Entenda questões climáticas que serão discutidas na COP-26
Países precisam fortalecer o combate ao aquecimento global com base nas metas do Acordo de Paris
Representantes de aproximadamente 200 países vão se encontrar em Glasgow, na Escócia, a partir deste domingo, 31, até o próximo dia 12 para discutir ações climáticas que possam fortalecer o combate ao aquecimento global com base nas metas do Acordo de Paris, pacto assinado em 2015.
Como pano de fundo, eventos climáticos extremos - como secas, inundações e ondas de calor - têm sido cada vez mais frequentes e o relatório IPCC, painel intergovernamental de mudanças climáticasda ONU, mostrou este ano que o planeta deve ficar 1,5ºC mais quente do que na era pré-industrial já na década de 2030, dez anos antes do inicialmente previsto. Por isso, decisões políticas tomadas pelos líderes ao longo da COP-26 são determinantes para salvar o planeta, mas há grandes desafios para chegar a um acordo.
Abaixo, confira alguns dos assuntos que serão discutidos na conferência:
Corte de emissões
Há seis anos, em Paris, os países concordaram em reduzir a emissão dos gases de efeito estufa para limitar o aquecimento global a 2ºC e, idealmente, 1,5ºC acima do nível pré-industrial. Para atingir isso, as emissões precisam ser reduzidas pela metade até 2030 e zeradas até a metade do século. Como a conferência da ONU foi adiada em 2020 pela pandemia do coronavírus, este ano é o prazo-limite para que os países façam propostas mais concretas para a redução de emissões.
O relatório anual sobre Lacuna de Emissões lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que mensura a diferença entre as emissões previstas e aquelas consistentes com o controle de aumento da temperatura previsto no acordo de Paris, foi lançado esta semana. O documento revelou que as metas atualizadas dos países apenas reduzem a previsão de emissões para 2030 em 7,5%, quando comparadas com os compromissos prévios.
Se o ritmo continuar assim ao longo deste século, isso poderia gerar um aquecimento de 2,7ºC, ligeiramente abaixo dos 3ºC previstos pelo Pnuma no relatório anterior. É necessária uma redução de 30% nas emissões para que a temperatura seja contida em 2ºC; e de 55% para que ela chegue a apenas 1,5ºC.
Grandes emissores como a China e a Índia - responsáveis por aproximadamente um terço dos gases de efeito estufa emitidos no mundo - ainda não assumiram Contribuições Nacionalmente Determinadas (as NDCs, na sigla original, propostas pelo acordo de Paris) e precisam fazê-lo no evento deste ano. Já o Brasil reduziu a ambição de suas metas, mudando a base de cálculo para o corte de emissões de gases estufa. O principal desafio da gestão Jair Bolsonaro é diminuir o desmatamento da Amazônia, principal responsável do País pela poluição da atmosfera.
Artigo 6
O Artigo 6 do Acordo de Paris, que cobre o papel dos mercados de carbono, não foi resolvido desde que o pacto foi feito. O objetivo é estabelecer um mecanismo central da ONU para trocar os créditos de carbono dos cortes nas emissões geradas por projetos de baixo carbono. Com isso, é possível pagar por uma redução de emissões em outro lugar, como na prevenção do desmate. Um país também pode, por exemplo, pagar outro pelo desenvolvimento de um projeto de energia renovável no lugar de uma planta de uso de carvão.
Recursos
Ainda em 2009, países desenvolvidos concordaram em levantar U$100 bilhões por ano até 2020 para ajudarem os países em desenvolvimento a lidarem com os impactos das mudanças climáticas. Mas um plano de como organizar isso, preparado pelo Canadá e pela Alemanha antes da COP-26, afirmou que o objetivo anual agora não seria atingido até 2023.
Como as nações ricas não têm atingido a meta de U$ 100 bilhões por ano, isso pode minar a confiança durante as reuniões climáticas, avaliam especialistas. Agora, um novo objetivo financeiro precisa ser organizado para 2025 em diante.
Combustíveis fósseis
O presidente britânico da COP-26, Alok Sharma, disse querer que a conferência seja aquela em que o poder do carvão seja definitivamete abandonado. A ONU tem pedido que o carvão acabe até 2030 nos países membros da OCDE, mas os ministros do meio ambiente de países do G-20 têm falhado em estabelecer uma linha do tempo para isso. / REUTERS