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Cientistas brasileiros transformam planta aquática em biocombustível

Pesquisadores da Unesp ampliam o potencial da lentilha-d'água, já muito utilizada para retirar poluentes, sobretudo em criações de peixe

23 out 2024 - 15h42
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Uma planta aquática comumente encontrada em rios e lagos pode se transformar em biocombustível. A lentilha-d'água (Lemna minor) é muito usada na criação de peixes para retirar poluentes da água e, agora, cientistas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp estão propondo o seu uso como combustível. O trabalho faz parte de um amplo projeto de pesquisa em economia circular e biotecnologia premiado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A pesquisa é fruto da dissertação de mestrado de Carlos Takashi, intitulada Análise de Potencial de Produção de Biocombustíveis Utilizando a Biomassa de Lentilha D'água (Lemna minor), que foi defendida em setembro, com orientação do professor Levi Pompermayer Machado.

"O professor Levi já havia utilizado a lentilha-d'água em uma pesquisa anterior focada na biorremediação, um processo no qual a planta absorve poluentes da água", contou Takashi. "A partir da biomassa residual gerada neste estudo, surgiu a oportunidade de aproveitá-la para desenvolver biocombustíveis, conectando os dois processos sob o conceito de economia circular."

"Nossa intenção foi propor soluções que possam ser facilmente implementadas nas propriedades rurais. Por isso, optamos por não seguir abordagens de alta tecnologia, mas sim desenvolver um biocombustível com o menor número de processos possível, permitindo que pequenos agricultores reutilizem o resíduo da planta para gerar energia", explicou Machado.

A pesquisa começou com a coleta de biomassa de lentilha-d'água em uma lagoa de tratamento de efluentes na região de Registro (SP), onde o professor já havia implementado projetos de biorremediação. Após a coleta, a biomassa foi submetida a um pré-tratamento para obter um substrato, ao qual foram adicionados microrganismos capazes de converter a biomassa da lentilha-d'água em biogás.

O composto final foi colocado em frascos e monitorado quanto à produção de metano e hidrogênio. O volume de gases gerados foi medido em diferentes momentos, revelando que a produção de metano alcançou 78% e, a de hidrogênio, 42% em relação ao total de gases emitidos, confirmando a eficiência do processo.

O pesquisador da Unesp defende que o sistema tem potencial para ser aplicado em pequenos sistemas agrícolas e de piscicultura, aproveitando os resíduos da lentilha-d'água comumente usada na produção de peixes para gerar energia localmente.

"O interessante desse projeto é que ele pode ser facilmente implementado em áreas rurais, promovendo a autossuficiência energética dos produtores", explicou Machado. "Acredito que o biometano pode ser utilizado em geradores de energia elétrica, oferecendo uma solução de baixo custo para essas comunidades."

Segundo o docente, a ideia é trabalhar no aprimoramento da pesquisa e desenvolver uma startup de base científica e tecnológica para implementar modelos de produção de metano, especialmente em propriedades rurais.

"Em vez de apenas licenciar a tecnologia para empresas, queremos que os estudantes se tornem empreendedores e explorem comercialmente esses negócios", disse Machado.

A equipe também planeja continuar explorando novas frentes, como o uso da planta para produção de biofertilizantes e ração animal, além de ampliar as tecnologias de biorremediação. Por isso os projetos são desenvolvidos com a abordagem para inovação e o empreendedorismo de base científica e tecnológica na incubadora. Segundo Machado, seis startups já foram criadas (em diferentes estágios de desenvolvimento) a partir do projeto.

Estadão
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