à teologia.
Pascal investia contra a ideia da imaginação, e a via não como uma das portas sensitivas pela qual a sabedoria pudesse entrar, mas como uma tática enganadora utilizada pelos sentidos em sua "guerra contra a razão". Em permanente conflito entre a própria religiosidade e a investigação científica, atormentada pelos efeitos causados pelo conhecimento científico sobre sua fé, ele foi tomado por uma profunda sensação de terror perante a solidão do homem no mundo. Dono de uma saúde frágil, Blaise Pascal morreu em Paris apenas dois meses depois de seu 39º aniversário, em 1662.
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