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Como é o 'Satan 2', o míssil intercontinental 'invencível' testado pela Rússia

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que um teste com o novo míssil balístico foi realizado na sexta-feira foi e que o RS-28 Sarmat, chamado de 'Satan 2' pela Otan, vai entrar em funcionamento a partir de 2021.

2 abr 2018 - 14h27
(atualizado às 14h43)
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Sarmat, ou 'Satan 2', foi anunciado pela Rússia como uma arma "invencível"
Sarmat, ou 'Satan 2', foi anunciado pela Rússia como uma arma "invencível"
Foto: EPA / BBC News Brasil

O governo da Rússia afirma ser uma de suas mais poderosas armas. E a qualifica como "invencível", "indetectável" e "sem limitação de alcance", capaz de cruzar os polos e de provocar o mesmo impacto tanto na Europa quanto nos Estados Unidos.

A confirmação que os russos estavam construindo um super míssil veio no ano passado, mas foi somente no início deste mês que o presidente Vladimir Putin garantiu que os testes desse novo sistema haviam "entrado em uma fase ativa".

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou na sexta-feira que aprovou com êxito seu novo míssil balístico intercontinental, o RS-28 Sarmat, que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) chama de "Satan 2".

Os russos publicaram um vídeo de seu lançamento e, de acordo com a agência estatal Sputnik, o míssil foi disparado a partir da base Plesetsk, em Arkhangelsk, perto do Circulo Polar Ártico. Foi o segundo teste de que se tem notícia, desde dezembro passado.

Segundo o comunicado, o Sarmat é "capaz de atacar alvos através do Polo Norte e do Polo Sul" e pode chegar a pontos tão distantes como os EUA e a Europa.

Depois do lançamento, o porta-voz do Pentágono, Johnny Michael, assegurou que os EUA não receberam nenhum aviso de Moscou sobre o teste. "Deixo para o Ministério da Defesa da Rússia explicar onde um teste de ejeção se enquadra nos estágios iniciais do desenvolvimento de um programa de mísseis intercontinentais e até onde o objeto em questão viajou", disse Michael.

O míssil foi lançado a partir de Plesetsk, próximo ao Círculo Polar Ártico
O míssil foi lançado a partir de Plesetsk, próximo ao Círculo Polar Ártico
Foto: EPA / BBC News Brasil

Até o momento, não se sabe o alcance real do míssil testado na sexta tampouco a trajetória que ele percorreu.

Segundo a Estrela Vermelha, publicação do Ministério de Defesa russo, o exercício realizado na sexta foi um pré-lançamento e representa a continuidade da primeira etapa das fases de voo.

A agência Sputnik, por sua vez, estima que o míssil estará em funcionamento a partir de 2021 e que a produção em série vai começar em 2020.

O míssil está entre o arsenal de novas armas nucleares "invencíveis" que Putin apresentou há um mês - que inclui um míssil de cruzeiro nuclear e um míssil intercontinental hipersônico.

De acordo com o repórter da BBC Richard Galpin, o Sarmat é apresentado com um substituto para os mísseis Voyevoda (chamados de Satan 1), da era soviética, ainda que tenha capacidade bem maior que a versão do passado.

Acredita-se que o sistema esteja sendo desenvolvido pelo menos desde 2011 e que tenha um peso de aproximadamente 200 toneladas.

Segundo a apresentação de Putin, o Sarmat tem um alcance maior que o do Satan 1, o que o permitiria voar sobre os polos e atacar objetos em qualquer parte do planeta.

Ele teria uma fase de voo ativa curta - por isso seria mais difícil de ser interceptado por sistemas de defesa antimísseis -, seu alcance seria mais longo e teria ogivas mais poderosas.

A agência de notícia estatal russa TASS já havia antecipado em 2016 que o míssil teria um alcance que iria além de 11 mil quilômetros (quase o diâmetro da Terra, que tem 12.742 quilômetros) e suas ogivas pesariam mais de 100 toneladas.

No entanto, muitos especialistas duvidaram dos dados divulgados, questionando se eram informações reais ou se faziam parte do sistema de propaganda russo.

O Sarmat, ou 'Satan 2', seria capaz de lançar ogivas em diferentes alvos, segundo Putin
O Sarmat, ou 'Satan 2', seria capaz de lançar ogivas em diferentes alvos, segundo Putin
Foto: EPA / BBC News Brasil

Estimativas feitas por outros especialistas, a partir dos dados fornecidos pelo governo russo, consideram que o míssil poderia transportar até 10 cargas atômicas.

Uma das principais inovações, segundo Putin, é a capacidade de levar uma grande quantidade de ogivas guiadas, o que significa que poderia fazer lançamentos individuais sobre alvos distintos.

"Estará equipado com uma ampla gama de ogivas nucleares de alto rendimento, incluída as hipersônicas e os sistemas mais modernos de penetração de defesa antimíssil", explicou Putin no início de março.

Além disso, ele afirmou que "o novo sistema praticamente não tem limites de alcance" e que era "indetectável".

O míssil estaria sendo desenvolvido pelo menos desde 2011, mas somente no ano passado veio a confirmação oficial
O míssil estaria sendo desenvolvido pelo menos desde 2011, mas somente no ano passado veio a confirmação oficial
Foto: EPA / BBC News Brasil

"Devido a suas características, nenhum sistema de defesa antimíssil, nem mesmo os futuros, é um obstáculo. Ele é invencível", completou o presidente russo.

Mas muitos especialistas consideraram exageradas as afirmações de Putin, em especial porque não levar em conta os possíveis avanços de tecnologia antimíssil. Outros ponderam, contudo, que o já existente Voyevoda há anos facilmente superaram mecanismos de defesa antimísseis dos Estados Unidos.

O anúncio da Rússia aumenta a receio de que uma nova corrida nuclear possa estar por acontecer. Outras potências, como a China, também trabalham suas próprias armas de nova geração e o presidente dos EUA, Donald Trump, pediu recentemente que se aumente o arsenal nuclear do país.

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