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Como funcionam os purificadores que tornam potável água da enchente e que serão usados no Rio Grande do Sul

Purificadores foram comprados pelo influenciador Felipe Neto por meio de vaquinha online.

9 mai 2024 - 17h40
(atualizado às 18h03)
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Inundação em Porto Alegre
Inundação em Porto Alegre
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Na tarde de quarta-feira (8/5), 220 purificadores de água chegaram à cidade de Canoas (RS), na região metropolitana de Porto Alegre.

Comprados pelo influenciador Felipe Neto por meio de valores arrecadados em vaquinha online e transportados com o suporte da Força Aérea Brasileira (FAB), os equipamentos foram testados durante coletiva de imprensa.

"É uma tecnologia muito eficiente e de fácil manuseio. E nós trouxemos hoje 220 purificadores. Cada purificador tem a capacidade de purificar 5 mil litros de água por dia. Isso nos permitirá purificar 1,1 milhão de litros de água/dia", disse Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), na ocasião.

Purificador de água foi testado em Canoas (RS)
Purificador de água foi testado em Canoas (RS)
Foto: Reprodução/Felipe Neto / BBC News Brasil

De acordo com os fabricantes, o processo é bastante simples: primeiro, a água recebe cloro, passa por dois níveis de filtro particulado e acaba em uma membrana de ultrafiltração — um filtro semelhante aos usados em máquinas de diálise.

A empresa que vendeu os purificadores, a PW Tech, afirma que os instrumentos são capazes de filtrar água doce contaminada de rios, poços, lagos, açudes, cisternas, chuva, entre outros.

"Elimina 100% de vírus e bactérias e reduz 99,5% de partículas presentes na água. A água filtrada pelos purificadores é considerada potável e é 100% segura", garante a companhia.

O infectologista Alexandre Schwarzbold, professor da Universidade Federal de Santa Maria e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica a tecnologia.

"O processo físico e químico é muito simples, como todas as ideias geniais, e tem grande impacto do ponto de vista de controle de carga de doença. A filtração é eficaz contra a maioria das bactérias e vírus, incluindo as principais causas de doenças diarreicas", aponta Schwarzbold, que não tem envolvimento direto com o produto.

Voluntários também têm doado e distribuído garrafas de água potável
Voluntários também têm doado e distribuído garrafas de água potável
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O preço do item se inicia em R$ 18.500,00, mas as versões enviadas para o Rio Grande do Sul incluem kits de manutenção e um filtro de linha, chegando a R$ 22.000,00.

"A grande utilidade do purificador é viabilizar água potável para os abrigos que não têm água potável. Boa parte dos abrigos pode ter água potável. Então, 220 purificadores, na nossa avaliação, serão suficientes para suprir a demanda por água potável nesses abrigos, que estão concentrados, na sua grande maioria, aqui na região metropolitana", afirmou o ministro.

Na avaliação do médico Alexandre Schwarzbold, a solução do purificador é bem-vinda e tem potencial.

"Considerando os cerca de 150 mil desalojados e cerca de 47 a 50 mil desabrigados, temos aproximadamente 200 mil pessoas sem acesso à água potável, devido à escassez. Muitas delas estão em espaços públicos, como vias e estradas, em situações improvisadas, como em Eldorado do Sul, onde a cidade desapareceu e as pessoas estão acampadas à beira das estradas, e precisam de acesso à água."

"Portanto, a gestão precisa ser centralizada em alguns abrigos e pontos de distribuição para alcançá-las. Com 220 purificadores, podemos atender cerca de 60 a 70 mil pessoas, um terço do total. Isso é muito positivo."

Como pontos de atenção, o médico alerta que o instrumento requer, além de uma distribuição de água bem planejada, o lembrete de troca de filtro.

"A manutenção desses equipamentos, incluindo a substituição de filtros, é essencial para garantir a eficácia do processo. O Estado deve gerenciar cuidadosamente esse processo, caso contrário, corre-se o risco de não estar purificando adequadamente."

A ideia do equipamento, segundo a empresa, é ser um instrumento "portátil, de baixo custo e fácil instalação e manutenção."

"Passados cinco anos, temos equipamentos em mais de 20 países, em projetos e ações da ONU para crises humanitárias. A tecnologia já promoveu o acesso à água potável em regiões de conflito e sob o efeito de emergências climáticas como Ucrânia, Faixa de Gaza, Síria, Haiti, Paquistão e Etiópia", disse a assessoria de imprensa da PW Tech à BBC News Brasil.

"Aqui no Brasil, os purificadores vêm sendo destinados a áreas remotas e sem infraestrutura de saneamento básico, como a Ilha do Bororé, em São Paulo, e comunidades indígenas Yanomami, no Amazonas. Também se destina a programas na área de saúde e educação, disponibilizando água limpa para Unidades Básicas de Saúde e escolas."

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