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Frase mais antiga do mundo, escrita no primeiro alfabeto, é achada em pente

Um pente de marfim encontrado em Israel, na cidade de Tel Lachish, revelou ter a primeira frase completa já escrita em canaanita, o primeiro alfabeto conhecido

14 nov 2022 - 12h13
(atualizado às 14h25)
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Um antigo pente de marfim descoberto em um sítio arqueológico de Israel pode ter a inscrição mais antiga já registrada do alfabeto que deu origem ao nosso, cujas 26 letras você vê rearranjadas na presente notícia. Com dentes finos, o utensílio foi escavado há muitos em Tel Lachish, uma antiga cidade canaanita das colinas do interior de Israel, mas as inscrições — com 17 pequenas letras — foram notadas apenas recentemente.

As marcações esculpidas no marfim formam 7 palavras diferentes: na transcrição, revelam a escrita "ytš ḥṭ ḏ lqml śʿ[r w]zqt", que, traduzida, seria algo como "Que esta raiz de presa extirpe os piolhos do cabel[o e da] barba". Tendo sido escrita no ano aproximado de 1.700 a.C., a mensagem seria a primeira frase em dialeto canaanita seguramente encontrada por arqueólogos da história.

Foto: Dafna Gazit/Israel Antiquities Authority / Canaltech

Primeiro alfabeto, primeira frase

O achado é importante porque a escrita canaanita, hoje conhecida como alfabeto fenício, é o exemplo mais antigo de um alfabeto em si, adaptado e adotado por culturas de todo o mundo: a maioria dos sistemas de escrita modernos derivam dele. Isso inclui os alfabetos árabe, grego, hebraico, latino e cirílico.

Embora os pictogramas que formam a base da escrita chinesa moderna tenham cerca de 5.000 anos, o sistema de radicais e símbolos que formam os caracteres não contribuem, necessariamente, para uma fundação fonética de palavras da mesma maneira. Temos, é verdade, vários outros exemplos de palavras isoladas representando a antiga escrita canaanita, mas nenhum formava frases legíveis e significativas.

Houve canaanitas em Ugarit, na Síria, mas eles produziam uma escrita diferente, em um alfabeto diferente do que ainda é usado atualmente. O pente é uma evidência direta do uso desse alfabeto em atividades diárias há 3.700 anos, um verdadeiro marco na história da habilidade humana da escrita.

O marfim do objeto veio de presas de elefante, tendo apenas 3,66 centímetros de comprimento e 2,51 centímetros de largura. A inscrição, em baixo relevo, é menor ainda, com algumas letras não passando de um milímetro. Outras estão tão apagadas que beiram o ilegível, sendo difícil decifrá-las sem a ajuda de letras mais claras no entorno, que adicionam contexto.

Em um dos lados, há 6 grandes dentes, provavelmente usados para pentear os cabelos, enquanto o outro apresenta 14 dentes finos, provavelmente utilizados na remoção de piolhos e suas lêndeas. Do lado mais fino, é possível ainda ver a evidência de um piolho, cujas amostras mais antigas, ao menos em cabelo humano, já foram encontradas em fios de 10.000 anos atrás. Mesmo os canaanitas mais abastados, aparentemente, sofriam com os pequenos animais.

O mais provável é que o marfim do pente tenha vindo de elefantes egípcios, sugerindo que o material era destinado a um indivíduo rico o suficiente para pagar por um luxo importado como esse. Encantamentos e pragas escritos no alfabeto canaanita já foram encontrados antes, mas a maioria das maldições era direcionada a humana. Outras inscrições foram encontradas em um jarro do mesmo sítio arqueológico, datando de 1.200 a 1.400 a.C.

A datação radiométrica do item falhou, mas, com base em outros artefatos do local, é seguro afirmar que ele foi entalhado na Idade do Bronze, há 3.700 anos. A julgar pelo estilo arcaico das letras, é possível que elas tenham sido escritas no estágio mais inicial do desenvolvimento do alfabeto, não muito depois de seu surgimento. Não demorou muito, após criarmos uma linguagem escrita, para começarmos a amaldiçoar qualquer coisa que nos incomodasse.

Fonte: Jerusalem Journal of Archeology

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