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'Era da irresponsabilidade' coloca Amazônia em risco, diz GEO-5

6 jun 2012 - 15h41
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André Naddeo
Direto do Rio de Janeiro

Da aclamada Eco-92 para a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que começa na semana que vem (com as atividades paralelas, o encontro de chefes de Estado tem início no dia 20), no Rio de Janeiro, passaram-se 20 anos. E entre protocolos assinados e teses e mais teses para a discussão do aquecimento global, pouco foi feito de efetivo e a situação ambiental mundial beira o irreversível.

Esta é a principal constatação do quinto Panorama Ambiental Global (GEO-5), divulgado nesta quarta-feira, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente, em evento no Palácio Itamaraty, no centro do Rio de Janeiro.

"Este relatório diz que as coisas que falamos 20 anos atrás, chegaram à tona. Vivemos numa era de irresponsabilidade. Temos todas essas informações sobre o que está acontecendo com o nosso planeta e com as pessoas, mas ainda assim, acordamos de manhã e dizemos: 'nossa, que horrível', e seguimos o dia", apontou Achim Steiner, diretor-executivo e subsecretário geral da ONU.

A situação torna-se preocupante a partir do momento em que, das 90 principais metas estabelecidas em relação ao planeta nas últimas duas décadas, apenas em 4% do total houve avanço significativo. "Já chegamos a alguns pontos em que não poderemos mais implementar o futuro que desejamos", disse Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Quatro análises independentes apontadas pelo GEO-5 dizem que o período entre 2000 e 2009 foi o mais quente já registrado na história do planeta. A perspectiva, diante da informação, é que a emissão de gases de efeito estufa podem dobrar nos últimos 50 anos, aumentando a temperatura global em 3°C ou mais até o final do século.

O dado torna-se ainda mais alarmante se levarmos em conta a Floresta Amazônica. De acordo com a pesquisa global, o processo de "savanização" do maior conjunto de biodiversidade mundial está em pleno acontecimento e não resistiria a um desmatamento de 40% da sua área, ou então ao aumento da temperatura global em 4°C.

"Se queremos ter todos os recursos que ela reserva a longo prazo, não é suficiente apenas políticas públicas dos países amazônicos, é preciso algo global para que se diminua os riscos do aquecimento global. As ações têm que começar ontem, mas ainda estamos vivendo uma inércia", apontou Nobre.

"Pode-se zerar o desmatamento, que terá um efeito pequeno no aquecimento global. Portanto, para preservar este importantíssimo sistema biológico mundial, que tem impacto no clima da América do Sul, do planeta, e nos recursos de água doce é fundamental que haja o controle do aquecimento global, se não, o esforço brasileiro e de outros países terá sido em vão", completou Carlos Klink, secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do ministério do Meio-Ambiente.

Outros dados

Se a eliminação da produção e uso de substâncias nocivas à camada de ozônio, a eliminação da utilização de chumbo em combustíveis, o uso crescente de fontes melhoradas e água, e, por fim, pesquisas para diminuir a poluição do ambiente tiveram avanço satisfatório, nos demais aspectos analisados pelo relatório constata-se uma inércia coletiva.

Os prejuízos causados pela poluição do ar, por exemplo, em termos de produtividade agrícola, foram estimados entre US$ 14 e US$ 26 bilhões. Sobre a biodiversidade global, 20% dos seres vertebrados estão ameaçados de extinção, sendo que os recifes de corais no mundo sofreram redução na ordem de 38%, até 2010.

Em relação à água, o GEO-5 fala em 600 milhões de pessoas no mundo que não terão acesso ao recurso natural mais importante do planeta, até 2015, enquanto que 2,5 bilhões de habitantes do planeta não terão saneamento básico. A qualidade da água nos principais sistemas fluviais ao redor do mundo também não atende ao padrão estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O profundo levantamento aponta ainda para o notório crescimento de desastres naturais oriundos das mudanças climáticas. As inundações aumentaram 230%, enquanto que as secas, 38%, entre os anos de 1980 e 2000. Se o nível do mar aumentar substancialmente, a adaptação das zonas costeiras custará aos cofres públicos mundiais a exorbitante quantia de US$ 89 bilhões até a década de 2040.

Fonte: Terra
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