Amostras do asteroide Ryugu contêm base nitrogenada do RNA
Cientistas descobriram que as amostras do asteroide Ryugu têm compostos nitrogenados orgânicos, como a base nitrogenada uracila e niacina, a vitamina B3
As amostras do asteroide Ryugu, coletadas pela missão Hayabusa-2, contêm compostos orgânicos nitrogenados — entre eles, está a uracila, uma base nitrogenada que faz parte do ácido ribonucleico (RNA). A descoberta foi feita por uma equipe internacional de cientistas liderados por Yasuhiro Oba, professor da Universidade de Hokkaido, no Japão.
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A descoberta representa mais uma evidência de que os compostos que são como "blocos construtores" da vida se formam no espaço, e que podem ter vindo à Terra "de carona" com meteoritos. "Os cientistas já encontraram bases nitrogenadas e vitaminas em alguns meteoritos ricos em carbono, mas sempre houve a possibilidade de contaminação pela exposição ao ambiente da Terra", disse Oba.
Essa possibilidade pode ser descartada no caso das amostras do asteroide Ryugu, coletadas pela sonda Hayabusa-2 em 2019. O material chegou à Terra em 2020 e, como foi coletado diretamente do asteroide e armazenado em cápsulas seladas para o envio ao nosso planeta, não houve contaminação das amostras.
Para o estudo, os pesquisadores mergulharam as partículas do asteroide em água quente. Depois, análises do material com diferentes técnicas revelaram a presença da uracila e niacina, um composto conhecido como vitamina B3 e que tem grande importância para o metabolismo dos organismos dos seres vivos. Segundo os autores, a uracila ocorria em menor quantidade, e a vitamina B3 era mais abundante.
Eles encontraram também alguns aminoácidos, aminas e ácidos carboxílicos, presentes em proteínas e metabolismo, respectivamente. Para os autores, a diferença de concentração nas duas amostras, coletadas de diferentes lugares do asteroide, podem ser resultado da exposição às condições do espaço.
Além disso, eles propõem que os compostos com nitrogênio foram formados a partir de moléculas mais simples, como a amônia, que já se sabe que estão presentes no gelo dos cometas, apesar de não estarem nas amostras. Assim, o Ryugu pode ter surgido como um cometa ou algum outro objeto que esteve em ambientes de baixa temperatura.
Vale lembrar que as análises das amostras do Ryugu são apenas o início, e que ainda há muito a se descobrir sobre como as bases nitrogenadas surgiram no passado da Terra — e as análises das amostras do asteroide Bennu, coletadas pela missão OSIRIS-REx, podem ajudar a desvendar este mistério. "Um estudo comparativo da composição destes asteroides vai trazer novos dados para apoiar estas teorias", disse Oba. O material do Bennu deve chegar neste ano.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Communications.
Fonte: Nature Communications; Via: Hokkaido University
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