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O que é a 'pasta nuclear', material mais duro já descoberto no Universo

Estudo que calculou a força do material encontrado dentro da crosta das estrelas de nêutrons mostra que a estrutura, com formato semelhante ao das massas alimentícias, é 10 bilhões de vezes mais resistente que o aço.

4 out 2018 - 07h21
(atualizado às 12h10)
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Material de estrutura única e considerado o mais forte até agora faz parte da composição das chamadas estrelas de neutrôns
Material de estrutura única e considerado o mais forte até agora faz parte da composição das chamadas estrelas de neutrôns
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Existe um material 10 bilhões de vezes mais resistente que o aço.

É o que aponta um estudo que calculou a dureza do material encontrado no interior da crosta das estrelas de nêutrons.

Essas estrelas são aquelas que surgem quando as estrelas "convencionais" chegam a certa idade e então estouram e colapsam em uma massa de nêutrons.

O que os cientistas descobriram é que o material debaixo da superfície delas - batizado como pasta nuclear- é o mais forte do Universo.

'Lasanha e espaguete'

O pesquisador Matthew Caplan, da Universidade McGill, no Canadá, e colegas da Universidade de Indiana e do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos, realizaram juntos as mais importantes simulações de computador já feitas sobre as crostas de estrelas de nêutrons.

Ilustração da pasta nuclear com estrutura em formato semelhante ao do espaguete, waffle e lasanha
Ilustração da pasta nuclear com estrutura em formato semelhante ao do espaguete, waffle e lasanha
Foto: Astrociência de materiais e pasta nuclear/Caplan / BBC News Brasil

As estrelas de nêutrons nascem como resultado de uma implosão que comprime um objeto do tamanho do Sol para aproximadamente o tamanho da cidade de Montreal, tornado-o "10 bilhões de vezes mais denso do que qualquer coisa na Terra", explica Caplan em um comunicado da Universidade McGill.

Esta alta densidade faz com que o material que forma uma estrela como essas - a pasta nuclear - tenha uma estrutura única.

Sob a crosta das estrelas, prótons e nêutrons se unem em formas semelhantes a tipos de massa, como lasanha ou espaguete. Daí o nome "pasta nuclear".

As enormes densidades e formas estranhas tornam essa massa incrivelmente rígida.

E ela poderia ser útil para os seres humanos?

"A pasta nuclear só existe graças à enorme pressão proporcionada pela gravidade da estrela de nêutrons. Se você retirar essa pasta da estrela, ela se decompõe e explode como uma bomba nuclear. É por isso que os seres humanos provavelmente não podem construir nada a partir dela no curto prazo", diz Caplan à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.

E qual é a cor ou textura deste material?

"Se você pudesse segurar um punhado de pasta nuclear em sua mão, não conseguiria ver as diferentes formas, pois elas são muito menores que um átomo. O material estaria tão quente que brilharia em tom de vermelho vivo como a superfície do Sol. Além disso, explodiria", acrescenta o especialista.

Descoberta importante

Para descobrir a pasta nuclear, foram necessários dois milhões de horas de processamento em simulações de computador ou o equivalente a 250 anos em um laptop com uma única unidade de processamento gráfico (GPU, da sigla em inglês) - usada principalmente para gerenciar e melhorar o desempenho de vídeos e gráficos.

Com estas simulações, os cientistas conseguiram esticar e deformar o material encontrado nas profundezas da crosta das estrelas de nêutrons.

Descoberta pode ser útil para as observações dos astrônomos
Descoberta pode ser útil para as observações dos astrônomos
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Caplan afirma que esses resultados "são valiosos para os astrônomos que estudam as estrelas de nêutrons".

"Sua camada externa é a parte que geralmente observamos, por isso é fundamental conhecer o interior, para interpretar as observações astronômicas dessas estrelas."

As descobertas também poderiam ajudar os astrofísicos a entenderem melhor as ondas gravitacionais, porque os novos resultados sugerem que estrelas de nêutrons solitárias poderiam gerar pequenas ondas gravitacionais.

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