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Flórida sofrerá tempestades mais fortes com aumento do nível do mar

22 abr 2014 - 16h38
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O estado americano da Flórida está a caminho de sofrer furacões mais fortes, devido ao aumento do nível do mar e às mudanças climáticas, o que põe em risco milhões de pessoas e pode causar enormes prejuízos, advertiram cientistas e autoridades locais nesta terça-feira, em Miami Beach.

"Este é o 'marco zero' (a zona de impacto): toda vez que há maré alta, há inundações", afirmou o senador democrata pela Flórida, Bill Nelson, que liderou uma audiência dedicada ao tema no edifício da prefeitura de Miami Beach.

"Nos últimos 50 anos, o nível do mar na Flórida aumentou entre 5 e 8 polegadas (de 12 a 20 centímetros, ndr). É real", afirmou Nelson.

Os gases de efeito estufa produziram um excesso de energia no planeta e "90% desta energia adicional esquentou os oceanos", elevando o nível do mar no mundo em 3 milímetros ao ano desde 1993, disse um diretor do centro Goddard da Nasa, Piers Sellers.

Sellers, um ex-astronauta que viajou três vezes à Estação Espacial Internacional (ISS), advertiu que o aquecimento global afetará a intensidade e a frequência das tempestades.

"O que significa para a Flórida? No fim do século, a intensidade dos furacões e a chuva no centro dos furacões podem aumentar. (...) O aumento do nível do mar e o desenvolvimento costeiro provavelmente potencializarão o impacto dos furacões e outras tempestades nessas comunidades litorâneas", disse Sellers.

"O que representa o pior risco para as áreas costeiras da Flórida é a combinação de um aumento sustentado do nível do mar com um aumento projetado de eventos climáticos incomuns", afirmou o ex-astronauta, que tem seis caminhadas espaciais no currículo.

Setenta e cinco por cento dos 19 milhões de habitantes da Flórida moram em áreas costeiras, lembraram as autoridades.

Especificamente, "estão em risco quase seis milhões de moradores locais, sua economia e seu estilo de vida, 3,7 trilhões de dólares em propriedades só no sudeste da Flórida e uma economia anual de 260 bilhões de dólares", disse o professor da Florida Atlantic University, Fred Bloetscher.

Miami foi apontada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) como uma das cidades americanas que corre o maior risco de sofrer grandes perdas com o aumento do nível do mar.

Trecho de belas praias de areia branca e águas cristalinas, que no ano passado recebeu 14,2 milhões de turistas que deixaram ali mais de US$ 22,8 bilhões, Miami Beach já sofre os efeitos do fenômeno.

Em outubro passado, na época da maré alta, as ruas ficaram quase meio metro sob a água do mar, e, segundo a Agência Oceânica e Atmosférica Americana (NOAA), esta temporada será pior, advertiu o prefeito de Miami Beach, Philip Levine.

"A realidade é inaceitável e está piorando", disse Levine.

O prefeito e outras autoridades do estado afirmaram que já estão tomando medidas para mitigar as inundações, como a instalação de válvulas e estações de bombeamento.

"A proteção da área para os próximos 100 a 150 anos é atingível enquanto tivermos os avanços científicos, a compreensão e a vontade", disse Bloetscher.

O senador Nelson aproveitou para criticar integrantes do Partido Republicano que desconsideram as mudanças climáticas.

"Para aqueles que negam as mudanças climáticas e o aumento do nível do mar, aqui está a prova", concluiu ele, referindo-se aos gráficos e fotos do espaço apresentados por Sellers e outros cientistas durante a audiência para mostrar os avanços do nível do mar.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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