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Golfinhos são animais de memória mais longa, diz pesquisa

7 ago 2013 - 11h28
(atualizado às 12h17)
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Esqueça os elefantes. Cientistas dizem que são os golfinhos os animais com a memória mais longa, exceto os humanos.

Pesquisadores nos Estados Unidos dizem que mesmo depois de 20 anos de separação, golfinhos puderem se lembrar dos assobios de antigos companheiros.

Os autores do estudo acreditam que esta memória de longo prazo é um produto de complexas conexões sociais que os golfinhos desenvolveram.

A pesquisa foi divulgada na publicação científica Proceedings of the Royal Society B - Biolocial Sciences.

No estudo, os cientistas usaram as informações sobre os relacionamentos entre 56 golfinhos em cativeiro da espécie roaz corvineiro (bottleneck) que tiveram que ser separados em seis zoológicos e aquários nos Estados Unidos e nas Bermudas em grupos diferentes com o objetivo de facilitar o acasalamento.

Os dados coletados, que têm registros de mais de décadas, mostraram quais dos golfinhos foram mantidos juntos.

Os pesquisadores então tocaram para os golfinhos gravações de áudio utilizando alto-falantes subaquáticos, com os assobios dos animais que eles viveram no passado, medindo suas reações.

"Quando as gravações lhe são familiares, os golfinhos têm a tendência de se aproximar das caixas de som por longos períodos de tempo", disse Jason Bruck, da Universidade de Chicago, que conduziu o estudo.

"Eles irão manter contato com o alto-falante - mas se eles não tiverem qualquer familiaridade com a gravação, têm a tendência a ignorar o que estou tocando. Não existem precedentes em estudos de comportamento de animais que encontrem memórias tão longas", ressalta.

Bruck ainda sublinha o caso de dois golfinhos chamados Allie e Bailey. Eles tinham vivido juntos em Florida Keys - arquipélago de corais na região sudeste dos EUA - quando eram bem pequenos.

Bailey agora vive nas Bermudas, mas quando a gravação de Allie foi tocada, ela reconheceu imediatamente o som, mesmo 20 anos depois do breve contato que teve com o parceiro - eles ficaram juntos por apenas seis meses.

O pesquisador disse que esse tipo de reposta é típico. Comparado a gravações não familiares aos golfinhos, existia uma clara indicação de que os animais respondiam significativamente mais aos assobios dos companheiros que eles conviveram no passado, mesmo que não os tivessem visto por décadas.

Para checar que a reação dos golfinhos era mesmo devido ao reconhecimento do assobio antigo companheiro, Bruck também tocou sons de animais da mesma espécie, idade e sexo que os golfinhos familiares.

Família nuclear

Os pesquisadores acreditam que a complexa natureza do sistema social dos golfinhos está por trás da sua memória de longo prazo.

No oceano, os golfinhos têm um arranjo social mais fluido, que os cientistas chamam de modelo de "fissão-fusão". Eles tendem a deixar um grupo e se incorporar a outros muitas vezes durante sua vida.

"É importante para os golfinhos rememorarem os animais que eles já tiveram convivência para decidir se eles são ou não indivíduos dos quais eles querem se aproximar. Eles fazem isso a partir de uma milha de distância quando ouvem os assobios e decidem se querem ou não se aproximar daquele indivíduo", explica Bruck.

De acordo com os pesquisadores, as habilidades dos golfinhos em relembrar eventos indica que os cetáceos - grupo de espécies marinhas que são mamíferos - possuem um nível de sofisticação cognitiva comparável à de humanos, chimpanzés e elefantes.

Enquanto os elefantes têm a reputação de ter uma memória longa bem extensa - de até 20 anos - existe muito pouca evidência científica das suas habilidades fora do ambiente de relacionamentos familiares.

Nesta pesquisa, os golfinhos foram capazes de lembrar de membros familiares da mesma forma como de estranhos.

Há alguma semanas, um outro estudo revelou que os golfinhos utilizam o assobio para definir a própria marca - assinatura - hábito que parece ter a mesma função que os nomes têm para os humanos.

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