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Cúpula do Clima testa políticas de Obama

23 set 2014 - 04h56
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Pressionado por eleitores e de mãos atadas pelo Congresso, presidente americano terá que convencer, em reunião esvaziada por ausência de líderes, que tem planos mais eficientes para conter aquecimento global.

Quando o furacão Sandy atingiu Nova York, há dois anos, também atingiu o distrito do Brooklyn, onde mora Elizabeth Yeampierres. "Pessoas perderam suas casas, de repente ficaram sem teto", lembra a ambientalista. "Mas nós, no Sunset Park, tivemos sorte em comparação com outras áreas da cidade."

Para que outra tempestade não volte a causar devastação em sua cidade, Elizabeth se juntou à Marcha do Povo pelo Clima, no Central Park, onde mais de 300 mil pessoas se reuniram no domingo (21/09) para protestar por medidas contra o aquecimento global. "Agora é hora de agir, nossos líderes têm que se dar conta", disse a ativista.

Acima de tudo, ela afirma estar "muito decepcionada" com a política ambiental do presidente Barack Obama. "Pensei que ele iria trabalhar mais em seu segundo mandato para combater as mudanças climáticas. Mas não vimos muita coisa acontecer", lamentou.

Quando cerca de 120 líderes políticos se reunirem em Nova York nesta terça-feira (23/09) para a Cúpula do Clima da ONU, as atenções estarão voltadas ao presidente americano. Especialistas dizem que ele não poderá se omitir ou ficar em silêncio. Os manifestantes da Marcha do Povo pelo Clima já deixaram isso bem claro.

Apoio da população, bloqueio no Congresso

Para Jennifer Morgan, do World Resource Institute de Washington, a marcha foi um sinal claro de que é chegada a hora de realizar reformas nos EUA.

"Após o furacão Sandy, aumentou muito o apoio da população à proteção ambiental", afirma a diretora do programa de energia e clima. "E Obama deveria utilizar esse sentimento para promover ativamente a proteção ambiental."

Ela, porém, se mostra cética de que as mudanças poderão vir através de iniciativas legislativas. "Atualmente é muito difícil fazer com que qualquer proposta passe pelo Congresso", afirmou, lembrando que Obama já pôde perceber isso em seu primeiro mandato.

Em 2010, o presidente tentou a aprovação de uma legislação que obrigaria as usinas de energia a pagar pelas emissões de gases do efeito estufa na atmosfera, caso ultrapassassem limites estipulados por lei. Mas o projeto – chamado "Cap and Trade" – foi barrado no Senado americano.

Limites para as usinas de carvão

Morgan conta que, em seu segundo mandato, Obama optou por outro caminho. Com o apoio da agência de proteção ambiental dos EUA (EPA), ele encaminhou uma proposta para impor limites mais rígidos às usinas de carvão. Até 2030, elas teriam que reduzir em 30% suas emissões de CO2, em comparação aos níveis de 2005.

Ao levar o projeto ao Congresso, com o objetivo de que entrasse em vigor já em 2015, Obama foi alvo de severas críticas, especialmente por parte do Partido Republicano e da indústria do carvão. Esta última chegou a falar em uma "guerra ao carvão" declarada pelo presidente.

"Se o presidente conseguir aprovar esse projeto, já terá alcançado mais do que qualquer um de seus antecessores", afirma Lou Leonard, vice-presidente do programa de mudanças climáticas da organização ambiental WWF. "Obama iria demonstrar que é capaz de aplicar medidas incômodas também na questão da proteção ambiental."

Entretanto, Leonard aponta que os projetos do presidente ainda estão longe do suficiente: "Os EUA são os maiores poluidores, atrás da China. As emissões de gases devem ter reduções ainda maiores, para que seja possível atingir o objetivo de limitar o aquecimento global a 2ºC."

"Fracking" e energia solar

Por mais que o tema das emissões de CO2 seja bastante popular entre os que participaram da Marcha do Povo pelo Clima, também existe a preocupação com a falta de engajamento do presidente com outros assuntos polêmicos.

Muitos se manifestaram contra o chamado fracking (ou fratura hidráulica), a técnica que consiste em fraturar rochas no subsolo exercendo alta pressão para liberar gás. No estado de Oklahoma, onde a produção de gás natural é bastante forte, foram registrados, apenas nos primeiros quatro meses do ano, 145 terremotos de até 3.0 de magnitude. Em reportagem publicada pela revista The Atlantic, cientistas sugerem que esse número poderia estar relacionado ao fracking.

O descontentamento também é grande na questão dos subsídios à energia solar. Christina Wright, moradora de Manhattan, falou durante a marcha sobre seus planos de instalar um sistema de energia solar no teto de sua casa.

"Os custos eram tão altos que não tinha como pagar", afirma. Ela diz que, devido às eleições legislativas em novembro, é possível que o presidente paralise a ideia de fornecer subsídios à energia solar.

Ainda assim, muitos esperam que Obama assuma papel de liderança durante a Cúpula do Clima – mesmo porque, muitos outros líderes importantes estarão ausentes. Os governos do Canadá e da Rússia cancelaram suas participações. A China e a Índia enviarão apenas representantes.

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, também não irá a Nova York. Ela será representada pela ministra do Meio Ambiente, Barbaba Hendricks. Essas ausências aumentam a expectativa sobre o papel dos EUA na Cúpula.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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