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Como amostras do asteroide Bennu revelam mistura de 'ingredientes' da vida?

Cientistas da Nasa e outras instituições compartilharam os resultados das primeiras análises aprofundadas dos minerais e moléculas nas amostras que a Osiris-Rex entregou à Terra em 2023

30 jan 2025 - 09h49
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Amostras de asteroides coletadas pela Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) contêm não apenas os blocos de construção primitivos para a vida, mas também os restos salgados de um antigo mundo aquático, conforme relataram cientistas nessa quarta-feira, 29, com base nos resultados obtidos das primeiras análises aprofundadas.

Os achados fornecem a evidência mais forte até agora de que o asteroide Bennu pode ter plantado as sementes da vida na Terra e que esses 'ingredientes' estavam se misturando com a água quase desde o início. "Esse é o tipo de ambiente que poderia ter sido essencial para os passos que levam dos elementos à vida", disse Tim McCoy, do Smithsonian Institution, um dos principais autores do estudo.

A nave Osiris-Rex da Nasa retornou 122 gramas de poeira e pedregulhos do asteroide Bennu à Terra, entregando o recipiente de amostra ao deserto de Utah em 2023 antes de voar para outro objeto espacial.

Permanece como a maior coleta cósmica além da Lua. As duas missões anteriores de coleta de amostras de asteroides, realizadas pelo Japão, renderam consideravelmente menos material.

Pequenas quantidades dos preciosos grãos pretos de Bennu — sobras da formação do sistema solar há 4,5 bilhões de anos — foram distribuídas a duas equipes de pesquisa separadas, cujos estudos apareceram nas revistas Nature e Nature Astronomy.

A quantia foi mais do que suficiente para identificar os minerais ricos em sódio e confirmar a presença de aminoácidos, nitrogênio na forma de amônia e até partes do código genético. Alguns, se não todos, os delicados sais encontrados em Bennu — semelhantes ao que se encontra nos leitos de lagos secos do deserto de Mojave da Califórnia e do Saara da África — seriam eliminados se presentes em meteoritos em queda.

"Essa descoberta só foi possível analisando amostras que foram coletadas diretamente do asteroide e depois cuidadosamente preservadas na Terra", disse Yasuhito Sekine, do Instituto de Ciência de Tóquio, que não estava envolvido nos estudos, em um editorial acompanhante.

Combinando os ingredientes da vida com um ambiente de água salgada rica em sódio, ou salmouras, "isso é realmente o caminho para a vida", disse McCoy, curador de meteoritos do Museu Nacional de História Natural. "Esses processos provavelmente ocorreram muito mais cedo e foram muito mais disseminados do que pensávamos antes."

Segundo a agência aeroespacial, detalhado no artigo da Nature Astronomy, entre as detecções mais convincentes estavam os aminoácidos — 14 dos 20 que a vida na Terra usa para produzir proteínas — e todas as cinco nucleobases que a vida na Terra usa para armazenar e transmitir instruções genéticas em biomoléculas terrestres mais complexas, como DNA e RNA, incluindo como organizar aminoácidos em proteínas.

Danny Glavin, da Nasa, disse que uma das maiores surpresas foi a abundância relativamente alta de nitrogênio, incluindo amônia. Embora todas as moléculas orgânicas encontradas nas amostras de Bennu tenham sido identificadas antes em meteoritos, Glavin disse que as de Bennu são válidas — "material orgânico extraterrestre real formado no espaço e não resultado de contaminação da Terra."

Conforme a Nasa, a amônia é importante para a biologia porque pode reagir com formaldeído, que também foi detectado nas amostras, para formar moléculas complexas, como aminoácidos - dadas as condições certas. "Quando os aminoácidos se ligam em longas cadeias, eles produzem proteínas, que passam a alimentar quase todas as funções biológicas", afirma a Nasa.

Um pôster representando todos os compostos descobertos na amostra.
Um pôster representando todos os compostos descobertos na amostra.
Foto: Divulgação/Nasa / Estadão

"A missão Osiris-Rex já está reescrevendo o livro didático sobre o que entendemos sobre os primórdios do nosso sistema solar", disse Nicky Fox, administrador associado, Science Mission Directorate na sede da Nasa em Washington. "Os asteroides fornecem uma cápsula do tempo para a história do nosso planeta natal, e as amostras de Bennu são essenciais para nossa compreensão de quais ingredientes em nosso sistema solar existiam antes do início da vida na Terra."

Bennu — um monte de entulho de apenas um terço de milha (meio quilômetro) de largura — era originalmente parte de um asteroide muito maior que foi atingido por outros objetos espaciais. Os últimos resultados sugerem que esse corpo-mãe tinha uma extensa rede subterrânea de lagos ou até oceanos, e que a água evaporou, deixando para trás pistas salgadas.

Sessenta laboratórios ao redor do mundo estão analisando pedaços de Bennu como parte dos estudos iniciais, disse Dante Lauretta, da Universidade do Arizona, cientista-chefe da missão que participou de ambos os estudos.

A maior parte do cachê da missão de US$ 1 bilhão foi reservada para análises futuras. Os cientistas ressaltam que mais testes são necessários para entender melhor as amostras de Bennu, assim como são necessárias mais retornos de amostras de asteroides e cometas.

A China planeja lançar uma missão de retorno de amostras de asteroide este ano. Muitos estão defendendo uma operação para coletar rochas e terra do potencialmente úmido planeta anão Ceres no cinturão principal de asteroides.

As luas de Júpiter, Europa, e de Saturno, Encélado, também se destacam como mundos aquáticos atraentes. Enquanto isso, a Nasa tem amostras de núcleo aguardando coleta em Marte, mas sua entrega está em espera enquanto a agência espacial estuda a maneira mais rápida e barata de trazê-las para cá.

"Estamos sozinhos?" disse McCoy. "Essa é uma das perguntas que estamos tentando responder." /Com informações da AP

Estadão
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