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Flores com cafeína 'viciam' abelhas para polinização, diz pesquisa

20 out 2015 - 12h56
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Pesquisadores britânicos descobriram que algumas plantas conseguem atrair abelhas mais vezes para coletar néctar tornando-as "viciadas" em cafeína.

A equipe de pesquisadores usou néctar com cafeína para testar seus efeitos nas abelhas (Foto: Roger Schürch)
A equipe de pesquisadores usou néctar com cafeína para testar seus efeitos nas abelhas (Foto: Roger Schürch)
Foto: Roger Schürch

Os cientistas, da Universidade de Sussex, descobriram que as abelhas acham o efeito da cafeína irresistível e acabam escolhendo néctar com cafeína ao invés do néctar de outras plantas.

Muitas plantas produzem cafeína naturalmente com o objetivo primário de espantar insetos que poderiam devorá-las, como lagartas.

Mas, a experiência dos britânicos, divulgada na revista especializada , mostrou que as abelhas são "aliciadas" pelo néctar com cafeína.

Margaret Couvillon, que liderou a pesquisa, disse que a imagem mais tradicional que temos do processo de polinização é a de um "relacionamento caloroso, de benefício mútuo", no qual o polinizador recebe uma recompensa da planta. Mas a experiência na Universidade de Sussex mostrou que não é bem assim.

"Estamos mostrando que a planta consegue exercer um tipo de dominação sobre a abelha, através de uma ação que é semelhante a de drogar (o inseto)", afirmou.

Francis Ratnieks, um dos membros da equipe da Universidade de Sussex, disse à BBC que outras pesquisas já haviam mostrado que a cafeína do néctar de algumas plantas melhorava a memória das abelhas para localizar uma flor.

Para descobrir até onde iam os efeitos da percepção desse néctar cafeinado, a equipe colocou duas flores artificiais para abelhas se alimentarem: uma contendo néctar doce sem cafeína e outra com uma concentração do composto parecida com a encontrada em muitas plantas.

E eles grudaram também uma placa minúscula com um número nas costas das abelhas para conseguir acompanhar e registrar o comportamento de cada uma.

Retorno rápido

As abelhas retornavam para o néctar com cafeína mais rapidamente, fazendo mais viagens para coletar o composto. Mas a descoberta mais marcante foi que a cafeína fazia com que as abelhas "dançassem" muito mais.

Depois da visita ao néctar com cafeína, as abelhas mostravam probabilidade maior de fazer a dança - movimentos que geralmente fazem para comunicar a localização de uma fonte de néctar para outras abelhas.

"A grande maioria das abelhas não dança - elas fazem isto apenas para comunicar um lugar particularmente bom (para encontrar comida)", afirmou.

Os cientistas concluíram que a cafeína teve um efeito nos insetos "semelhante a de uma pessoa drogada", levando eles a se comportarem como se a fonte de néctar fosse de mais qualidade e mais rica em açúcar.

"E presumimos que seja mais 'barato' para a planta produzir uma pequena quantidade de cafeína do que uma quantidade maior de açúcar", acrescentou.

Margaret Couvillondisse à BBC que os efeitos depois da exposição à cafeína também foram surpreendentes.

"As abelhas que recolheram (o néctar com) cafeína continuavam visitando o comedouro (por muitos dias) depois de ele ter esvaziado", disse a pesquisadora à BBC.

"Então os efeitos desta experiência de três horas (com a cafeína) se prolongou por muitos dias."

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