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O que se sabe sobre iminente queda na Terra de estação espacial chinesa descontrolada

Brasil está dentro de área prevista para receber fragmentos de Tiangong-1, que não emite qualquer sinal desde 2016 e deve se deteriorar na atmosfera entre a manhã do 31 de março e a madrugada de 2 de abril.

30 mar 2018 - 10h51
(atualizado às 15h23)
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Foto mostra nave espacial chinesa perdida em queda no caminho de volta à Terra
Foto mostra nave espacial chinesa perdida em queda no caminho de volta à Terra
Foto: BBC News Brasil

A estação espacial chinesa descontrolada Tiangong-1 deve cair na Terra neste fim de semana. A estação está desocupada desde 2013, e a China perdeu toda comunicação com ela em 2016. Por isso, não se sabe onde ela deve cair.

Com mais de 10 metros de comprimento e pesando oito toneladas, Tiangong é bem maior que a maioria dos satélites e outros objetos feitos pelo homem que retornam à atmosfera terrestre. Mas especialistas acreditam que o risco de que partes que não se desintegrarem durante a descida atinjam áreas habitadas é muito pequeno.

Ainda não é possível prever o horário exato da reentrada na atmosfera da Terra, mas em algum momento ela estará, literalmente, nos radares - e aí poderão ser divulgados detalhes sobre o local de sua queda, poucas horas antes dela ocorrer.

"Considerando que Tiangong-1 tem uma massa maior e é mais robusta que muitos outros objetos espaciais que já voltaram do espaço de forma descontrolada, à medida que for sendo pressurizada, vai ser alvo de rastreamento de radares", explica Richard Crowther, engenheiro-chefe a Agência Espacial do Reino Unido.

Segundo ele, a expectativa é que a maior parte da estrutura queime e se desintegre no caminho de volta ao planeta. "Qualquer fragmento que sobreviva ao superaquecimento registrado na reentrada deve cair no mar", diz Crowther.

Lançada em 2011 e visitada por seis astronautas chineses, Tiangong deveria ser tirada de órbita de forma planejada. O plano era usar seus propulsores para conduzir a estação espacial em direção a uma zona remota no Oceano Antártico. Mas todas as conexões de comando foram abruptamente perdidas em 2016 e agora nada pode ser feito para direcionar a queda.

Treze agências espaciais, sob a coordenação da Agência Espacial Europeia, estão monitorando a trajetória de Tiangong à medida que ela se aproxima da Terra. Juntos, tentam estimar o dia e horário mais provável de entrada na atmosfera.

Segundo a Agência Espacial Europeia, isso deve ocorrer em algum momento entre a manhã do dia 31 de março e a madrugada do dia 2 de abril. Mas qualquer estimativa mais precisa só poderá ser feita quando o voo de Tiangong estiver a algumas horas do fim.

"Um horário preciso só será alcançado com cerca de quatro horas de antecedência. E uma hora significa quase o tempo de rotação de um objeto ao redor da Terra", disse Holger Krag, chefe do escritório de detritos espaciais da Agência Espacial Europeia.

O que no momento é possível afirmar, segundo especialistas, é que nenhum fragmento cairá para além de 43 graus da linha do Equador, para o sul ou norte.

O Brasil, portanto, está dentro da área que poderá receber fragmentos da estação espacial.

A China não tem uma estrutura de rastreamento ampla e, por isso, manteve a espaçonave em uma rota equatorial considerada estreita.

Curiosidades sobre a estação espacial chinesa

- Tiangong significa "Palácio Paradisíaco"

- Lançada em 2011 para a prática de manobras de acoplagem

- Duas tripulações de astronautas visitaram as cápsulas de Shenzhou, em 2012 e 2013

- Entre elas, estavam as primeiras astronautas chinesas, Liu Yang e Wang Yaping

- A China tem plano de construir uma estação especial mais permanente na próxima década

- Para isso, os chineses já desenvolveram um foguete de carga pesada, o Long March 5

Cerca de 5,2 bilhões de pessoas vivem na área de reentrada estimada pelos especialistas. A maior parte dessa área é coberta pelo oceano, o que explica a alta probabilidade que eventuais fragmentos caiam na água.

Holger Krag, da Agência Espacial Europeia, diz que reentradas anteriores indicam que cerca de 20% a 40% da massa dos objetos têm chance de sobreviver ao aquecimento gerado com a queda. "Eu acredito que poderíamos aplicar essa regra geral também à Tiangong porque, normalmente, a mesma quantidade de material resistente ao calor em termos relativos está a bordo de todas as espaçonaves", diz Krag.

"Então, isso significa que de 1,5 a 3,5 toneladas devem sobreviver".

Os tanques são os componentes que normalmente não se desintegram ao entrarem na atmosfera. Eles ficam no interior da espaçonave e, por isso, estão protegidos na maior parte da descida.

Mas eles também são feitos de aço, titânio ou plásticos reforçados com carbono, materiais geralmente mais resistentes quando submetidos a elevadas temperaturas.

Tiangong entra na lista de objetos que voltam à Terra de forma descontrolada, mas é apenas o 50º em termos de massa. - segundo o catalogador de atividade espacial Jonathan McDowell, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian.

O Skylab, laboratório da Nasa, tinha massa de quase 80 toneladas quando retornou à atmosfera terrestre de forma parcialmente descontrolada em 1979. Fragmentos atingiram o oeste da Austrália, mas ninguém foi atingido.

O ônibus espacial Columbia, da Nasa, também voltou ao planeta de forma descontrolada. Quando fez o trágico retorno da órbita, tinha massa maior que 100 toneladas. O acidente, em 2003, que ocorreu quando faltavam 16 minutos para o ônibus tocar o solo, causou a destruição total do Columbia e a morte de toda a tripulação, composta por sete astronautas.

O Columbia caiu numa área entre os Estados do Texas e da Louisiana, nos EUA, mas também não atingiu ninguém.

A China mantém operante em órbita uma segunda estação espacial, a Tiangong-2, que no ano passado recebeu cargueiro de reabastecimento, o Tianzhou-1.

As duas estações Tiangong foram instaladas como palco de testes de encontros orbitais e acoplagem tendo em vista a construção da estação espacial mais permanente que a China está desenvolvendo.

Essa nova instalação deve incluir um grande módulo central e dois módulos auxiliares menores, e estará em serviço no início da próxima década, segundo os chineses.

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