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Cientistas acham abismo gigantesco escondido na Antártida

13 jan 2016 - 18h29
(atualizado em 14/1/2016 às 09h00)
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Mapa, em inglês, mostra área onde ficaria cânion oculto na Antártida
Mapa, em inglês, mostra área onde ficaria cânion oculto na Antártida
Foto: Divulgação/BBC Brasil / BBC News Brasil

Um vasto e desconhecido sistema de cânions pode estar escondido embaixo das geleiras da Antártida.

Sinais de sua presença foram encontrados nas formações da superfície do continente gelado, em uma região inexplorada chamada Terra da Princesa Elizabeth.

Se confirmada, em uma pesquisa geofísica formal que está em andamento, a rede sinuosa de cânions teria cerca de mil quilômetros de comprimento e, em alguns trechos, até 1 km de profundidade.

Essas dimensões fariam da formação algo maior que o famoso Grand Canyon, nos Estados Unidos.

"Sabemos, com base em outras áreas da Antártida, que as formas que o gelo assume na superfície são obviamente dependentes do que existe abaixo dele. Isso porque o gelo flui a partir dessas formações", explicou o pesquisador Stewart Jamieson, da Universidade de Durham, no Reino Unido.

"Quando olhamos para a Terra da Princesa Elizabeth a partir de dados de satélite, há aparentemente algumas características na superfície gelada que, para nós, lembram muito a existência de um cânion", continua o especialista.

"Nós rastreamos formações rochosas do centro da Terra da Princesa Elizabeth até a costa, no sentido norte. Trata-se de um sistema bastante substancial", afirmou ele à BBC.

Há ainda suspeitas de que a rede de cânions seja conectada a um lago subglacial, também desconhecido, que cobriria uma área de até 1,25 mil quilômetros quadrados.

A Terra da Princesa Elizabeth (Princess Elizabeth Land, no mapa em inglês) é uma das áreas menos exploradas da Antártida, e novo foco dos times internacionais de cientistas
A Terra da Princesa Elizabeth (Princess Elizabeth Land, no mapa em inglês) é uma das áreas menos exploradas da Antártida, e novo foco dos times internacionais de cientistas
Foto: Divulgação/BBC Brasil / BBC News Brasil

A interpretação inicial que aponta a existência do sistema de cânions é baseada em informações de radar, colhidas em dois locais.

Esses radares conseguem ver através das camadas de gelo, chegando à cama de rochas abaixo delas.

A suspeita é consistente, afirma o professor do Imperial College London (Reino Unido), um dos integrantes da equipe.

"Descobrir um novo abismo gigantesco, que supera o Grand Canyon, é uma perspectiva tentadora", afirmou.

"Geocientistas na Antártida estão fazendo experimentos para confirmar o que nós estamos vendo nos dados iniciais, e esperamos anunciar nossas descobertas em um encontro do ICECAP2 (grupo de colaboração internacional que explora a área centro-leste da Antártida) no fim de 2016."

Pesquisas

A maior parte da Antártida é alvo de pesquisas geofísicas que têm registrado a topografia do continente.

Mas ainda há duas áreas ainda muito desconhecidas: a Terra da Princesa Elizabeth, onde se encontraria o cânion, e a Recovery Basin ("Bacia de recuperação", em tradução literal).

Aeronaves com sensores sobrevoam a Antártida para mapear topografia local
Aeronaves com sensores sobrevoam a Antártida para mapear topografia local
Foto: ICECAP2

Ambas ficam no leste da Antártida e são agora alvo de intenso estudo.

Equipes internacionais – compostos por cientistas de Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, China e outros países – estão usando aeronaves com sensores para sobrevoar centenas de quilômetros quadrados da superfície gelada.

Quando o rastreamento estiver completo, os pesquisadores terão uma visão abrangente de como a paisagem da Antártida realmente é debaixo de todo o gelo.

Esse conhecimento é fundamental para tentar entender como o continente gelado pode reagir em um mundo mais quente, por exemplo.

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