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Energia nuclear é parte da solução para mudança climática, diz Nobel

19 nov 2014 - 11h26
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A energia nuclear pode desempenhar um papel importante na luta contra a mudança climática e ser parte de sua solução, afirmou em entrevista para a Agência Efe o mexicano Mario Molina, vencedor do Nobel de Química em 1995, que nesta quarta-feira recebe o Prêmio Campeões da Terra da ONU.

"As usinas nucleares precisam ser colocadas sobre a mesa, porque são uma parte da solução, embora não a única", explica Molina, que recebeu o Nobel por descobrir as causas da diminuição da camada de ozônio ao lado dos cientistas Frank Sherwood Rowland e Paul Crutzen.

Segundo o cientista mexicano, que hoje recebe o principal prêmio de meio ambiente das Nações Unidas por sua liderança em um dos maiores acordos do clima (Protocolo de Montreal), o setor nuclear demonstrou ser "mais seguro" que os outros e as usinas atômicas de segunda e terceira geração são muito confiáveis.

As usinas nucleares, ao não queimarem combustíveis fósseis, não geram dióxido de carbono (CO2) e diminuem em 8% as emissões anuais mundiais do poluente, principal responsável pelo aquecimento do planeta.

Pioneiro no estudo da química atmosférica, Molina acredita que as fontes renováveis não vão demorar a substituir as fósseis, o que deve ocorrer antes da metade do século. O cientista, no entanto, expressou preocupação de que a queda do preço do barril do petróleo (abaixo de US$ 80) prejudique essa mudança.

Mas também é preciso ressaltar que o custo das fontes verdes também foi "espetacular": os exemplos mais claros são as energias solar (células fotovoltaicas) e eólica, explica o Nobel.

Desde 2005, o Nobel preside um centro que leva seu nome e que tem como missão buscar "soluções práticas" para os problemas do meio ambiente.

Molina diz que a instabilidade de abastecimento é um dos obstáculos das fontes renováveis, mas o pesquisador acredita que esta barreira está caindo.

Segundo o químico, a imperfeição do sistema de armazenamento da energia se manifesta claramente em indústrias como a do automóvel, cujas baterias ainda são "caras e grandes".

Molina considera o polêmico gás de xisto uma alternativa viável, mas apenas de forma transitória. O cientista ressalta, no entanto, que sua exploração deve ser feita com grande cuidado e investimentos para se evitar danos ambientais (vazamentos e contaminação). Só desta maneira será possível impedir que se repitam "os abusos enormes" ocorridos no Colorado e no Texas (EUA).

Em relação às próximas cúpulas da ONU sobre mudança climática, a de Lima, que será realizada em dezembro deste ano, e a de Paris, em 2015, Molina acredita que ajudarão a avançar no processo de negociação internacional, mas não acredita que um acordo global vinculativo saia da capital francesa.

"Paris é cedo demais para que se produza a mudança necessária, isso vai levar mais de dois ou três anos", acrescenta Molina, um dos 21 cientistas que formam parte do Conselho de Assessores de Ciência e Tecnologia do governo dos Estados Unidos.

Para o cientista, alguns países podem se comprometer a reduzir as emissões de gases poluentes, mas isso não será suficiente" se não houver um acordo global, insiste Molina, atualmente pesquisador da Universidade da Califórnia.

O químico acredita que a ciência da mudança climática é muito clara, mas existem incertezas nas projeções para o futuro.

"Do que não há dúvida é que há um risco muito grande sobre a ocorrência de desastres muito prejudiciais e custosos" para a Humanidade, que é necessário evitar a um custo econômico "moderado", entre 1% e 2% do PIB mundial.

Mas caso nada seja feito, conclui o Nobel, essa porcentagem seria muito maior.

EFE   
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