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Cometa verde se aproxima da Terra após 50 mil anos e poderá ser visto a olho nu; veja quando

O astro ficará visível até o começo deste mês, a depender do ponto do globo

11 jan 2023 - 13h25
(atualizado em 1/2/2023 às 13h32)
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Um cometa chamado C/2022 E3 (ZTF), que cruzou a órbita da Terra pela última vez há 50 mil anos - quando o planeta ainda era habitado pelos neandertais -, se aproximará novamente no final de janeiro, informou a agência espacial americana (Nasa). O astro verde já se encontra no Sistema Solar e atingiu seu periélio - o ponto mais próximo ao Sol - no dia 12 de janeiro. No Brasil, poderá ser visto a olho nu a partir do começo de fevereiro, calcula o Observatório Astronômico Nacional.

O corpo rochoso e gelado, considerado pequeno para os parâmetros astronômicos, tem o diâmetro de um quilômetro e foi descoberto em março de 2022 no caminho da órbita de Júpiter pelo programa "Zwicky Transient Facility" (ZTF), que opera o telescópio Samuel-Oschin no Observatório Palomar, na Califórnia (EUA).

Há meses ele vem sendo observado e tem a sua trajetória calculada para entender em que momento deve se aproximar da Terra. A conclusão foi de que ele ficará visível até o começo deste mês, a depender do ponto do globo.

Filipe Monteiro, pós-doutor do Observatório Nacional, explica que é possível saber quando um cometa passará e quando ele passou pela última vez pela Terra pelos cálculos de seu período orbital (tempo que um determinado objeto astronômico leva para completar uma órbita em torno de outro objeto).

O astrônomo diz que muitos dos cometas de longo período - como é o caso do C/2022 E3 (ZTF) -conhecidos até hoje foram vistos apenas uma vez na história, já que seus períodos orbitais são maiores que 200 anos, com alguns levando de 100 mil a 1 milhão de anos para orbitar o Sol.

Visita ao sistema solar

Quando um cometa se aproxima do Sol, o gelo em seu núcleo passa para o estado gasoso e libera uma longa cauda que reflete a luz do "astro-rei". Esse brilhante fenômeno é o que será visto da Terra, começando pelo Hemisfério Norte, à medida que o C/2022 E3 (ZTF) se aproxima.

O cometa brilhará em todo o seu esplendor "quando estiver mais próximo da Terra", explicou o professor de física do Instituto de Tecnologia da Califórnia, Thomas Prince, que trabalha para a ZTF. Entretanto, sua passagem deve ser menos espetacular do que a dos cometas Hale-Bopp (1997) e Neowise (2020), que foram muito maiores.

Os preparativos para contemplar a sua passagem próxima à Terra já estão sendo finalizados pelos cientistas, que esperam aprender um pouco mais sobre a composição dos cometas com ele utilizando o poderoso Telescópio Espacial James Webb para uma observação minuciosa.

"Iremos observar por todos os lados. Não é o cometa do século, mas estamos felizes em poder assistir cometas como este a cada um ou dois anos, pois os consideramos vestígios da formação do Sistema Solar", explica o astrofísico do Observatório de Paris-PSL, Nicolas Biver

Como ver o cometa?

O astro poderá ser visto à noite mesmo a olho nu, desde que o céu esteja claro, não haja poluição luminosa e o brilho da Lua não incomode os olhos, informam os cientistas. "Talvez tenhamos sorte e seja duas vezes mais brilhante do que o esperado", arrisca Biver.

O melhor período de observação no Brasil será a partir do próximo sábado, 4. "Com o passar dos dias, o cometa será visto mais alto no céu e com mais tempo de visibilidade", informa o Observatório Nacional. Durante este período, ele passará na direção Norte e abaixo da estrela Capela.

Antes, entre os dias 21 e 22 de janeiro, o cometa passou entre as constelações da Ursa Menor e da Ursa Maior, quando pode ser visto a olho nu no Hemisfério Norte, na região dos Estados Unidos.

De onde vêm os cometas?

Segundo os estudos científicos atuais, os cometas vêm ou do cinturão de Kuiper, localizado para além da órbita de Netuno, ou da nuvem de Oort, uma imensa área localizada a quase um ano-luz do Sol, no limite de seu campo gravitacional.

O C/2022 E3 (ZTF) "vem inicialmente da nuvem de Oort", de acordo com Biver, ao considerar sua órbita. E, desta vez, ele provavelmente "sairá do Sistema Solar de uma vez por todas", diz. /Com informações da AFP

Estadão
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