Marte pode ter comportado lagos durante milhões de anos
Algumas regiões de Marte, como a cratera Gale, podem ter comportado lagos de água líquida durante um período de até 10 milhões de anos, no qual é possível que tenham sustentado formas de vida, segundo um estudo do Instituto Californiano de Tecnologia (Caltech).
A pesquisa, publicada nesta quinta-feira na revista científica "Science", detalha com base em dados do robô explorador Curiosity, da Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa), que os sedimentos achados na cratera Gale são prova da existência de lagos em Marte durante longos períodos de tempo.
"Substanciais corpos de água estável podem ter existido na superfície de Marte em sua história inicial", assinalam os pesquisadores.
Os especialistas analisaram fotografias e outros dados do Curiosity nos quais são mostradas provas de erosão e sedimentação provocada por grandes massas de água.
Após analisarem os dados, os pesquisadores determinaram que os lagos eram em muitos casos transitórios, mas teriam existido durante 10 mil anos a 10 milhões de anos, alimentados por aquíferos subterrâneos.
Neste período úmido de Marte, o planeta teria sido capaz de abrigar vida microbiana e permitir a evolução da vida nesses lagos mais estáveis.
"A erosão na parte norte da cratera Gale gerou cascalho e areia, que foram transportados em direção sul em riachos pouco profundos. Com o tempo, esses depósitos avançaram até o interior da cratera. Estes deltas marcam as fronteiras de um antigo lago", explica a pesquisa, comandada por John Grotzinger, professor de Geologia Planetária de Caltech.
A cratera Gale teria sido formada há cerca de 3,8 bilhões ou 3,6 bilhões de anos. Os lagos da cratera podem ter tido até 150 metros de profundidade, a julgar pelas camadas de sedimentos fotografadas pelo Curiosity, que aterrissou nessa região em agosto de 2012.
A publicação do estudo é feita após a Nasa confirmar recentemente a presença de depressões provocadas por fluxos de água líquida salobra em Marte na atualidade, que aparecem durante as estações mais quentes do planeta.