Equipe internacional finaliza projeto de 'ducha infinita' e filtro d'água impresso em 3D
Um chuveiro que recicla a água durante o banho e uma turbina eólica feita com roda de bicicleta são alguns dos projetos ecológicos sendo finalizados em um castelo na França, como parte de uma iniciativa que visa o uso sustentável de recursos energéticos.
As ideias, que ficarão disponíveis na internet, não estarão sujeitas a normas de propriedade intelectual e poderão ser compartilhadas livremente dentro do sistema chamado de "open source" (código aberto).
Desde meados de agosto, cerca de cem de engenheiros, designers e pesquisadores de vários países, inclusive do Brasil, estão reunidos no castelo de Millemont, nos arredores de Paris, para concluir os 12 projetos finalistas.
A iniciativa, batizada de POC 21 (Proof of Concept – "prova de viabilidade", em tradução livre), foi lançada pelas ONGs Oui Share (da França) e Open State (da Alemanha), que atuam na área de economia colaborativa, e tem o objetivo de aumentar a eficiência no uso de recursos naturais.
A POC 21 recebeu cerca de 200 projetos e selecionou os 12 finalistas – originários de Europa, EUA e Canadá –, cujos protótipos serão finalizados em 18 de setembro.
Logo depois, os métodos de fabricação, em linguagem simples e com uso de materiais reciclados ou acessíveis, serão colocados na internet, nos moldes de "faça você mesmo".
'Ducha infinita'
Um dos protótipos é o finlandês "showerloop", espécie de "ducha infinita" dotada de um sistema de filtragem que recicla a água do banho em tempo real e a re-envia ao chuveiro.
"É um objeto que tem relação direta com os problemas da crise hídrica que enfrentamos em São Paulo e no Rio de Janeiro", disse à BBC Brasil Manuela Yamada, brasileira que integra a equipe em ação no castelo francês como consultora em materiais recicláveis.
Há também um projeto espanhol de um filtro de água impresso em 3D, que custará apenas cerca de um euro (R$ 4) e que poderá ser utilizado em qualquer garrafa.
E uma turbina eólica que deve custar 30 euros (cerca de R$ 130) é 100% composta de materiais reciclados, como chapas de alumínio que normalmente são jogadas fora por gráficas offset após certo tempo de utilização, disse a consultora.
A versão atual do protótipo é capaz de gerar 1 kW sob ventos de 60 km/h – e pode absorver aqueles de até 105 km/h.
Há ainda iniciativas como o "Solarrose", painel com sistema de espelhos para transformar a energia solar em térmica, além de outros projetos de painéis de energia solar, agricultura urbana e conservação e transformação de alimentos.
Melhorias
"O projeto irá continuar após o desenvolvimento dos protótipos. Como as informações estarão disponíveis na internet, elas poderão ter melhorias ao longo do tempo, já que as tecnologias evoluem", afirmou Manuela Yamada, que também atua na MateriaBrasil, empresa de design e conhecimento em projetos ambientais.
Desse modo, "o impacto é bem maior do que se (as iniciativas) fossem desenvolvidas de maneira tradicional", opinou.
Segundo ela, essa é a primeira vez que foi criado um campo de inovação tecnológica e de sustentabilidade tão grande, envolvendo uma centena de pessoas de inúmeros países.
Os objetos em desenvolvimento serão concluídos cerca de dois meses antes da COP 21, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Paris a partir de 30 de novembro.
"Nosso objetivo é favorecer a troca de competências e mostrar como a economia colaborativa participa na transição energética", afirmou Benjamin Tincq, cofundador da OuiShare. "Desejamos tornar esses projetos compreensíveis ao público em geral."
Os protótipos desenvolvidos podem ser vistos de 18 a 20 de setembro no castelo de Millemont, a 55 quilômetros de Paris, onde também devem ser exibidos antes da COP 21.