Registro da visão da borda da galáxia NGC 4013. O telescópio espacial Hubble chega aos 23 anos. Veja a seguir mais de 100 incríveis imagens do observatório
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105 - Imagem do Hannys Voorwerp (Objeto de Hanny, em holandês). Esta estranha "coisa" verde é na verdade uma gigantesca bolha de gás de 300 mil anos luz de diâmetro próxima a uma galáxia e que brilha devido a um jato de energia que é emitido do núcleo da galáxia
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104 - O objeto Herbig-Haro 110 é um jato de gás quente que sai de uma estrela recém-nascida. Ao contrário dos outros Herbig-Haro, o 110 aparece sozinho, e não em par
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103 - Impressão artística mostra o exoplaneta HD 189733b. A imagem foi feita a partir de registros do telescópio que mostram que o planeta foi atingido por uma grande erupção de sua estrela que evaporou a atmosfera a 1 mil toneladas por segundo
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102 - A nebulosa Westbrook é o resultado de jatos de gás irregulares de uma estrela moribundo
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101 - As manchas à direita são resultantes do impacto do cometa Shoemaker-Levy 9 em Júpiter, um dos mais importantes registros do Hubble
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100 - Conhecida como Cabeça de Cavalo por causa de sua forma, esta nebulosa é uma das mais apreciadas pelos astrônomos
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99 - Agrupamento de galáxias Abell 2218
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98 - Galáxia "brincando de girar" - a imagem mostra como galáxias que colidiram geram novas estrelas
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97 - Esta imagem de Marte é de 2001
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96 - Hubble captura novos painéis solares - a imagem foi registrada no momento em que o telescópio iniciava sua separação da nave Columbia
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95 - Câmera do Hubble captura formação de estrela
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94 - Galáxia NGC 2787, localizada no complexo N44
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93 - Transmissores de gás flutuam em brisa estelar na região N44C - essa região fica no complexo N44, que inclue agrupamento de estrelas, nebulosas e supernovas. Muitas imagens são na verdade mosaicos que unem vários registros, o que deixa alguns "buracos" na imagem final
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92 - "Arco-íris" na estrela IC 4406, que está morrendo
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91 - "Close" da M27, a nebulosa de uma anã branca - a aproximadamente 1,2 mil anos-luz da Terra
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90 - Imagem em arco-íris de estrela na nebulosa apelidada de "Ovo Podre"
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89 - "Fogos de artifício" celestiais - fragmentos de uma explosão de estrela
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88 - Imagem de 2010 revela pequenas crateras e outras marcas na superfície de Marte em uma área de apenas 10 km
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87 - Galáxia NGC 3370, que abriga uma nova estrela, que está explodindo
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86 - Foto de vizinhança turbulenta próxima à estrela em erupção na nebulosa Carina. Essa região, que tem fortes ventos estelares, tem três anos-luz de área, sendo uma parte dentro dos 200 anos-luz de área da nebulosa
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85 - Hubble explora campos profundos do espaço, mostrando aproximadamente 10 mil galáxias de várias idades, tamanhos, formatos e cores
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84 - Supernova na galáxia NGC 2403, próxima à Via Láctea
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83 - Esta região revela arcos e bolhas formadas quando ventos estelares - transmissão de partículas ejetadas pelas estrelas Trapézio - colidem com materiais
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82 - As maiores estrelas da nebulosa Órion
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81 - Imagem mais detalhada de agrupamento de estrelas na Grande Nuvem de Magalhães
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80 - Imagem composta da galáxia Messier 82 por registros de três grandes observatórios: Telescópio Hubble, Observatório Chandra e Telescópio Spitzer
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79 - Plutão no dia 15 de fevereiro de 2006 - a imagem confirmou a existência de mais 2 luas próximas a ele
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78 - "Fogos de artifício" extraterrestres - a imagem foi divulgada perto de um 4 de julho, data da independência dos Estados Unidos, como homenagem ao país
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77 - Círculo de matéria em agrupamento de galáxias
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76 - Descobrindo a nebulosa Veil, sobras de uma supernova que explodiu entre 5 mil e 10 mil anos atrás
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75 - A imagem mais aproximada de Marte registrada pelo Hubble. Foram 36 horas de aproximação do Hubble para registrar a imagem
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74 - Telescópio Hubble visto orbitando a Terra
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73 - Galáxia NGC 1275 em composição de imagens registrada em diversos comprimento de ondas
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72 - Estrelas e uma faixa em "fogos de artifício" celestiais - esta faixa de gás foi criada pela explosão de uma estrela (supernova) há milhares de anos que, no momento de sua morte, certamente foi a estrela mais brilhante já vista pela humanidade
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71 - Galáxia NGC 3324, no canto noroeste da nebulosa Carina
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70 - Movimento de quatro luas de Saturno - Encélado, Dione, Titã e Mimas
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69 - Imagem de Júpiter
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68 - Estrelas coloridas em abundância dentro do agrupamento de estrelas Ômega Centauro
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67 - Imagem em infravermelho da nebulosa Carina, localizada a 7,5 mil anos-luz da Terra
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66 - Galáxia NGC 4402
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65 - Galáxia NGC 4522 - exemplo de galáxia que constantemente se livra de seus gases
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64 - Agrupamento de galáxias MACS J017 - quatro galáxias envolvidas em colisão, no primeiro registro de um evento como esse na história
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63 - Nebulosa do Retângulo Vermelho: mais detalhada do que nunca
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62 - Espiral celestial - considerada uma das imagens geométricas mais perfeitas já registradas
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61 - Messier 72, a "Cidade Celestial do espaço" - este agrupamento de estrelas lembra a Terra vista por cima à noite, em um avião, por exemplo
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60 - Ampla imagem da "Montanha Mística" (nebulosa Carina), que também aparece entre as imagens vencedoras da lista
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59 - Imagem de formação de estrela gigante na região N11, na Grande Nuvem de Magalhães
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58 - "Paisagem" na nebulosa Catarina. Esse pilar de gás e poeira, também conhecido como "Montanha Mística", é local de nascimento de estrelas
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57 - Colisão (mancha escura no sul do planeta) deixa Júpiter "machucado"
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56 - Imagem fantasmagórica de estrela formando pilar de gás e poeira
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55 - Nebulosa Bumerangue: "o lugar mais frio no Universo" chega a ter temperatura de -270°C
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54 - "Close" de nova mancha negra em Júpiter
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53 - Iluminação de faixas de poeria na galáxia NGC 7049
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52 - "Monstro Magnético": galáxia NGC 1275 - estruturas são sustentadas por campo magnético que as mantêm e demonstram quanta energia do buraco negro central é transferida para os gases da região
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51 - Nesta imagem da galáxia N74 é possível ver traços de regiões rosa brilhantes decorando as espirais da galáxia
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50 - Na região NGC 3603, que contém um dos mais densos agrupamentos de estrelas da Via Láctea, nascimentos de estrelas são comuns
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49 - Nascimento de estrela na nebulosa Carina
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48 - "Berçário" estelar nos braços da galáxia NGC 1672 - agrupamentos de estrelas localizados nos espirais da galáxia
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47 - Galáxias "fazem amor, não guerra" - as galáxias Antennae, quando se colidem, formam bilhões de estrelas
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46 - Explosão da galáxia Messier 82. Nesta região, as estrelas nascem 10 vezes mais rápido do que em outros locais do universo
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45 - Maior retrato de galáxia da história: espetacular imagem em HD da galáxia do Catavento. O download do arquivo original da imagem, com 444,7 MB, pode ser feito no link
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44 - Imagem mais nítida da nebulosa de Órion
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43 - A imagem mais detalhada da nebulosa do Caranguejo
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42 - Estrelas jovens esculpem gás com poderosas descargas a 200 mil anos-luz da Terra
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41 - Galáxia Redemoinho (M51) e sua galáxia vizinha, NGC 5195
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40 - Luzes continuam a ecoar após 3 anos de explosão da estrela V838 Monocerotis
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39 - Sinfonia de cores na nebulosa Tarântula, a 170 mil anos-luz da Terra
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38 - Estudo de sequência de formação de estrelas em vizinhança de galáxias, na Grande Nuvem de Magalhães
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37 - 10 mil galáxias na mesma imagem
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36 - Tempestade perfeita de gases turbulentos - hidrogênio, oxigênio e gás sulfúrico na nebulosa Messier 17
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35 - Galáxias distantes em deslumbrante pano de fundo de galáxia "fugitiva", a UGC 10214
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34 - Nebulosa NGC 2080, apelidada de "nebulosa cabeça do fantasma"
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33 - Nebulosa da Aranha Vermelha: "surfando no coração de Sagitário"
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32 - Registro de inesquecível agrupamento duplo na Grande Nuvem de Magalhães, galáxia vizinha da Via Láctea
Foto: ESA / Divulgação
31 - Imagem real do impacto dos fragmentos "D" e "G" do cometa Shoemaker-Levy 9
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30 - "Pilares da criação", feitos de hidrogênio e poeira, em que estrelas nascem
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29 - Redemoinho de estrela nascente na nebulosa Órion
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28 - Saturno em suas cores naturais
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27 - Registro de visão abaixo de barreira de gás em estrela condenada na nebulosa do Anel
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26 - Gerações múltiplas de estrelas na nebulosa Tarântula
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25 - Detalhes magníficos em galáxia espiral de poeira, a NGC 4414
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24 - Encontro entre duas galáxias espirais, na direção da constelação Cão Maior
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23 - Nebulosa Trifid: "rivalidade entre estrelas irmãs". A imagem revela pequenas estrelas que acabaram de nascer, mas estão destinadas a serem "devoradas" por irmãs mais velhas e maiores
Foto: ESA / Divulgação
22 - Luz e sombra na nebulosa Carina - a imagem é uma montagem de quatro fotos tiradas durante abril de 1999
Foto: ESA / Divulgação
21 - Nebulosa Espirográfica, que fica a aproximadamente 2 mil anos-luz da Terra
Foto: ESA / Divulgação
20 - Composição entre imagem em infravermelho e em ultravioleta da galáxia NGC 1512
Foto: ESA / Divulgação
19 - Coração da galáxia Redemoinho, considerada uma das mais fotogênicas da história da astronomia profissional
Foto: ESA / Divulgação
18 - Glóbulos de Thackeray na galáxia IC 2944. Glóbulos como esses foram vistos pela primeira vez em 1947. Pouco se sabe sobre estes objetos - as nuvens escuras da imagem -, somente que eles estão associados a regiões de nascimento de estrelas chamadas de HII, devido à grande presença de hidrogênio
Foto: ESA / Divulgação
17 - "O Rato" - a galáxia NGC 4676, localizada a 300 mi de anos-luz na constelação Cabeleira de Berenice
Foto: ESA / Divulgação
16 - Câmera mais nova do Hubble registra imagem ainda mais detalhada da NGC 4676, que na verdade são duas galáxias se fundindo
Foto: ESA / Divulgação
15 - Imagem registrada por meio de lentes de zoom cósmico do agrupamento de galáxias Abell 1689, considerado um dos mais densos conhecidos
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14 - A galáxia Sombrero, que lembra o famoso chapéu mexicano
Foto: ESA / Divulgação
13 - Imagem da galáxia espiral NGC 1300, cujo centro é formado por estrelas - é uma das maiores imagens de galáxias completas já registradas pelo Hubble
Foto: ESA / Divulgação
12 - Espiral estelar na nebulosa da Águia - essa "torre" possui 9,5 anos-luz de altura (cerca de 90 trilhões de km, aproximadamente duas vezes a distância do Sol para a estrela mais próxima dele)
Foto: ESA / Divulgação
11 - Nuvens de poeira próximas na Via Láctea - a imagem traz evidências de que as nuvens foram formadas pela fusão de outras duas galáxias ricas em gás
Foto: ESA / Divulgação
10 - Nuvens de poeira na Via Láctea - essa concentração de elementos é responsável pela formação de estrelas em todo o universo
Foto: ESA / Divulgação
9 - Imagem da galáxia NGC 5866
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8 - Quatro luas de Saturno em movimento na órbita do planeta. Esta imagem foi feita com a Câmera Planetária de Campo Largo 2, uma das que integram o Hubble
Foto: ESA / Divulgação
7 - Galáxia espiral NCG 6217, localizada a 6 mi de anos-luz na constelação de Ursa Maior
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6 - Destroços galácticos no Quinteto de Stephan - A interação entre estas cinco galáxias as deixa com formas distorcidas e cria uma grande atividade de formação de estrelas nas duas galáxias centrais
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5 - Morte de estrela forma imagem parecida com borboleta na galáxia NGC 6302
Foto: ESA / Divulgação
4 - Imagem em infravermelho da Nebulosa Carina, composta de gás e poeira, localizada a 7,5 mil anos-luz
Foto: ESA / Divulgação
3 - Imagem frontal da galáxia espiral NGC 3982, localizada a 68 mi de anos-luz, na constelação de Ursa Maior
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2 - Mistura cósmica na galáxia NGC 2467, que serve de "incubadora" para novas estrelas
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A "Montanha Mística", como é chamada a nebulosa Carina, foi bastante registrada pelo Hubble é uma das preferidas para ser divulgada pelas agências espaciais americana (Nasa) e europeia (ESA)
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Um herói da exploração espacial faz aniversário nesta quarta-feira. Lançado no dia 24 de abril de 1990, o telescópio espacial Hubble é um sobrevivente. Tinha previsão inicial de durar pelo menos 10 anos. Mas, aos 23, depois de revolucionar a astrofísica, revisar conceitos de cosmologia, apresentar imagens deslumbrantes do universo e responder questões até então intransponíveis, o pequeno explorador não vai encerrar suas investigações. Pelo menos até a chegada de seu sucessor, o cem vezes mais poderoso James Webb, que deve ser lançado em 2018.
Com o desenvolvimento de um substituto, o Hubble deveria ser aposentado em 2013. Devido a cortes de verba da Nasa, contudo, o lançamento do telescópio espacial James Webb ainda vai demorar cinco anos. Assim, para resistir mais um pouco, o explorador contou com a ajuda de astronautas que o visitaram em 2009, na quinta e última missão de manutenção do telescópio.
Essa manutenção derradeira, que envolveu até a troca de baterias de 18 anos de idade, além da implementação de diversos componentes, deu resultado. “Com os novos instrumentos instalados apenas quatro anos atrás, o Hubble tornou-se mais poderoso do que nunca, cientificamente. Esperamos que o telescópio possa continuar trabalhando nos anos que antecedem a chegada do próximo telescópio espacial, e até além disso”, destaca Jennifer Wiseman, cientista sênior do Projeto do Telescópio Espacial Hubble, da Nasa.
Descobertas
O Hubble revolucionou a astronomia com suas imagens impressionantes do universo e descobertas. Orbitando a Terra por mais de duas décadas, o telescópio ajudou a determinar a idade do universo, detectou que o nosso universo está em expansão acelerada, indicou a presença de buracos negros na maioria das galáxias, inclusive na nossa, e revelou respostas a muitos outros mistérios até então insondáveis.
Ao longo de sua jornada, o Hubble desvelou nuances inesperadas do universo. “O Hubble proporcionou ao homem a visão de regiões muito, mas muito distantes da nossa própria galáxia, coisa que não existia antes. Nem nos nossos sonhos mais delirantes conseguiríamos imaginar um universo tão incrível e fascinante como o que o Hubble nos revelou”, salienta Antonio Gil Vicente de Brum, professor e pesquisador do curso de Engenharia Aeroespacial da Universidade Federal do ABC (UFABC).
Além de deslumbrar os terrestres, o Hubble ampliou a investigação sobre a origem e as características do universo. Por meio de seus dados, cientistas determinaram que a idade do universo é de cerca de 13,7 bilhões de anos. O telescópio espacial também constatou que a expansão do universo está em aceleração. “O Hubble permitiu a detecção de estrelas pulsantes em outras galáxias e, através delas, a medição do fator de crescimento do nosso universo e a determinação de distâncias a supernovas do tipo Ia, que indicaram que nosso universo está em expansão acelerada, indicando a presença de um componente de energia desconhecida no universo, a energia escura”, explica José Eduardo Telles, doutor em Astrofísica pela Universidade de Cambridge e pesquisador do Observatório Nacional (ON), do Rio de Janeiro.
O Hubble também determinou que a maioria das galáxias tem poderosos buracos negros em seus centros, incluindo a nossa própria Via Láctea. Ele possibilitou estudar como as galáxias, as estrelas e os sistemas planetários se formam. Além disso, descobriu várias luas previamente desconhecidas de Plutão e foi o primeiro telescópio a analisar a composição química de um planeta fora do nosso Sistema Solar.
Júpiter
Fora essas, e tantas outras conquistas, Brum aponta ainda a sequência de imagens obtidas pelo Hubble, em 1994, como uma das descobertas mais importantes. “Fiquei de boca aberta, babando, quando assisti à colisão do cometa Shoemaker-Levy 9 com o gigante Júpiter. Essa foi uma das coisas mais inacreditáveis que já vi e que me ensinou muito à respeito de quão vulnerável é a Terra e quão importante é a proteção que Júpiter nos oferece”, relata.
Além disso, o professor da UFABC destaca a popularização da ciência como uma das principais contribuições do Hubble. “É isso que gera um interesse crescente das pessoas por conhecimento científico genuíno e pela ciência, em geral”, pontua.
Primeiros passos
A ideia para um telescópio espacial surgiu já em 1923, a partir do cientista alemão Hermann Oberth, considerado um dos criadores dos foguetes. O projeto do Hubble começou a ser idealizado em 1946, após artigo do astrofísico americano Lyman Spitzer, que apontava as vantagens de um observatório espacial. Desse momento em diante, Spitzer trabalharia para tornar o telescópio uma realidade.
O astrofísico esteve envolvido com os observatórios em órbita da época e auxiliou a Nasa na aprovação do projeto do telescópio espacial, em 1969, que teria um espelho de 3 metros de diâmetro e seria lançado em 1979. Entretanto, devido às dificuldade de conseguir financiamento, o tamanho do espelho foi reduzido para 2,4 metros, e um novo projeto foi começado. Em 1975, a Agência Espacial Europeia (ESA) passou a trabalhar junto com a Nasa. Finalmente, veio à tona o esboço do telescópio espacial Hubble.
O telescópio recebeu esse nome em homenagem ao astrônomo americano Edwin Hubble (1889-1953), que revolucionou a astronomia ao constatar a presença de outras galáxias e provando que o universo estava se expandindo. Depois de alguns atrasos, o lançamento do Hubble foi agendado para outubro de 1986, mas o acidente com o ônibus espacial Challenger, que matou sete astronautas, adiou o sonho de enviar um telescópio ao espaço por mais quatro anos.
Assim, em 24 de abril de 1990, o Hubble foi lançado a bordo do ônibus espacial Discovery, abrindo uma nova era da exploração do universo. Conforme Telles, a expectativa de resultados científicos vinham de todas as áreas da astronomia, desde o Sistema Solar e seus planetas até a cosmologia. “O telescópio tinha como objetivo realizar observações astronômicas em faixas espectrais invisíveis ao homem, que é a radiação ultravioleta, como também na faixa do visível, mas com uma nitidez de imagens muito melhor, por estar fora do efeito destrutivo da turbulência de nossa atmosfera”, salienta.
Expectativa de vida
Quando o Hubble foi lançado, a previsão inicial é de que o telescópio operasse por pelo menos 10 anos. Entretanto o Hubble está em órbita há 23 anos, em plena forma, e deve aguentar firme por mais cinco. A razão disso é que o telescópio foi projetado para receber a visita de astronautas, de tempos em tempos, para manutenção. Durante suas operações, o Hubble foi visitado cinco vezes, a última delas em 2009. “Os astronautas têm sido capazes de colocar novos instrumentos e reparar outros instrumentos com defeito, tornando-o como um telescópio novo a cada vez”, explica Jennifer.
Falha no espelho
A equipe de manutenção do telescópio Hubble provou sua importância quando, logo após o lançamento, se percebeu que as imagens não estavam tão nítidas quanto se esperava - pareciam borradas. O problema, nomeado de “aberração esférica”, precisava ser solucionado. Após 11 meses de treinamento, sete astronautas embarcaram no dia 2 de dezembro de 1993, a bordo do ônibus espacial Endeavor, para uma complexa missão que corrigiria o problema. Em 13 de janeiro de 1994, as primeiras imagens, com resolução excelente, foram divulgadas pela Nasa. O Hubble estava pronto para captar imagens impressionantes e auxiliar na exploração do espaço.
O sucessor
Previsto para ser lançado em 2018, o sucessor do Hubble, o telescópio espacial James Webb, promete algumas mudanças. Com um espelho bem maior, com 6,5 metros de diâmetro, seu alcance deve permitir encontrar as primeiras galáxias que se formaram no início do Universo, ligando o Big Bang a nossa galáxia. O James Webb também deve operar em uma órbita mais alta. Enquanto o Hubble fica a uma altitude de 600 quilômetros, seu substituto deve se situar a 1,5 milhões de quilômetros da Terra.
Outro diferencial é que o novo telescópio espacial terá operação otimizada na faixa específica do infravermelho, ao contrário do Hubble, que opera na faixa do visível e um pouco no infravermelho e ultravioleta. “O James Webb é especialmente adequado para observação dos momentos primordiais do nosso universo (antes do que o Hubble vê)”, justifica Brum.
Para Telles, a maior esperança é que o telescópio James Webb contribua para determinar a natureza da matéria escura e também da energia escura. “De qualquer maneira, é certo que, da mesma forma que ocorreu com o Hubble, a maior parte de descobertas serão inesperadas e espetaculares, além de nossas expectativas”, imagina.
Mas enquanto o James Webb, cem vezes mais poderoso, não assume o seu posto, a Terra ainda se surpreende com o pequeno Hubble. Até 2018, há muitos segredos para desvendar