Eletricidade de tempestades de poeira em Marte pode "migrar" cloro
Um novo estudo sugere que as descargas elétricas das tempestades de poeira que ocorrem em Marte podem ser as principais responsáveis pelo ciclo do cloro por lá
Alian Wang, cientista planetária da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, liderou um estudo que investigou os efeitos das descargas elétricas que ocorrem durante as tempestades de areia em Marte. Quando as partículas destes fenômenos se encontram, elas podem se tornar eletrizadas, transferindo cargas positivas e negativas.
- Mistérios de Marte: 5 perguntas sobre o Planeta Vermelho ainda sem respostas
- O que tempestades de poeira em Marte podem dizer sobre o futuro da Terra?
Algo parecido acontece nas tempestades de poeira na Terra, que acumulam fortes campos elétricos — mas Wang não acredita que as descargas elétricas de Marte gerem raios ou algo do tipo. "Pode ser como as auroras nas regiões polares da Terra, onde elétrons energéticos colidem com compostos atmosféricos", sugeriu.
Paralelamente, Wang e os demais autores identificaram um mecanismo relacionado à eletricidade das tempestades de areia em Marte: elas parecem ser as principais responsáveis pelo ciclo de "movimento' do cloro por lá. Este elemento, junto do hidrogênio, oxigênio, carbono e enxofre, viaja da atmosfera para a superfície.
Para o estudo, a equipe realizou uma série de experimentos em uma câmara de simulação planetária que, ao direcionar descargas elétricas a cloretos comuns, gerou altos níveis de cloro gasoso. "A alta taxa de liberação do cloro dos cloretos comuns revelada pelo estudo indica um caminho promissor para converter o cloro da superfície às fases gasosas que vemos na atmosfera", disse o coautor Kevin Olsen.
Em outras palavras, os resultados mostraram que o cloro pode ser "migrado" do solo para o ar por meio de reações desencadeadas pelas descargas elétricas da poeira durante as tempestades. "As descobertas oferecem suporte ao cenário em que a atividade da poeira em Marte pode causar um ciclo global de cloro", explicou.
Wang e outros cientistas já haviam publicado estudos que mostravam que, quando descargas eletrostáticas interagem com sais de cloro em um ambiente como o de Marte, rico em dióxido de carbono, elas podem gerar percloratos e carbonatos, liberando ainda cloro na forma de gás. Agora, o novo estudo é o primeiro a definir a quantidade produzida dos elementos durante as tempestades.
As descargas elétricas podem estar relacionadas às altas concentrações de perclorato e carbonato presentes globalmente na parte superior do solo marciano. Segundo os autores, a alta quantidade de átomos de cloro liberados dos cloretos pode ser responsável pela alta concentração de cloreto de hidrogênio, identificada na atmosfera marciana entre as temporadas de tempestade de 2018 e 2019. "Não conhecemos outro processo que possa fazer isso, especialmente com tanta liberação de cloro", finalizou Wang.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Geophysical Research Letters.
Fonte: Geophysical Research Letters; Via: Washington University
Trending no Canaltech:
- Funcionários não sabiam que trabalhavam em escritório cibercriminoso
- Microsoft encerra rede social que ninguém lembrava da existência
- Dia mundial do gato | 5 curiosidades intrigantes sobre os felinos
- Chips implantados no cérebro podem mudar nossa personalidade e consciência
- Lançamentos do Prime Video na semana (16/02/2023)
- Musculação ajuda a controlar pressão alta, mas há um porém