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Instituto de Nicolelis passa por crise e questionamentos

16 dez 2012 - 08h38
(atualizado às 08h38)
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Após o êxodo de cientistas em julho de 2011 e mesmo contando com larga verba federal, o Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINN) passa por uma crise de produtividade científica ao mesmo tempo em que seu principal nome, o neurocientistas Miguel Nicolelis, é alvo de questionamentos de colegas de renome internacional. Desde que de mais de 90 pesquisadores, técnicos e alunos migraram para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o IINN não publicou trabalhos científicos novos e ainda viu seu índice H (que mede a qualificação científica e acadêmicas com base em publicações e citações) cair para uma média de 3,8, número muito aquém ao defendido como aceitável pelo próprio Nicolelis. As informações são de reportagem desde domingo do jornal O Estado de S. Paulo.

A crise científica do IINN se reflete em questionamentos feitos por pares acadêmicos a Nicolelis. Em sua maioria, os cientistas e pesquisadores ouvidos pela reportagem do jornal reconhecem a excelência da qualificação do neurocientista, mas criticam que o trabalho seja realizado em solo americano. A Associação Alberto Santos Dumont para apoio à Pesquisa (AASDAP), de natureza privada, responsável pela administração do IINN e presidida por Nicolelis, tem garantidos R$ 41 milhões em recursos pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); os críticos, no entanto, ressaltam que o neurocientista, que é titular da universidade americana de Duke, não tem vínculo empregatício com nenhuma instituição de ensino nacional. Ele seria figura pouco presente no próprio IINN, cujas visitas ocorreriam mais por motivos políticos, como fotos ao lado de ministros, do que por razões profissionais. Um dos projetos do IINN visto com ressalvas é a pesquisa Andar de Novo, que estuda as possibilidades da interação cérebro-máquina para superação de deficiências motoras; o projeto receberá R$ 33 milhões do governo federal e planeja fazer com que um paraplégico dê o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, meta considerada tanto prematura como antiética por fontes científicas ouvidas na reportagem. "Nicolelis é um bom cientista, como muitos outros que existem no Brasil ou nos Estados Unidos; nada além disso. O resto é mídia, é propaganda", resume o também neurocientista Ricardo Gattass, da UFRJ.

Fonte: Terra
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