Hominídeo Ardi: descoberta científica mais importante do ano
Ardi, o esqueleto de hominídeo mais antigo já encontrado até hoje, com 4,4 milhões de anos, foi a descoberta científica mais importante de 2009, estimou nesta quinta-feira a prestigiada revista Science.
O fóssil lidera a lista dos 10 maiores avanços científicos do ano segundo a Science, que também inclui a descoberta de água na Lua e o uso de folhas de átomos de carbono ultrafinas em aparelhos eletrônicos experimentais.
Ardi, um Ardipithecus ramidus, foi objeto de 15 anos de estudo minucioso por antropólogos. O esqueleto, encontrado na Etiópia, deu início a uma nova etapa na pesquisa da evolução do homem, segundo os cientistas.
Sendo 1,2 milhão de anos mais velho que "Lucy", até então o fóssil de hominídeo mais antigo já encontrado, Ardi está ajudando a derrubar mitos populares sobre a relação direta entre o ser humano e os símios modernos.
A análise do crânio, dos dentes, da pélvis, das mãos, dos pés e de outros ossos de Ardi mostraram que os símios africanos evoluíram consideravelmente desde o momento em que compartilharam um ancestral comum com os humanos.
"(Ardi) muda a maneira de pensarmos sobre a evolução humana mais antiga", indicou Bruce Alberts, editor da Science.
Entre as outras descobertas destacadas pela revista estão os pulsares, vistos pela primeira vez pelo telescópio Fermi, da Nasa. Um deles foi localizado a 4.600 anos-luz da Terra.
As observações ajudaram a explicar como funciona um pulsar - o centro de uma estrela de nêutrons, caracterizado pela emissão, a intervalos regulares e curtos, de radiação muito intensa -, e como ele contribui para a radiação eletromagnética no universo.
A astrofísica foi fonte de outras dois dos 10 maiores avanços científicos do ano segundo a Science, o que inclui a descoberta de água gelada na Lua pela Nasa.
Em outubro, a agência espacial americana enviou duas sondas para que se chocassem contra a superfície lunar, em uma experiência dramática em busca de água. Uma delas caiu na cratera Cabeus, perto do pólo sul lunar, a 9.000 quilômetros por hora; a outra teve o mesmo destino quatro minutos depois, esta equipada com câmeras e sensores para registrar o impacto e o que resultaria dele.
A Nasa foi especialmente elogiada pela revista científica pelos reparos realizados por astronautas no telescópio espacial Hubble, que desde seu lançamento, em 1990, registra imagens sem precedentes do universo.
Entre os "temas quentes" a serem acompanhados em 2010, a Science menciona o metabolismo das células cancerosas, o sequenciamento do exoma - genes que representam 1% do patrimônio genético, mas que controlam as funções vitais do organismo - e o futuro dos voos tripulados ao espaço.