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Meteorologistas preveem futuro nefasto com mudanças climáticas

21 ago 2014 - 20h27
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Aumento das turbulências aéreas, temperaturas cada vez mais extremas e ondas gigantes nos mares: especialistas internacionais pintaram uma imagem apocalíptica do clima nas próximas décadas, em uma conferência mundial encerrada esta quinta-feira em Montreal.

No evento da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU, mil cientistas discutiram o futuro do clima na primeira conferência mundial de meteorologia.

Quase 10 anos depois da entrada em vigor do Protocolo de Quioto, que buscou reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a pergunta não é mais se a Terra sofrerá com o fenômeno do aquecimento, mas como.

"É algo irreversível e a população mundial continua aumentando. É preciso adaptação", disse Jennifer Vanos, da universidade Texas Tech.

Na primeira década do século XXI, a temperatura média da superfície do planeta aumentou 0,47 grau Celsius. Um aumento de apenas 1 grau gera 7% mais vapor d'água e, como a evaporação é o motor da circulação das massas de ar na atmosfera, é possível prever a aceleração dos fenômenos meteorológicos.

Os cenários usados pela comunidade científica estimam um aumento de 2 graus na temperatura média da Terra em 2050.

"As nuvens se formarão mais facilmente e com maior rapidez, e os ventos serão mais fortes", o que causará inundações repentinas, advertiu Simon Wang, da universidade do estado de Utah.

Em termos gerais, segundo o cientista americano, a alta das temperaturas terá "um efeito amplificador sobre o clima como conhecemos atualmente".

Os episódios de frio intenso, como o vórtice polar que castigou grande parte da América do Norte no inverno passado, serão mais marcados e extremos, assim como os de calor excessivo e os períodos de seca.

Para os meteorologistas, o desafio agora será incorporar esta "força adicional" aos seus cada vez mais complexos modelos de previsão, disse Wang.

Para tanto, os meteorologistas precisarão usar supercomputadores que analisem algoritmos muito complexos para prever o tempo.

O cientista Paul Williams estuda o impacto das mudanças climáticas nos "jetstreams" (correntes de jato), usando um destes supercomputadores na Universidade Princeton, em Nova Jersey.

São correntes de ar muito rápidas, situadas a uma dezena de quilômetros de altitude, onde voas os aviões de carreira.

Após semanas de cálculos, concluiu-se que as mudanças climáticas amplificarão a força das estreitas faixas de correntes de ar que giram ao redor do planeta.

"Até 2025, passaremos o dobro do tempo (de voo) imersos nas turbulências", disse.

Atualmente, passageiros de aviões comerciais sofrem turbulências durante 1% do tempo de voo, em média, lembrou Williams. Mas, advertiu, se a concentração de dióxido de carbono aumentar exponencialmente nos próximos anos, "não se sabe como vão reagir os aviões" a estas turbulentas massas de ar.

Em alto-mar, ondas gigantescas porão em risco navios de carga e de passageiros.

"As companhias de navegação já estão enfrentando ondas enormes", algumas com até 40 metros de altura, disse Wang. Até pouco tempo, uma onda de 20 metros já era considerada excepcional.

"Este é apenas o começo das mudanças climáticas porque os oceanos causarão um impacto ainda maior, ao liberar mais calor e vapor", alertou.

Além disso, o degelo na Groenlândia pode resultar em uma elevação de 6 metros nos oceanos do mundo, embora não seja provável que isto aconteça no século atual, avaliou Eric Brun, pesquisador do serviço de meteorologia francês Meteo-France e autor de um estudo recente sobre o tema.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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