Como funcionam os purificadores que tornam potável água da enchente e que serão usados no Rio Grande do Sul
Purificadores foram comprados pelo influenciador Felipe Neto por meio de vaquinha online.
Na tarde de quarta-feira (8/5), 220 purificadores de água chegaram à cidade de Canoas (RS), na região metropolitana de Porto Alegre.
Comprados pelo influenciador Felipe Neto por meio de valores arrecadados em vaquinha online e transportados com o suporte da Força Aérea Brasileira (FAB), os equipamentos foram testados durante coletiva de imprensa.
"É uma tecnologia muito eficiente e de fácil manuseio. E nós trouxemos hoje 220 purificadores. Cada purificador tem a capacidade de purificar 5 mil litros de água por dia. Isso nos permitirá purificar 1,1 milhão de litros de água/dia", disse Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), na ocasião.
De acordo com os fabricantes, o processo é bastante simples: primeiro, a água recebe cloro, passa por dois níveis de filtro particulado e acaba em uma membrana de ultrafiltração — um filtro semelhante aos usados em máquinas de diálise.
A empresa que vendeu os purificadores, a PW Tech, afirma que os instrumentos são capazes de filtrar água doce contaminada de rios, poços, lagos, açudes, cisternas, chuva, entre outros.
"Elimina 100% de vírus e bactérias e reduz 99,5% de partículas presentes na água. A água filtrada pelos purificadores é considerada potável e é 100% segura", garante a companhia.
O infectologista Alexandre Schwarzbold, professor da Universidade Federal de Santa Maria e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica a tecnologia.
"O processo físico e químico é muito simples, como todas as ideias geniais, e tem grande impacto do ponto de vista de controle de carga de doença. A filtração é eficaz contra a maioria das bactérias e vírus, incluindo as principais causas de doenças diarreicas", aponta Schwarzbold, que não tem envolvimento direto com o produto.
O preço do item se inicia em R$ 18.500,00, mas as versões enviadas para o Rio Grande do Sul incluem kits de manutenção e um filtro de linha, chegando a R$ 22.000,00.
"A grande utilidade do purificador é viabilizar água potável para os abrigos que não têm água potável. Boa parte dos abrigos pode ter água potável. Então, 220 purificadores, na nossa avaliação, serão suficientes para suprir a demanda por água potável nesses abrigos, que estão concentrados, na sua grande maioria, aqui na região metropolitana", afirmou o ministro.
Na avaliação do médico Alexandre Schwarzbold, a solução do purificador é bem-vinda e tem potencial.
"Considerando os cerca de 150 mil desalojados e cerca de 47 a 50 mil desabrigados, temos aproximadamente 200 mil pessoas sem acesso à água potável, devido à escassez. Muitas delas estão em espaços públicos, como vias e estradas, em situações improvisadas, como em Eldorado do Sul, onde a cidade desapareceu e as pessoas estão acampadas à beira das estradas, e precisam de acesso à água."
"Portanto, a gestão precisa ser centralizada em alguns abrigos e pontos de distribuição para alcançá-las. Com 220 purificadores, podemos atender cerca de 60 a 70 mil pessoas, um terço do total. Isso é muito positivo."
Como pontos de atenção, o médico alerta que o instrumento requer, além de uma distribuição de água bem planejada, o lembrete de troca de filtro.
"A manutenção desses equipamentos, incluindo a substituição de filtros, é essencial para garantir a eficácia do processo. O Estado deve gerenciar cuidadosamente esse processo, caso contrário, corre-se o risco de não estar purificando adequadamente."
A ideia do equipamento, segundo a empresa, é ser um instrumento "portátil, de baixo custo e fácil instalação e manutenção."
"Passados cinco anos, temos equipamentos em mais de 20 países, em projetos e ações da ONU para crises humanitárias. A tecnologia já promoveu o acesso à água potável em regiões de conflito e sob o efeito de emergências climáticas como Ucrânia, Faixa de Gaza, Síria, Haiti, Paquistão e Etiópia", disse a assessoria de imprensa da PW Tech à BBC News Brasil.
"Aqui no Brasil, os purificadores vêm sendo destinados a áreas remotas e sem infraestrutura de saneamento básico, como a Ilha do Bororé, em São Paulo, e comunidades indígenas Yanomami, no Amazonas. Também se destina a programas na área de saúde e educação, disponibilizando água limpa para Unidades Básicas de Saúde e escolas."